Apesar da proibição, houve queima de fogos barulhentos em Foz do Iguaçu no Natal, repetindo o que já ocorrera em recentes finais de torneios de futebol. A soltura do material com estampido afeta pessoas e animais, alertam especialistas e entidades, preocupação que volta à tona na virada de ano, nesta quarta-feira, 31.
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Ante a insistência de muitos em desrespeitar a lei e a fiscalização insuficiente, famílias, profissionais da saúde e defensores da causa animal ficam em estado de alerta. “Uma vez que o uso desse tipo de artefato envolve riscos graves, especialmente para animais, idosos, crianças neurodivergentes e pacientes hospitalizados”, enfatiza a Agência Brasil (ABr).
A poluição sonora dos fogos de artifício com estampido causa irritabilidade, distúrbios do sono, doenças metabólicas, cardiovasculares e digestivas. Impacta idosos e pacientes internados, e em pessoas autistas pode desencadear crise sensorial (veja abaixo).
Proibidos em Foz
A queima, soltura ou manuseio de fogos de artifício com ruídos (estampidos) são proibidos por lei em Foz do Iguaçu. Todo cidadão pode fazer denúncias de forma anônima, pelo aplicativo eOuve, da prefeitura, ou pelo telefone 156.
Casos de descumprimento da norma podem acarretar multas que variam de R$ 117,28 a R$ 5.864 (1 a 50 UFFIs) para pessoas físicas, podendo chegar a até R$ 58.640 (500 UFFIs) em caso de empresas, valores referenciais de 2025. Ao fazer a denúncia, é importante adicionar fotos ou vídeos da infração.
O problema é a disfunção da lei em relação à estrutura do município para garantir a sua aplicação efetiva. As críticas dos moradores englobam falta de fiscalização e de condições das equipes para comparecer aos locais denunciados. Outra situação é a contradição entre venda do produto com sua proibição de uso.
Fogos barulhentos
Uma dica para pessoas com muita sensibilidade auditiva é antecipar-se. “Uma possibilidade é o uso de fones de ouvido com cancelamento de ruído ou de tampões intra-auriculares, que podem ser úteis para reduzir o impacto dos estalidos sonoros dos fogos”, indica a ABr.
Em cães e gatos, animais que têm audição mais aguçada, o barulho pode gerar estresse extremo e comportamento de fuga. Isso porque os pets, incluindo as aves, entendem o barulho como ameaça. Assim, em desespero, podem jogar-se de janelas ou correr para as ruas e ser atropelados.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária recomenda aos tutores permanecerem próximos de seus animais durante as comemorações, reitera a agência de informação do governo federal. Esse gesto pode oferecer segurança aos bichinhos. Além disso, é recomendado:
- manter os animais em ambiente fechado e silencioso que abafe o ruído dos fogos;
- usar brinquedos e atividades relaxantes para distrair os pets;
- adotar a contenção, o uso de faixas de compressão ou “roupas calmantes”, que dão uma sensação de segurança ao animal.
Pessoa autista
Fogos barulhentos causam impactos significativos à saúde de pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), alertam especialistas ouvidos em reportagem da Agência Brasil. Com maior sensibilidade auditiva, o ruído pode desencadear crises sensoriais prolongadas.
O alerta é do neuropediatra e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Anderson Nitsche. “O barulho intenso causa uma perturbação que pode gerar ansiedade, sofrimento e até insônia por vários dias”, explica. Durante essas crises, o estímulo sonoro excessivo pode acionar alterações de comportamento, como agitação, tentativa de fuga do ambiente e até agressividade contra si ou contra outras pessoas.
A neurologista Vanessa Rizelio, do Instituto de Neurologia de Curitiba (INC), frisa que o cérebro da pessoa com TEA não processa o ruído como celebração. “É interpretado como algo negativo, gerando desconforto, irritabilidade e prejuízo ao sono, que pode se estender ao dia seguinte”, afirma.
(Com informações da Agência Brasil)


