Receita Federal em Foz começa a destruir R$ 2,5 milhões em bebidas de contrabando

Vinhos e espumantes foram trazidos de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, onde estavam em depósito da Receita que precisa ser esvaziado.

Apoie! Siga-nos no Google News

Vendo algumas (boas) marcas de vinhos argentinos apreendidos, que estão agora sendo destruídos na Receita Federal, em Foz do Iguaçu, dá até vontade de exclamar: “Que dó!” Mas lei é lei.

E tem mais: as bebidas serão transformadas em álcool em gel, por meio de um acordo de cooperação entre a Receita e a Associação Brasileira de Bebidas; e os resíduos, como o papelão das embalagens e os vasilhames (que serão quebrados), serão entregues à Cooperativa de Catadores de Foz, para venda como material reciclável.

Não é pouca coisa: as 20 mil garrafas de bebidas, avaliadas em R$ 2,5 milhões, vieram dos depósitos da Receita Federal de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, que está precisando liberar espaço.

Quem conhece um pouco de vinho sabe que aí tem marcas que custam, no Brasil, bem mais de R$ 150 por garrafa. Foto RF

A viagem foi de manhã, formada por um comboio de 5 caminhões, 1 micro-ônibus e um automóvel, todos carregados com vinhos e espumantes apreendidos pela Receita Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Policia Militar de Santa Catarina e outros órgãos de segurança na região de Dionísio Cerqueira, que faz fronteira com a Argentina.

Antes de a gente ficar com pena da destruição do “precioso líquido”, que já foi iniciada, vejamos o que diz o delegado da Receita Federal em Dionísio Cerqueira, o auditor-fiscal Mark Tollemache.

“O descaminho de bebidas, além da evasão de impostos, é uma atividade altamente lucrativa praticada por grandes quadrilhas”.

Para garantir a passagem das bebidas ao Brasil e sua distribuição, “essas quadrilhas praticam uma série de ilícitos, como roubo, furto, adulteração de veículos, corrupção de menores, falsidade ideológica e outras fraudes”, diz ainda o delegado.

Para o consumidor, há outros riscos. Mark Tollemache lembra que as bebidas não têm controle sanitário, são armazenadas de forma inadequada e há registro de que muitos desses produtos são falsificados.

Delegado diz que grandes quadrilhas estão envolvidas no descaminho. Foto RF

Já não dá mais dó, ainda mais que os produtos falsificados são, provavelmente, aqueles mais caros encontrados no mercado formal e legal.

ÁLCOOL GEL

A Associação Brasileira de Bebidas – Abrabe, por meio de um acordo de cooperação com a Receita Federal do Brasil, custeará a destruição dessas bebidas. O procedimento consiste no desenvase das garrafas e acondicionamento do líquido misturado em bombonas, que são encaminhadas às universidades parceiras para produção de álcool gel.

Que não dá pra beber, mas é hoje um elemento precioso na luta contra o novo coronavírus.

EM NÚMEROS

Em 2020, na 9ª região fiscal da Receita Federal (Paraná e Santa Catarina), foram apreendidas 143.806 garrafas de vinhos e espumantes que entraram ilegalmente no Brasil, provenientes principalmente da Argentina. O número é 3,4 vezes maior do que as apreensões de 2019, de 42.463 litros.

Em valores, a apreensão de 2020 também superou muito a do ano anterior: no ano passado, foram estimadas em R$ 13,3 milhões, ante R$ 2,4 milhões em 2019.

LEIA TAMBÉM

Comentários estão fechados.