Ataque de onças deixa 172 flamingos mortos no Parque das Aves

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Uma onça-pintada acompanhada do filhote invadiu o Parque das Aves, por volta da meia-noite de hoje, e provocou a morte de 172 dos 176 flamingos da reserva. Segundo biólogos, a fêmea ensinava o filhote a caçar. O parque foi fechado para a visitação e deve ser reaberto na próxima sexta-feira.

Câmeras de monitoramento flagraram o momento da entrada da onça e do filhote no parque. Luciana Leite, diretora de Engajamento e Sustentabilidade do Parque das Aves, esclarece que nem todas as aves morreram em decorrência do ataque das onças. Em flamingos e outros tipos de aves existe um fenômeno chamado de miopatia de captura, no qual os animais, diante da presença de um predador ou de uma situação de estresse, morrem por parada cardíaca. A equipe de veterinários do parque está fazendo autópsia para averiguar a causa da morte de cada animal.

Os flamingos mortos são fruto da evolução de um grupo de 16 aves que chegaram em 1995 ao Parque das Aves. As aves foram resgatadas em uma salina situada entre a África do Sul e Botswana. Eram filhotes que acabaram abandonados pelos pais que migraram para fugir de uma seca extrema na região. O resgate foi feito pelo Umgeni River Bird Park que posteriormente encaminhou os filhotes para instituições de conservação.

Em 2001, foi registrado o nascimento do primeiro filhote de flamingo no parque. Pela beleza e delicadeza, as aves são uma das que mais chamam a atenção dos visitantes.

Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves, diz que por medida de segurança já são utilizadas no parque luzes pulsantes, para manter os felinos afastados, além do monitoramento com câmeras. O parque também é protegido por cercas.  Para ela, não havia razões para acreditar que um evento como esse poderia ocorrer.

Yara Barros, coordenadora-executiva do Projeto Onças do Iguaçu, diz que está sendo feito um trabalho junto com o Parque das Aves para reforçar as medidas de segurança que já existiam e fazer um monitoramento de longo prazo. Em nota, o Projeto Onças do Iguaçu informou que o Parque das Aves é cercado e monitorado por funcionários, e que nunca ocorreu um ataque como esse em 27 anos de existência do atrativo. “Em grandes felinos, é comum que a fêmea ensine os seus filhotes a caçar, antes que se tornem completamente independentes”, afirma.

A onça adulta, Indira, e o filhote, Aritana, de 1 ano, fazem parte de um plantel de 28 animais que circulam no Parque Nacional do Iguaçu. O levantamento foi feito durante um censo realizado em 2018. 

Diante de questionamentos que começaram a surgir após a divulgação da notícia, os responsáveis pelo Projeto Onças do Iguaçu esclarecem que não há perigo em visitar o Parque Nacional do Iguaçu em razão da presença de onças. Ao notar a presença de pessoas, os animais tendem a se afastar e buscar refúgio na mata.

Os responsáveis pelo projeto ainda dizem que a quantidade de onças no parque – ou seja, 28 indivíduos que circulam em uma área de 185 mil hectares – é considerada pequena. Em toda a Mata Atlântica há apenas 250 onças. A espécie quase se extinguiu em 1990, quando teve início um trabalho para recuperação do plantel.

Em razão do incidente, oParque das Aves decretou luto de três dias. A fundadora do Parque das Aves, Anna Croukamp diz que a preocupação agora é acolher os colaboradores. “A nossa equipe está em luto. A nossa maior preocupação neste momento é acolher os nossos colaboradores, muito fragilizados por tudo que aconteceu. É uma cicatriz na história do Parque das Aves. Estamos tristes, mas também confiantes que daqui pra frente nos reergueremos, como fizemos outras vezes”.

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