Conservação, comunidade e novos atrativos: veja as prioridades da chefe do Parque Nacional do Iguaçu

Cibele Munhoz falou sobre o desenvolvimento socioambiental e como firmar o Iguaçu como um dos melhores parques do mundo.

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H2FOZ – Paulo Bogler 

Nova chefe do Parque Nacional do Iguaçu (PNI), Cibele Munhoz quer unir forças sociais e firmar o reconhecimento que a unidade de conservação dispõe para tornar o “Iguaçu um dos melhores do mundo, em todos os sentidos”. Essa sua afirmação foi em entrevista, das primeiras após ser nomeada, ao programa Marco Zero, do H2FOZ com a Rádio Clube FM.

Assista à entrevista:

Antes, o começo. A servidora de carreira do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foi empossada no cargo nessa sexta-feira, 11, por portaria do órgão. Ela é graduada em Engenharia Florestal, mestre em Ecologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e atuava como gestora de uso público do PNI.

O Marco Zero é um programa conjunto produzido pelo H2FOZ e Rádio Clube FM. Entrevista, opinião, enquete, entretenimento, esporte, cultura e agenda. Todo sábado, das 10h às 12h. Participe do grupo no Whatsapp para receber as novidades.  https://bit.ly/3ws5NT0

Em sua administração, Cibele pretende dar continuidade e amplificar projetos e ações que vêm sendo desenvolvidos no Parque Nacional do Iguaçu. Entre os exemplos citados estão iniciativas de manejo, conservação e pesquisa, bem como de relação com a comunidade dos 14 municípios lindeiros.

Ele sublinhou a importância da visitação pública do PNI, uma das unidades ambientais públicas brasileiras que mais recebem pessoas. “Os nossos visitantes são o que temos de grande ativo também, pois são quem dá o apoio para todo o restante”, explicou, referindo-se a ações mantidas pelo ICMBio em outros parques.

Entre os desafios de futuro, falou sobre um “novo parque”. Esse marco incluiu a diversificação dos atrativos, novas experiências de visitação e modernização da unidade de conservação, o que abrange as trilhas que serpenteiam pelas exuberâncias das matas que abrigam as Cataratas do Iguaçu, uma das sete maravilhas naturais reconhecidas pelo mundo.

No contexto do novo edital de concessão governo federal para o PNI, Patrimônio da Humanidade, Cibele Munhoz afirmou que o Iguaçu continuará sendo público. “Vai ter mudança no sentido do que as pessoas têm pedido, que é a melhoria do parque, mas não no sistema de gestão. O parque continua sendo público”, garantiu.

Primeira mulher como chefe

“É muito importante, para mim, ter sido a primeira”, sintetizou Cibele Munhoz sobre ser a única mulher a chefiar a unidade de conservação em oito décadas de existência do parque. “Pretendo ter um olhar carinhoso com as pessoas que estão mais próximas, as pessoas das cidades da região, e ter um cuidado com as parcerias”, disse.

“Ninguém trabalha sozinho. No Parque Nacional do Iguaçu somos exemplo exitoso disso, pois temos concessionárias, ONGs, trade turístico, empresas e prefeituras como parceiras”, enfatizou. “Uma coisa que me é muito cara é a questão das parceiras”, asseverou Cibele.

Parque abriga as Cataratas do Iguaçu, maravilhas mundiais da natureza – Foto: Marcos Labanca

Comunidade e conselho do parque

De acordo com a chefe do Parque Nacional do Iguaçu, algumas ações precisam ganhar “escala”, como a aproximação com as populações locais, do entorno da unidade de conservação. Ela prevê atrativos com perfil diferente dos direcionados para o visitante em Foz do Iguaçu, mais turístico, utilizando potenciais de outras localidades.

Cibele avalia a ciclovia em construção, que vai de Foz do Iguaçu a Cascavel, como um meio para essa integração. Do outro lado do parque, a intenção é valorizar as potencialidades do Rio Iguaçu. “E tem toda a questão de relacionamento para fazer as pessoas mais envolvidas em toda essa cadeia de pesquisa, conservação e visitação”, expôs.

A gestora quer avançar na relação com os produtores do território. “A gente tem a chance de potencializar a inserção das cadeias produtivas dessas populações [lindeiras] no nosso cotidiano mais significativo e incorporar produtos locais na nossa cadeia da visitação, valorizar os produtos das pessoas que moram no entorno. O parque pode ser um valor agregado a esse ecossistema que existe ao redor, e o protegendo também”, refletiu.

Principal instância de participação da comunidade, o Conselho Consultivo do Parque Nacional do Iguaçu (Conparni), efetivado em 2010, deverá ser reativado no próximo ano, informou Cibele Amato. “É um conselho bem significativo, com diversos segmentos, e vai voltar com força total, após questões estruturais e burocráticas que estão sendo resolvidas em âmbito nacional.”

Concessão

Na entrevista ao H2FOZ e à Rádio Clube FM, Cibele disse que o governo federal, tendo à frente o Ministério do Meio Ambiente, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Secretaria de Desestatização, elabora um novo projeto de concessão, que inclui o Parque Nacional do Iguaçu. Ele afirmou que a gestão da unidade seguirá igual.

“Vai ter muita mudança, sim, mas no sentido do que as pessoas têm pedido, que é a melhoria do parque, mas não no sistema de gestão”, ponderou. “O parque continua sendo público, a prestação dos serviços é que é concessionada. Isso é uma forma de parceria entre o serviço público e a iniciativa privada para viabilizar a entrega de melhores serviços”, posicionou-se.

Parque Nacional do Iguaçu, na região de Serranópolis: unidade abrange 14 municípios – Foto: Marcos Labanca

Diversificação dos passeios

Preferindo não antecipar quais serão, a chefe do PNI mencionou que serão criados novos passeios. “Precisamos aumentar o número de atrativos, o visitante e o local demandam isso”, frisou Cibele. “A ideia é que a gente tenha muita coisa para fazer no parque para as pessoas que tiverem vontade de ficar mais tempo, vir mais dias”, anotou.

Melhorias estruturantes e novo conceito

Ao programa Marco Zero, Cibele Munhoz explicou que a melhoria da Trilha das Cataratas do Iguaçu está em estudo. Também estão sendo pensados outros modais de transporte de turistas. “A consultoria está verificando se a gente tem outras possibilidades de transporte e a necessidade de aderirmos a essa tendência mundial do transporte ativo, de bicicleta ou caminhada”, relatou.

Com a pandemia de novo coronavírus, a equipe do Parque Nacional do Iguaçu detectou que as pessoas sentem, cada vez mais, a necessidade de contato e interação com o ambiente natural. “Temos percebido isso muito. As pessoas, muitas vezes, não querem ônibus, mas andar perto das árvores, com a possibilidade de ver um animal no caminho, ficar um pouco mais silenciadas.”

Ciclovia dentro do parque

Sobre a ciclovia dentro da unidade de conservação, Cibele Munhoz comentou que ficou demonstrado que as pessoas adoram esse passeio, porém que a via precisa de melhorias. “Foi testada e não funcionou da maneira mais adequada, o que já tínhamos detectado. A ideia é que ela entre em todo o projeto de se repensar o novo parque”, destacou.

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