Rio seca. E já começa o replay da paisagem de abril de 2020

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Segundo o Boletim Hidrológico da Itaipu, a cota do Rio Paraná na Ponte da Amizade está em 92,04 metros acima do mar, na manhã deste domingo (13).

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Muito baixa. A vazão com que nos acostumamos é acima de 105 metros acima do nível do mar.

Pior: não há chuva à vista. Nem a prazo médio. Até o final de agosto, seca garantida em toda a bacia do Rio Paraná.

Muda a paisagem, aqui em Foz do Iguaçu, principalmente na fronteira com o Paraguai, onde a ilha Acaray ficou exposta.

Mas é pior águas abaixo, onde a vazão do Rio Paraná prejudica a navegação no Paraguai e Argentina. E também a pesca.

O Paranazão, que por enquanto não faz jus ao apelido, sequer tem ajuda de seus afluentes.

RIOS IGUAÇU E PARAGUAI

O Rio Iguaçu, principal afluente no Estado, está com afluência nas Cataratas de apenas 383 metros cúbicos por segundo, neste domingo, 13. Um quinto da vazão normal.

O Rio Paraguai, maior afluente do Rio Paraná, também é vítima da seca, começando no trecho brasileiro.

Em Cáceres, no Mato Grosso, o Rio Paraguai estava, há quatro dias, na cota 1,08 metro, a menor desde 1965.

Em Assunção, no Paraguai, o pior da seca do Rio Paraguai ainda está por vir.

O nível do rio está em 60 cm, ainda longe do 0,54 metro negativo registrado em 2020. A previsão é que o fenômeno se repita nos próximos meses, informa o jornal ABC Color.

Rio Paraná seco, afluentes idem. E os indicadores na Argentina assustam.

Em vídeo feito em abril de 2020, Marcos Labanca captou a extensão da seca do Paranazão, nas imediações da Ponte da Amizade. Muitos curiosos andaram por onde passava a água, em tempos normais.

A 620 KM DA PONTE

Em Corrientes, capital da província argentina do mesmo nome, o Paraná mantém a tendência de queda.

Na sexta-feira, 11, atingiu 1,98 metro abaixo do limite de períodos de seca (2,30 metros), segundo o portal El Territorio.

Corrientes fica a mais de 620 km da Ponte da Amizade, onde o rio dá os primeiros sinais da seca, depois de as águas do reservatório gerarem energia em Itaipu.

O Instituto Nacional de Água da Argentina informou que a tendência climática até 31 de agosto continua desfavorável.

“Há baixa probabilidade de uma franca recuperação nos próximos meses”, dizem os técnicos, conforme El Territorio.

A cidade de Corrientes fica a menos de 30 km da Ilha de Cerrito, onde o Rio Paraná recebe as águas do Rio Paraguai e passa a correr exclusivamente em território argentino, até formar o Rio da Prata.

Ainda segundo os técnicos do Instituto Nacional de Água, “os valores de vazão atuais e os esperados são muito inferiores aos normais, e podem aproximar-se dos mínimos históricos”.

LONGE DA MÉDIA DO MÊS

Pra dar mais uma ideia da situação, em La Paz, também na Argentina, o Rio Paraná está na altura de 64 centímetros, 1,14 metro abaixo do que estava no início do mês.

Isso é muito inferior à altura normal, de 3,20 metros, nos períodos de estiagem. A previsão do instituto é que a altura caia ate 50 centímetros, quando a média histórica, em junho, é de 2,22 metros.

Por causa dessa baixa vazão, há embarcações encalhadas no barro, apareceram numerosos bancos de areia, surgiram no barro âncoras antigas, grandes peixes ficaram presos em bancos de areia e os municípios têm que se virar pra manter o serviço de água em diferentes localidades da província de Entre Rios.

PESCA EM CRISE

Aqui, aparentemente só a paisagem é que muda. Mas a vida no rio pode estar sendo seriamente prejudicada. Foto Marcos Labanca

Esta é a tradução de um trecho de descrição dos problemas feitos por El Território.

Para os pescadores e comerciantes de pescados, a seca é trágica. Caiu fortemente o produto da pesca, bem como as vendas.

Não é só a paisagem que muda. É a vida de milhares de pessoas que é afetada.

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