As crianças e aquelas que perdem a infância nas guerras

As crianças são as principais vítimas das guerras promovidas por aqueles que dizem lutar por um mundo melhor.

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Aida Franco de Lima – OPINIÃO

O último 12 de outubro foi bastante esperado por uma boa parcela da população brasileira, os pequenos, porque comemoraram o Dia das Crianças e é uma data aguardada com ansiedade. Muitos não ganharam brinquedos, outros ganharam além da conta. Para os comerciantes, uma data importantíssima para aquecer a economia. Aos devotos de Nossa Senhora Aparecida, dia de pedir e agradecer as graças alcançadas. E outra parcela, um feriadão prolongado que merece ser comemorado.

Muitas prefeituras e entidades assistenciais se organizam para que naquele dia o máximo de crianças tenha bastante diversão, com brincadeiras e guloseimas, em eventos comunitários. Em Cianorte, um grupo de voluntários se fantasiou de heróis e personagens de contos de fadas e fez a alegria de crianças e adultos. Foi uma festa!

O grupo de voluntários, em torno de 20 pessoas, entre homens, mulheres e crianças, sob um sol forte, com fantasias quentes, maquiagem derretendo, de cedo até por volta das 14 horas, não arredou pé da carroceria de um caminhão. Muita música, balões! Era uma festa para os olhos observar as crianças brotando de todos os cantos em busca dos pacotinhos de doces, que pegavam no ar ou mesmo no chão.

Foi lindo de ver a farra, o barulho, a agitação que as crianças e adultos faziam em busca de doces. Quem passava perto ganhava! Ciclistas, motociclistas, motoristas, todos saíam com sorriso de orelha a orelha, felizes porque conquistaram uns docinhos. Eu via mães correndo com os filhos no colo ou de mãos dadas rumo ao caminhão que espalhava felicidade pelas ruas.

Mas, em contraste a esse cenário de alegria, do outro lado do mundo, entre Israel e a Faixa de Gaza, as crianças corriam de bombas, dos estilhaços que impregnavam seus corpos e levavam a vida delas. No Oriente Médio, onde é tido como Terra Santa, as crianças correm de desespero e a barbárie toma conta.

Como pode, em pleno 2023, quando os empresários e startups promovem viagens espaciais, colonizam o espaço virtual, termos civis sendo bombardeados porque aqueles que se dizem seus representantes e disputam territórios? E como pode, nós, que estamos longe fisicamente dessa guerra, depararmo-nos com grupos que justificam os ataques em que as principais vítimas são inocentes?

Estamos vendo pelos canais de TV a transmissão ao vivo dos bombardeios e as cenas que nenhum filme de guerra seria capaz de mostrar. O nosso governo retirando cidadãos brasileiros das áreas afetadas, enquanto milhões de pessoas são obrigadas a sair de suas casas rumo a lugar desconhecido, antes que retomem os bombardeios por terra.

Nenhuma criança merece viver esse pesadelo. E elas estão lá, presenciando tudo, pagando com a própria vida por estarem em meio a um espetáculo tão cruel. Temos inúmeros problemas sociais em nosso imenso Brasil. Queimadas e seca na Amazônia, enchentes no Sul, a violência dos tiros que encontram inocentes, principalmente no Rio, como já tratei aqui, e as brigas partidárias. Mas não há comparação com o que está ocorrendo no Oriente Médio.

A criança andou pela calçada entretida com os doces e carregava os balões, como se fosse parte de sua roupa. Até que atravessou a rua e foi para sua casa. Outras, do outro lado do mundo, não têm mais casas e nem as próprias vidas. Foto: Aida Franco de Lima

Hoje pela manhã, vi uma cena que me chamou atenção. Era uma criança, que provavelmente havia saído de uma festa, ainda em comemoração ao dia dela. Estava andando pela calçada, sozinha, comendo um doce e carregando balões coloridos. Pensei nas crianças do outro lado do mundo, com seus países em guerra. Inclusive naquelas que a mídia não fala mais, como as ucranianas e tantas outras.

Quando é que as crianças vão ser alvo somente de balões coloridos e balas de doce lançadas em sua direção? Quando é que os pais vão sair correndo com os filhos nos braços apenas para alcançar o caminhão com doces, e não em busca de uma ambulância ou carro para fuga?


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1 comentário
  1. Bruno Diz

    Pra mim tem comparação sim, enquanto em locais como a Palestina existem grupos terroristas como o Hamas em que as crianças crescem achando que o comportamento terrorista é normal, no Brasil nós temos as atividades criminosas com facções que dominam favelas, por exemplo, e muitas crianças crescem admirando o comportamento criminoso e desejando se tornar um. O terrorista do Hamas que bombardeia, estupra, sequestra, tortura ou degola pessoas e depois se esconde em meio da população palestina é a mesma coisa que traficantes cometendo crimes e se escondendo da polícia no meio da comunidade, isso quando não utilizam os próprios filhos como escudo. Depois aparecem pseudo-jornalistas fazendo da imagem dos judeus e policiais como os vilões.

Comentários estão fechados.