Nova frente fria traz mais chuvas ao Paraná. Mas situação dos rios piorou

As chuvas na semana, que em Foz foram bastante significativas, foram insuficientes para melhorar o nível dos rios.

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As chuvas na semana, que em Foz foram bastante significativas, foram insuficientes para melhorar o nível dos rios.

Pra esta sexta-feira, 14, está prevista a entrada de uma nova frente fria no Paraná, com áreas de chuvas e temporais a partir da Argentina e do Paraguai, segundo o Simepar. Chuva intensa, com ventos de moderados a fortes, deve prevalecer ao longo do dia, inicialmente a partir do Oeste e Sudoeste do Estado.

Mas a situação exige um “quanto mais, melhor”. No caso, chuva. As dos últimos sete dias foram insuficientes para melhorar o nível dos rios paranaenses. Muito menos pra aumentar o volume dos reservatórios das hidrelétricas do Estado, que permanecem na penúria.

Aliás, nestes sete dias, quase tudo mudou pra pior. Na quinta-feira da semana passada, dia 7, o mapa das estações telemétricas dos 51 rios paranaenses mostrava 24 triângulos vermelhos (níveis mais baixos que a cota média) e 34 triângulos verdes (situação normal).

Em relação à semana anterior, valeu o título da matéria do H2FOZ: “Efeito das chuvas: mapa com rios do Paraná está cheio de verde”.

Mas, nos últimos sete dias, a situação se inverteu. O levantamento publicado nesta quinta-feira, 14, pelo Instituto Água e Terras, via site Hidroinfoparana, contabiliza 19 pontos verdes, apenas, e 43 vermelhos.

Apesar das chuvas, as bacias dos rios Iguaçu e Paraná, os mais importantes do Estado, perderam quase todo o verde.

O Rio Iguaçu se divide em três bacias: Alto Iguaçu, que começa na Região Metropolitana de Curitiba; Médio Iguaçu, que pra dar uma ideia de onde fica no Estado, é a que inclui a região de Guarapuava; e Baixo Iguaçu (entre Francisco Beltrão e Foz).

Pois bem: na bacia do Alto Iguaçu, nos últimos sete dias, as chuvas variaram entre 5,2 mm e 22 mm, conforme a localidade. É muito pouco.

Na bacia do Médio Iguaçu, choveu mais. A variação foi entre 11,8 mm e 45,2 mm. Mas ainda é pouco.

Na bacia do Baixo Iguaçu, a chuva foi mais expressiva. De acordo com a localidade, o índice pluviométrico ficou entre 34,8 mm e 71,4 mm.

O VAI E VEM DOS TRIÂNGULOS VERMELHOS

Dia 30 de setembro: só em três estações telemétricas o nível do rio estava acima da cota média.
Dia 7 de outubro: em uma semana, com a vinda das chuvas de outubro, o mapa ficou cheio de verde.
Os triângulos vermelhos voltaram a preponderar. Ainda falta muita chuva, principalmente pra recuperar os reservatórios.

USINAS DO IGUAÇU

É nos rios que formam a bacia do Rio Iguaçu que estão as principais hidrelétricas paranaenses, três delas da Copel.

O nível dos reservatórios está tão baixo que as hidrelétricas paralisam a produção por horas seguidas, na tentativa de aumentar o volume das reservas. Mas está difícil.

Como o sistema elétrico brasileiro é interligado, a energia que o Paraná consome atualmente vem, na maior parte, de outras regiões. Em épocas normais, o Estado seria autossuficiente em eletricidade.

O problema é que a situação hídrica é grave também no Sudeste, por exemplo, onde estão as maiores hidrelétricas do País. Por consequência, é preciso usar a energia das usinas térmicas, que já geram um terço do consumo de eletricidade no Brasil.

E vão continuar operando mesmo agora no chamado “período úmido”, em que as chuvas voltam. Porque pra recuperar os reservatórios não bastam as chuvas normais do período, mas bem mais, o que não é provável que aconteça.

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PRODUÇÃO

Se depender das usinas paranaenses, haja térmicas em atividade. A usina de Foz do Areia, a maior do Paraná, gera menos ao longo do dia. E paralisa a produção durante a madrugada. Graças a isso – e às chuvas -, o reservatório estava às 7h desta quinta-feira, 14, com 20% de sua capacidade. Há sete dias, estava com 11,6%.

Na hidrelétrica de Salto Segredo, o volume do reservatório estava com 23,86% da capacidade às 7h desta quinta-feira, quando a usina voltou a operar (tinha ficado quatro horas parada). Às 10h, o volume já tinha caído para 22,98%.

Salto Caxias também paralisa a produção durante a madrugada, por duas ou três horas. O volume útil do reservatório estava em 34,5% às 7h.

Salto Osório estava às 7h com 89,9% de volume no reservatório. Ficou sem gerar por três horas (das 3 às 5h) desta quinta e por quatro horas na quarta.

Salto Santiago: reservatório com 21,2% às 7h. Sem receber água de rio acima, parou a produção das 3 às 6h, repetindo o que já havia feito na terça-feira. Na semana passada, situação semelhante: 20,13% de reserva.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é que autoriza a paralisação ou não do funcionamento das usinas hidrelétricas. Quando o nível está muito baixo, o ONS determina que seja recuperado mediante paradas ou redução na produção, compensada com energia vinda de outras localidades.

PARANAZÃO

Na bela foto de Wagner Assunção, que mostra a Ponte Ayrton Senna, entre Guaíra e Salto del Guairá (Paraguai), pode-se perceber também como o nível do Rio Paraná está baixo. Foto do Facebook

Na bacia do Paraná 3, infelizmente, há só um triângulo verde, na estação telemétrica da pequena central hidrelétrica do Rio São Francisco Verdadeiro. Ali choveu 84,2 mm, o que aumentou o nível de 118 cm na semana passada para os 132 cm desta quinta. Bem acima da cota normal, de 84 cm.

Na estação Novo Três Passos, do Arroio Guaçu, em Mercedes, o nível estava em 174 cm, na semana passada. Com os 93,4 milímetros de chuva registrados na região, subiu para 184 cm, mas ainda não atingiu a cota média, de 230 cm.

E em Guaíra, onde na semana passada o nível do rio estava em 137 cm, bem perto da cota média (140 cm), nesta semana baixou para 126 cm.

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