O vermelho e o verde: sobe e desce das águas dos rios do Paraná

Choveu. E o panorama mudou no Rio Iguaçu. Mas e o Paranazão, teve alguma aleração?

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Choveu. E o panorama mudou no Rio Iguaçu. Mas e o Paranazão, teve alguma alteração?

VÍDEO: O que sabemos sobre nós mesmos? Assista à nova história da série Vidas do Iguaçu.

A bacia do Rio Iguaçu conseguiu colocar quatro triângulos verdes no mapa da hidrometria paranaense.

Em todo o Estado, eram só quatro na semana passada, três na região da Grande Curitiba e outro no Norte do Estado. Um deles ficou vermelho, esta semana.

Mas o Iguaçu e seus afluentes conseguiram emplacar quatro verdes e, com isso, o total paranaense subiu para sete.

QUE QUE É ISSO?

Ah, você não entendeu nada? Claro, parece qualquer coisa de maluco. Mas, olhando os mapas abaixo, com a devida explicação, você vai compreender tudinho.

No primeiro mapa, observe que há dezenas de triângulos vermelhos e apenas quatro verdes, três em Curitiba e outro no Norte.

Das dezenas de pontos de medição, em apenas quatro trechos de rios a cota estava acima da média.

Estes pontos verdes marcam os rios ou trechos de rios em que a cota (altura) das águas está acima da cota média normal. A grande maioria dos 51 rios paranaenses, portanto, está em situação crítica, por falta de chuvas.

Esta foi a situação apontada no levantamento feito na quinta-feira passada, dia 9, com base nos registros das 86 estações telemétricas do Instituto Águas e Terra (IAT), somadas a outras de hidrelétricas.

Agora, veja o mapa a seguir. Ele mostra a situação dos rios paranaenses nesta quinta-feira, dia 16. O levantamento é divulgado pelo IAT no site Hidroinforma toda quinta-feira.

A crise não mudou, praticamente. Mas o Iguaçu fez sua parte.

O que se vê, então, é que uma das estações da região da Grande Curitiba marcadas em verde no mapa anterior mudou de cor. É vermelha, agora.

Pra compensar tanta vermelhidão, o Rio Iguaçu, que antes apresentava só triângulos vermelhos no Sudoeste e Oeste do Estado, está agora com três marcações em verde.

MAIS ÁGUA, COTA MAIOR

Esses pontos ficam na bacia do Baixo Iguaçu. Uma das estações fica na área chamada Porto do Santana, em Porto Barreiro. A cota média é 481 centímetros (ou 4,81 metros), mas agora está em 509 cm.

Na ETA de Francisco Beltrão, a cota está em 311 centímetros (ou 3,11 metros), quando a cota média é 255 cm.

O terceiro triângulo verde está marcado na Ponte do Capanema, onde a cota média é 228 cm e está em 255 cm.

Por fim, o último registro em verde é em Porto Palmeirinha. A cota média, ali, é 78 cm. Está em 83 cm.

Estas mudanças, do vermelho pro verde, têm uma explicação simplória: choveu!

E bastante. Na semana, foram 62 milímetros em Balsa do Santana; 113 mm na estação hidrométrica localizada no corpo de bombeiros de Francisco Beltrão; 86,2 mm na ETA de Francisco Beltrão; 38,9 mm na Ponte do Capanema; e nada menos que 90,7 mm em Porto Capanema.

Além de ser bom para todos os que dependem de suas águas, a melhoria da situação do Rio Iguaçu tem também o mágico efeito de deixar as suas Cataratas ainda mais belas.

Que tal o espetáculo? Mas precisa chover, porque tanta beleza merece atenção constante, não é mesmo, São Pedro? Foto Facebook Cataratas do Iguaçu S.A.

Desde a madrugada de terça-feira, 14, a vazão nas Cataratas do Iguaçu vem aumentando progressivamente, mas com ligeiros altos e baixos de vez em quando.

Às 14h desta quinta-feira, a estação da Copel instalada perto do Hotel Catarata registrava 1.490 metros cúbicos por segundo. Esta é a vazão normal das Cataratas do Iguaçu! Um espetáculo para os olhos, os ouvidos e para todo e qualquer sentido existente.

JÁ NO RIO PARANÁ…

Choveu, dá nisso. O Rio Iguaçu e seus afluentes têm uma capacidade enorme de se recuperar rapidamente, ao contrário do Paranazão, que vai precisar de muita chuva. Mas muita mesmo, e não apenas nos rios que afluem aqui no Paraná, mas em toda a bacia.

Que é grande: abrange seis estados brasileiros e o Distrito Federal. Não é à toa. Considerando sua extensão total, até a foz do Estuário do Rio Prata, o Paraná é o oitavo maior do mundo em extensão e o segundo maior da América do Sul, atrás apenas do Amazonas.

E como está a situação no Paranazão?

Quase na mesma. As quatro estações telemétricas da Bacia do Paraná 3 continuam marcadas com o triângulo vermelho.

Na estação telemétrica de Guaíra, por exemplo, a régua media 100 cm na semana passada; está agora em 111 cm. A cota média é 137 cm.

Na estação Novo Três Passos, a cota média é 230, mas está menos que a metade – 110 cm.

Na pequena central hidrelétrica do Rio São Francisco Verdadeiro, a cota normal é de 118 cm; está em 103 cm.

E no Rio São Francisco Falso, que deságua no reservatório de Itaipu, a cota estava em apenas 6 cm na semana passada. Nesta semana, dobrou para 12 cm. Muito longe da cota média, que é 84 cm.

A gente sabe que é o Rio Paraná pela localização. Mas a aparência… quanta diferença! Foto Marcos Labanca

Águas abaixo de Itaipu, a seca continua deixando seus sinais. A medição feita nesta quinta-feira pela Itaipu Binacional, na Ponte da Amizade, indicou que a cota estava, às 7h, em 95,83 metros acima do nível do mar.

Ao longo do dia, esta cota iria variar, segundo Itaipu, entre 95,85 e 96,28. A cota normal é 105,59 metros acima do nível do mar.

Na sexta e no sábado, a máxima cota prevista é de 97,92 metros; a mínima, de 96,17. Um pouco melhor que nos últimos dias, mas muito distante da normal.

PRODUÇÃO MAIS BAIXA

Em cada turbina de Itaipu podem passar 700 metros cúbicos de água por segundo, pra gerar energia. Total, para as 14 unidades geradoras: 9.800 metros cúbicos por segundo. O reservatório recebe pouco mais da metade desse volume, dependendo do que é liberado pelas usinas águas acima.

O triste é que, com menos água o ano inteiro, como foi em 2020, Itaipu não poderá atingir suas marcas históricas. A consequência já se faz sentir no bolso do brasileiro. Pra substituir o que Itaipu não gera, é preciso usar termelétricas a gás, a carvão, a petróleo… Energia mais cara, suja e poluente. Mas, infelizmente, necessária, para que o Brasil não pare.

As perspectivas para os rios do Sudeste e Centro Oeste brasileiro não são das melhores. A estiagem vai persistir e ninguém arrisca um palpite de quando a situação vai normalizar. Já lá se vão dois anos de estiagem. Quanto tempo mais?

“O 11 e o 7 de setembro na fronteira”
Guarê – Podcast do H2FOZ

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