Precisaria chover acima da média todos os meses, daqui pra frente. Será possível?
Os efeitos de dois anos de estiagem quase contínua não são eliminados com um mês chuvoso, como está sendo outubro deste ano. Chuvoso, mas não acima da média da média histórica, na maioria dos municípios do Paraná.
Quem passou por temporais, viu ruas alagadas, árvores caídas e casas destelhadas, como os moradores de Foz do Iguaçu, ficou com a impressão de que choveu até demais e já não há problema de água.
Ledo engano. O nível dos 51 rios paranaenses, melhorou, na média. Mas o mapa hidrológico do Paraná, preparado pelo Instituto Água e Terras, ainda mostra que pelo menos um terço das estações telemétricas, que medem o nível dos rios, estão marcadas com triângulo vermelho, o que indica que naqueles pontos a cota está abaixo da média.
Nas usinas da bacia do Rio Iguaçu, os reservatórios estão com volume útil mais próximo do normal. No entanto, pra manter esse volume, as usinas produzem menos ou até paralisam a geração durante várias horas da madrugada, principalmente, o que fazem desde o início do período de chuvas, no começo de outubro.
A maior usina do Iguaçu, Foz do Areia, estava ao meio-dia desta quinta-feira, 28, com 49,82% de volume útil no reservatório. Em agosto e setembro, estava em menos de 20%.
O volume útil do reservatório de Salto Segredo, nesse mesmo horário de hoje, estava com 57,38%. E o de Salto Caxias, com 45,96%.
PARANAZÃO
A situação na bacia dos rios Paraná 3, Paranapanema 3 e Paranapanema 4 também não sofreu grande alteração. Melhor que há dois meses, está. Mas não está normal.
Visualmente, contudo, parece bem a jusante (abaixo) da usina de Itaipu. Na Ponte da Amizade, a cota está em 101 metros acima do nível do mar, nesta quinta. A cota normal vai até 105,50, e já esteve pouco acima de 90 metros. A beleza do rio ressurgiu, com mais água e de cor mais limpa.
Mas a geração em Itaipu já foi afetada e não será normal, este ano, porque o reservatório depende de águas acima, pra que a usina possa produzir mais sem rebaixamento.
LONGE DA NORMALIDADE
Essas e as outras usinas da bacia adotam o mesmo sistema de gerar pouco e parar bastante, única forma de tentar recuperar os reservatórios. Elas seguem determinação do Operador Nacional do Sistema, que, para garantir energia ao Sistema Interligado Nacional, com a redução na geração das hidrelétricas, utiliza a produção das usinas térmicas.
Às 13h16 desta quinta-feira, por exemplo, a curva de carga – isto é, a demanda no momento e o quanto precisou ser gerado – foi de 75.552,9 megawatts. Desse total, as térmicas atenderam com 18.500,1 MW.
A geração hidráulica – Itaipu mais as usinas totalmente brasileiras – responderam por 42,479,4 MW; a geração eólica, por 8.993,1 MW; a solar, por 3.048,8; e a nuclear,por 2.010,5 MW do total. Ainda assim, foi necessário importar da Argentina e Uruguai 564,8 MW.
Esses valores mudam a cada minuto, conforme a maior ou menor necessidade de atendimento do sistema, mas dão uma ideia da importância da geração hidrelétrica e, ao mesmo tempo, da dificuldade que as usinas estão tendo para produzir mais.
A energia térmica, a segunda em volume produzido, custa mais caro. E é isso que aparece na conta de luz. Só a recuperação dos reservatórios e a normalização da geração hidráulica permitiriam retirar os custos extras da conta, mas isso deve acontecer lá pelo final do verão. A não ser que chova muito nos próximos meses, que não está previsto.
ÁGUA EM CURITIBA
Os reservatórios da Sanepar, que atendem Curitiba e região, melhoraram bastante os níveis. O de Passaúna está com 64,54% da capacidade; Piraquara 1, 70,13%, Piraquara 2, 70,60%: e Iraí 48,95%. O Sistema de Abastecimento de Água Integrado de Curitiba ficou com o total de 60,18%, pouco acima do índice registrado na segunda-feira, 25.
Antes de se decidir se ameniza o rodízio de água, a empresa aguarda as projeções climáticas futuras. Mas, para suspender completamente o racionamento, o nível dos reservatórios tem que alcançar, no mínimo, 80%.
Um índice que, no período chuvoso, seria considerado ideal também para os reservatórios das usinas hidrelétricas.
Só com muita chuva.
50 MM NO MÊS?
A confiar na previsão para 30 dias do Sistema Faep, vai chover quase todos os dias, desta sexta até 26 de novembro, em Curitiba, onde estão as nascentes do Rio Iguaçu. Serão 22 dias chuvosos. Mas chuva leve ou moderada, apenas. Somando-se toda esta chuva, representará o total de menos de 50 milímetros. Quase nada.
Em Foz do Iguaçu, no mesmo período, serão 14 dias chuvosos. Mas também chuva leve ou moderada. Menos dias, mas mais volume de chuva: mais de 100 milímetros, na soma total.
O inverso, isto é, mais chuva lá do que em Foz, talvez fosse a situação mais próxima da ideal.
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