Algumas lojas reabrem em Ciudad del Este. Com poucos empregados e muita esperança na volta à normalidade

O mercado interno não é suficiente para manter os custos do comércio, diz a entidade que representa os lojistas. Mas “terão que aguentar”.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

O movimento nas ruas era semelhante ao dos tempos "normais", mas boa parte das lojas de Ciudad del Este não abriu na segunda-feira, 25, apesar de estarem autorizadas a funcionar neste primeiro dia da segunda fase da quarentena inteligente, informa o jornal La Nación.

Muitas grandes lojas abriram, como Cell Shop, Shopping DF, Shopping del Este, Monalisa e Brand For Lee, diz ainda o jornal, mas um dos maiores complexos, o Shopping Paris, permaneceu de portas fechadas.

Assim foi também na Galeria Jebai Center, "uma das velhas estruturas do centro comercial". Todas as lojas estavam fechadas. Havia movimento no interior delas, provavelmente de empregados.

Só 5% dos empregados

O empresário Said Taigen (foto), da Câmara de Comércio e Serviços, acredita que as lojas que abriram estão funcionando com apenas 5% da quantidade de trabalhadores com que contavam antes da emergência sanitária.

Muitas lojas, segundo ele disse ao La Nación, avisaram aos empregados que eles só voltarão a ser chamados depois que for reaberta a fronteira.

“O que acontece é que muitos donos de negócios vivem em Foz do Iguaçu e, agora, não podem vir", disse Taigen, para explicar por que muitas lojas não reabriram.

 

Não cobre os custos

O jornal Última Hora ouviu Jorbel Griebeler (foto), diretor da Câmara de Comércio e Serviços, para quem o mercado interno não será suficiente para cobrir os custos dos comerciantes. A intenção é aguentar até que haja condições de segurança sanitária para receber de volta os compradores brasileiros e argentinos.

"É lamentável o nível de desemprego que estamos tendo, porque as empresas já não podem sustentar-se", disse Griebeler.

Ele deu como exemplo sua própria loja. Ali trabalhavam 680 empregados, mas ele viu-se obrigado a despedir mais de 400. Os que sobraram estão trabalhando em turnos, de forma intercalada, situação que se repete em outras lojas.

"Hoje, não acredito que (na minha loja) estejam trabalhando mais que 60", disse. "Temos que reinventar-nos para seguir com os comércios abertos, esperando o momento em que se encontre uma solução para este vírus e voltemos ao que era antes. É um momento de muita paciência e tratando de ajudar nossos irmãos da melhor maneira", disse ainda o empresário.

Estoque cheio e promoções

Movimento nas ruas, mas poucas compras, diz o site HotCDE, que publicou esta foto.

“Estamos a full, tratando de promoções. Estamos com excesso de estoque, porque todos acreditávamos que iríamos ter um 2020 espetacular e aconteceu isto que nos complicou a todos. De alguma maneira temos que sair disto", acrescentou.

Griebeler afirmou que concorda com as ações do governo para conter a pandemia, porque "hoje o Paraguai mostra tranquilidade com relação a outras regiões".

"As pessoas se sentem mais seguras no Paraguai. A maioria dos casos confirmados é de pessoas que vieram do Brasil e estão cumprindo quarentena, por isso nao representam risco", explicou.

Ações do governo "foram corretas"

Ele reforçou dizendo que, neste aspecto, as ações tomadas pelo presidente Mario Abdo Benítez e pelo ministro da Saúde, Julio  Mazzoleni, foram as corretas. “Eu os felicito por isso, e é por isso que precisamos ter paciência, temos que aguentar e ver o que vai acontecer."

Mas Griebeler também deixa claro que apenas as vendas ao mercado interno não vão cobrir os custos das lojas.

"É impossível, mas vamos tratar de aguentar. Porque vivo aqui, tenho minha família aqui, meus filhos estudam aqui. Não quero ir embora e vou tratar de aguentar para que, quando abrir a fronteira, possamos seguir trabalhando", completou o empresário.

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