Hidrovia do Paraguai está paralisada. Rios Paraguai e Paraná impedem navegação

O Paraguai tem muitos grãos pra exportar, mas terá que contar com rodovias, até a situação normalizar.

Apoie! Siga-nos no Google News

H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

O jornal ABC Color publica nesta quarta, 2, a notícia de que a baixa dos rios Paraná e Paraguai está "complicando muito" a exportação de grãos do Paraguai, justamente num ano de boa produção, com 10 milhões de toneladas.

O transporte por hidrovia, que é o principal meio de exportação da produção paraguaia, está totalmente paralisado, segundo o presidente da Câmara Paraguaia de Exportadores de Cereais e Oleaginosas, José Berea.

Wilson Sedy Hofbauer, representante da Cooperativa Colonias Unidas, disse que este é "o ano mais complicado para o país".

Ele lembra que, embora a produção de soja tenha sido excelente, os preços atuais no mercado externo são baixos e, ainda por cima, a logística de envios da produção está prejudicada pelos níveis de água do Rio Paraná, "onde é impossível navegar". Segundo ele, "enquanto isto não melhorar, o ingresso de divisas ao país será nulo".

A exportação só poderá ser feita, pelo menos enquanto durar a estiagem, por via rodoviária. Felizmente para os produtores e exportadores, os sindicatos de transporte terrestres de grãos voltaram atrás na ameaça de paralisação.

A exigência dos caminhoneiros era que portos e silos atendessem os protocolos sanitários, o que foi atendido.

Queda histórica

Dá para ver o leito do Rio Paraná em toda a extensão. Foto do Facebook de Wilson Sedy Hofbauer

O portal El Territorio, de Misiones (Argentina), informa que o Rio Paraná já superou o registro histórico do ano passado, quando em junho atingiu o nível de 0,45 metro. Ao longo de segunda-feira, 30, o hidrômetro continuou em baixa e chegou a marcar apenas 0,30 metro pela manhã, subindo para 0,34 metro à tarde.

Na Ponte da Amizade, a estação hidrométrica de Itaipu mostra que, às 7h desta quarta, 1, a cota do Rio Paraná está em 95,56 metros, que é considerada normal, embora a faixa de normalidade vá até 105,59 metros.

Para esta quarta, ainda, a cota deve variar entre 95,12 e 96,36. Na quinta, uma ligeira queda para a mínima de 94,97 e máxima de 96,16. O Boletim Hidrológico de Itaipu é atualizado diariamente.

Afluentes

O problema do Rio Paraná, quando chega ao território argentino, é que seus dois principais afluentes, o Iguaçu e o Paraguai, também estão com níveis baixos. Nas Cataratas do Iguaçu, a vazão continua nesta quarta em 184,7 metros cúbicos por segundo, cinco vezes menor que a normal, segundo o monitoramento hidrológico feito pela Copel.

No Rio Paraguai, que em fevereiro estava no nível de 2 metros, na região de Assunção, agora beira apenas os 40 centímetros. A expectativa é de ligeiro aumento com a chuva prevista para esta quinta-feira, 2, na região da capital paraguaia.

Os peixes voltaram

Os peixes saltam à superfície, tranquilos. Captura de vídeo do El Territorio.

Mas sempre tem um lado positivo em toda situação trágica. No domingo passado, segundo El Territorio, as margens do Rio Paraná, na altura de Ituzaingó, província de Corrientes, "os peixes voltaram até perto da prainha do rio".

Os motivos vão desde a própria estiagem, que naquele dia chegou a um pico muito baixo, até a quarentena provocada pelo novoc coronavírus, que deixou a região tranquila, livre de pescadores e turistas.

"Foi um espetáculo único para os poucos que puderam apreciá-lo", diz El Territorio.

Um morador contou que dá pra ver perfeitamente quando os peixes saltam da água. E "são vários e de grande porte", disse.

LEIA TAMBÉM

Comentários estão fechados.