Há farinha branca de milho, queijo de lida, diablitos e muito mais. É o sabor da Venezuela por todos os lados em um pedacinho da Vila Borges, em Foz do Iguaçu.
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Trata-se do mercadinho Tus Harinas, uma venda de bairro que se tornou um ponto de encontro de muitos imigrantes latino-americanos.
O simpático e curioso armazém é da venezuelana Meilin Ojeda. Com apenas 25 anos, ela decidiu ganhar a vida comercializando produtos típicos da Venezuela que não são encontrados nos supermercados locais.
Tudo começou quando Meilin teve a ideia de vender a farinha branca e amarela Pan, ingrediente típico da culinária do seu país.
A farinha é usada para fazer a arepa, uma espécie de tapioca, iguaria que não pode faltar no café da manhã ou jantar de muitos venezuelanos e colombianos. A massa pode ser recheada com carne, frango ou queijo, ao gosto de quem come.

Pensando na vontade que dá de saborear os pratos da terra natal, ela vendeu por dois anos os produtos em sistema de delivery com ajuda do marido.
Depois, resolveu abrir as portas do mercadinho — que tem pelo menos 70 variedades de produtos e a bandeira da Venezuela como marca do ambiente. “Um dia estava em casa e chegaram várias pessoas procurando a farinha. É um produto típico, um símbolo para nós”, conta.
Variedade de sabores
O mercadinho é o primeiro com produtos venezuelanos em Foz. Além das farinhas, tem cerveja, refrigerante, chocolate, sucos, leite em pó, bolachas e aguardentes.
As mercadorias são diferenciadas. Um dos tipos de queijo é duro e salgado, diz Meilin. Outro, chamado telita, dá para desfiar.
O diablitos é um patê; maltin polar, um refrigerante também adorado pelos cubanos. Já o pirulin, um biscoito de canudo recheado com chocolate, é tão bom que já caiu no gosto dos brasileiros.

Uma das clientes do estabelecimento é a cabeleireira Cláudia Espósito, 44 anos. Venezuela que está em Foz há seis anos, ela relata sentir falta dos produtos vendidos no seu país. “Os brasileiros comem pão todas as manhãs, e os venezuelanos comem arepa”, diz.
A vendinha também é frequentada por muitos paraguaios e argentinos. Os argentinos, segundo Meilin, costumam comprar os produtos e vender para os próprios venezuelanos que moram lá.

Cidade dos imigrantes
De acordo com fontes como o Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra), o 1.º Relatório Yglota de Nacionalidades e Etnias da Região Trinacional revela que Foz registrou, entre 2010 e 2022, a entrada de cerca de 15 mil imigrantes (14.574).
Esses imigrantes representam 95 nacionalidades. Os paraguaios lideram a lista, seguidos pelos venezuelanos.
Paraguai — 7.254
Venezuela — 1.668
Argentina — 1.224
Líbano — 1.080
Colômbia — 720
Peru — 343
Haiti — 217
Síria — 214
Chile — 166
Bolívia — 165
Serviço:
Tus Harinas
Rua Júlio Delamare, 144.
Vila Borges