Chuva de acusações leva a mudanças na Câmara de Deputados do Paraguai

Grupo de oposição conseguiu eleger um liberal a presidente. Horacio Cartes perdeu.

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Grupo de oposição conseguiu eleger um liberal a presidente. Horacio Cartes perdeu.

Numa sessão tensa, depois que os deputados ligados ao ex-presidente Horacio Cartes fizeram de tudo para evitar que acontecesse, a oposição conseguiu o que parecia muito difícil: foi eleito presidente da Câmara dos Deputados o liberal Carlos María López, com 48 votos a favor, duas abstenções e 30 ausências.

Ele fica no cargo do dia 1º de julho deste ano até 30 de junho de 2023, como noticia o jornal Última Hora. A eleição foi nesta quinta-feira, 3.

Minutos antes da sessão, o atual presidente, Pedro Alliana, desconvocou a sessão extraordinária. No entanto, já havia um importante número de congressistas no recinto, por isso a sessão foi confirmada, apesar de muita gritaria dos deputados ligados a Cartes.

Segundo o jornal, foram observadas algumas fugas do setor llanista, que tinha Pedro Alliana como titular da Câmara Baixa e cujos aliados normalmente acompanham a facção Honor Colorado, liderada pelo ex-presidente Horacio Cartes.

“Hoje começa uma nova era na Câmara de Deputados, com uma maioria democrática”, comemorou o deputado liberal Antonio Buzarquis.

PANO DE FUNDO

As seguidas denúncias de ligações com narcotraficantes, feitas contra políticos ligados ao cartismo, teve influência na mudança de rumo da Câmara de Deputados.

Ainda nesta quinta-feira, antes da votação, a deputada liberal Celeste Amarilla denunciou que foi ameaçada com a difusão de supostas escutas feitas pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), antes de ela ser eleita.

Um dia antes, destaca o Última Hora, Celeste havia feito fortes denúncias contra “narcopolíticos” e seus vínculos com o ex-presidente Cartes.

A deputada citou o nome de um funcionário da Senad, responsável por escutas ilegais, as quais ele vende “pelo melhor preço”.

Com palavras fortes, ela acusou o ex-presidente de estar por trás dessa gravação, feita quando não era deputada, e disse que comercializa merenda escolar, enquanto os ligados a Cartes vendem drogas.

Segundo a deputada, ela também recebeu ameaças de morte e de estupro.

MERENDA ESCOLAR

Na sessão de quarta-feira, 2, Celeste Amarilla trocou acusações com a deputada colorada Cristina Villalba.

Ambas acusam uma à outra de ligações com traficantes. À parte isso, Cristina diz que a bronca de Celeste contra ela é porque não lhe permitiu fazer um negócio de venda de merenda escolar com o governo de Canindeyú.

UM CAIU FORA

Gravações de conversas com pessoas ligadas ao tráfico levaram o agora ex-deputado Juan Carlos Ozorio a renunciar ao cargo, na quarta-feira.

Nesta quinta, a juíza contra o Crime Organizado Rosarita Montanía citou o ex-deputado para uma audiência de imposição de medidas, com base nas denúncias apresentadas pelos promotores.

Os promotores da Unidade Especializada contra o Narcotráfico Deny Pak, Fabiola Molas, Ysaac Ferreira, Osmar Segovia e Lorena Ledesma pediram prisão preventiva para o ex-parlamentar.

Segundo os promotores, Ozorio já estava sendo investigado na Operação “A Ultranza Py” por vínculos comerciais com os esquemas liderados pelo irmãos Miguel e José Insfrán, ambos foragidos da Justiça.

Juan Carlos Ozorio, além de deputado, era presidente da Cooperativa San Cristóbal, cargo do qual também pediu demissão. A acusação é de que, via cooperativa, ele ajudava o clã Insfrán a lavar dinheiro do tráfico internacional.

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