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Reportagem Especial

Xeique critica cobertura parcial da mídia sobre ocupação de Israel na Palestina

Xeique Kalil destaca os aspectos ideológicos e religiosos do conflito no Brasil e enfatiza a necessidade de um jornalismo equilibrado e imparcial na cobertura da região.

4 min de leitura
Xeique critica cobertura parcial da mídia sobre ocupação de Israel na Palestina
Xeique Mohamad Kallil: uma terra do povo palestino está ocupada há 74 anos. Foto: Denise Paro
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Em meio à triste realidade de mais uma guerra no Oriente Médio, o xeique Mohamad Kalil, 56, da Sociedade Beneficente Islâmica de Foz do Iguaçu, recebeu a reportagem do H2FOZ para uma conversa.

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Ele teceu duras críticas à imprensa e ao governo brasileiro sobre o tratamento que os árabes têm em épocas de conflito. Afirmou também que a nova geração de israelenses está cansada da guerra. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Mídia 

A mídia mostra a realidade de uma maneira confusa. Sempre o jornalismo brasileiro pega a notícia e traduz de outras fontes. Isso é uma fraqueza. O jornalismo deveria ter independência de enviar correspondentes, especialistas no assunto, para a região e falar de modo imparcial e justo. Como cidadãos brasileiros, estamos sofrendo pelo desequilíbrio da notícia, da avaliação.

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Falta de apoio

Em 2006, o Exército de Israel atacou o Líbano e destruiu a periferia do Sul de Beirute, como ocorre hoje em Gaza. E no primeiro dia do ataque israelense, uma família brasileira com cinco membros morreu. E o governo brasileiro não condenou Israel. Agora, quando uma menina foi vítima [em Israel, na atual guerra], o governo brasileiro apoiou a família. Eu concordo, mas naquela guerra [de 2006] não. A reação política, humana, de um governo deve ser equilibrada. Depois daquele ataque [no Líbano], um menino brasileiro também morreu, Basel Termos, de 7 anos, aqui da nossa escola.

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Ocupação

Muitas pessoas falam em guerra; não é uma guerra. Uma terra do povo palestino está ocupada há 74 anos, 25 mil dias aproximadamente. O povo palestino está sofrendo uma invasão, um tipo ocupação, está fazendo uma reação legítima de resistência que é nomeada de terrorismo.

A ONU e muitas organizações internacionais políticas “colocaram” resoluções para serem respeitadas, mas infelizmente todas foram ignoradas. Estamos magoados, tristes, quando verificamos que a balança internacional, especialmente dos lugares que têm força e poder, é de discriminação. Essa é nossa indignação.

Hamas

O Hamas é um partido político que participa das eleições na Palestina, uma resistência contra os ocupantes. Há 50 anos não existia o Hamas, mas o sofrimento e a ocupação existem há décadas. Esse partido político assumiu a resistência do povo palestino. Aqui [Foz] não há membros do Hamas, é impossível.

Conflito histórico

Depois da colonização inglesa, a Palestina foi eliminada. Se você buscar mapas, sempre a Palestina existiu e foi dividida após 1948. O ex-primeiro-ministro Shimon Peres entrou na Palestina com um visto da embaixada de Londres em 1929. Naquela época não existia Israel, ele entrou na Palestina como turista. E após 1948, um povo legítimo foi aniquilado e substituído por imigrantes russos, ucranianos, brasileiros e argentinos, e foi construído um Estado ilegítimo. Esse assunto é muito evidente, mas a mídia e algumas pessoas querem eliminar a história.

Israel

A nova geração de Israel, jovens e adolescentes, quer viver, ter prazer. Eles foram chamados para uma terra que não é deles, e alguém prometeu que ia ter paz. Cada israelense tem dupla nacionalidade. O povo que vive lá está pensando bem agora e já descobriu que deve voltar à terra nativa. O Estado de Israel é democrático em alguns assuntos, e o povo deles está reclamando demais contra a política.

Brasil

O conflito no Brasil tem um lado ideológico e religioso. Há igreja contra igreja, religião contra religião. O assunto não é religioso.

Imigração

Quase metade dos imigrantes [árabes] que vieram ao Brasil escaparam da Palestina e do Líbano pela violência israelense contra nossos países. Eles sofreram, e cada um tem um membro da família, pai, mãe, tio, que morreu pelas invasões israelenses. O Líbano foi ocupado durante 22 anos com aproximadamente 16 massacres de crianças e mulheres.

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Denise Paro

Denise Paro é jornalista pela UEL e doutoranda em Integração Contemporânea na América Latina. Atua há mais de duas décadas nas Três Fronteiras e tem experiência em reportagens especias. E-mail: deniseparo@h2foz.com.br

3 comentários em “Xeique critica cobertura parcial da mídia sobre ocupação de Israel na Palestina”

  1. Gilmar

    Chamar atos terroristas de resistência é subestimar a inteligência do leitor. A resistência busca em primeira instância atingir alvos militares táticos e /ou estrategicos. Ainda que a causa Palestina seja legítima, torna-se abominável qualquer das partes tentar justificar a invasão com objetivo claro de assassinato de civis indiscriminadamente.

  2. Deborah Grassi da Costa

    Esse xeique está puxando a brasa para sua sardinha. Israel é o povo originário daquele territorio, e se não bastasse, pagou pela.terra para que não houvesse conflito.
    Essa história não começou em 1948. Foi muito antes. Antes que o Egito escravizasse os judeus (chamados hebreus). No tempo dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó.

  3. Henriette

    Houve uma atrocidade por matar civis. Não é porque a ONU não emitiu nenhuma resolução que vamos legitimar e dizer que é um partido político. Porém, toda guerra é uma vergonha, pois os civis são quem sofrem mais.

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