Vacinação contra covid-19: em que passo está no Brasil e nos países vizinhos

O processo de imunização continua lento no Brasil e na Argentina. No Paraguai, começa segunda-feira, mas com apenas 4 mil doses.

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Em vários países, surgem denúncias de “fura-filas” da vacina. E isso ocorre também no Brasil e na Argentina, onde chegaram até agora poucas doses, em relação ao total de habitantes.

Se antes, nas redes sociais, via-se muita gente dizendo horrores sobre as vacinas contra a covid-19, parece que o discurso negacionista diminuiu. O que viralizou foram imagens-denúncias de vacina falsamente aplicada, de fura-filas, etc, etc.

Muitos estados e municípios, para garantir maior transparência na vacinação, criaram “vacinômetros” na Internet, onde a população pode acompanhar dia a dia como está a aplicação dos imunizantes. O Paraná divulga os dados, mas não tem “vacinômetro”. Nem Curitiba e nem Foz do Iguaçu.

Segundo a Agência Brasil, o vacinômetro é uma espécie de banco de dados que registra, entre outras informações a quantidade de quem já tomou algum tipo de imunizante contra a doença, locais de vacinação e os grupos que estão sendo vacinados.

O Ministério da Saúde tem uma página, LocalizaSUS,  que traz os números de doses aplicadas e pessoas vacinadas.

3% DOS BRASILEIROS ESTÃO IMUNIZADOS

Segundo o site, já foram aplicadas 4.963.189 doses. Foram vacinadas, com a dose I, 4.232.275 pessoas; com a dose II, 730.913 pessoas. São dados já da etapa 4 de distribuição de vacinas, que visam atingir um público-alvo de 6.505.292 pessoas, entre as quais trabalhadores da saúde, pessoas com deficiência institucionalizada, idosos e povos indígenas.

O total de pessoas já vacinadas corresponde a pouco mais de 3% da população brasileira, conforme acompanhamento feito pelo site internacional Our World in Data. Por enquanto, o índice é zero, no Paraguai, e de 1,48% na Argentina. Na América Latina, o Chile é o país que mais imunizou: 12,43% da população.

Boa parte dos países na região ainda não iniciou a vacinação. Com índices mais baixos que no Brasil, estão Peru, Bolívia, Equador, México, Costa Rica, Panamá e Colômbia.

Vacinação segue lenta, mas o Brasil é o segundo que mais vacinou, na América Latina: 3% da população. Foto Tânia Rego/Agência Brasil

VACINAS NO PARANÁ E EM FOZ

Até quinta-feira, 18, a campanha municipal de vacinação contra a covid-19, em Foz do Iguaçu, teve 8.795 doses aplicadas – dessas, 7.837 são referentes à primeira dose. O total de 958 pessoas já recebeu as duas doses. O índice de imunização em Foz, de 3,4% da população (258.248, segundo o IBGGE), é semelhante ao brasileiro.

No Paraná, já foram aplicadas 311.260 vacinas– 277.707 da primeira dose e 53.553 da segunda, até o final da manhã de sexta-feira (19). No total, 277.707 paranaenses já foram vacinados, ou 2,4% do total de habitantes do Estado (11.516.810, segundo o IBGE).

Segundo a Secretaria da Saúde, até o momento chegaram ao Estado 538.900 doses da vacina contra a covid-19. O Paraná vai mais receber 2.421.355 doses entre a semana que vem e o fim de março, de acordo com o cronograma de distribuição por unidades da Federação divulgado na quinta-feira (18) pelo Ministério da Saúde.

NO PARAGUAI, O COMEÇO, COM A LISTA DOS VACINADOS

O Ministério de Saúde Pública do Paraguai recebeu na sexta-feira, 19, 4 mil doses da vacina russa Sputnik V. Elas serão destinadas a 2 mil profissionais de saúde que atuam nas UTIs.

Depois de alguma polêmica, o Ministério informou que a lista das pessoas que serão vacinadas será publicada em sua página na Internet.

NA ARGENTINA, “VACINAÇÃO DE VIPS DERRUBA O MINISTRO DA SAÚDE

O gora ex-ministro da Saúde Ginés González García. Desculpa do “erro involuntário” não colou. Foto Agência Télam

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, pediu a renúncia do ministro da Saúde, Ginés González García, depois que veio a público a chamada “vacinação VIP”, que garantiu a imunização de políticos, jornalistas e até um sindicalista e toda sua família.

Embora já houvesse rumores sobre o esquema paralelo de vacinação – restrita inicialmente ao setor de saúde e idosos com mais de 70 anos -, o escândalo estourou na sexta-feira, 19, quando o veterano jornalista Horacio Verbitsky confirmou que recebeu a Sputnik V depois de conversar com o ministro, que ele chama de “amigo”, informa o jornal La Prensa.

Vertbisky contou, em seu programa na Rádio Destape, que procurou vacinar-se contra o coronavírus depois de nove contágios em sua família, com uma morte.

“Decidi vacinar-me. Pus-me a averiguar onde fazer isso. Liguei para meu velho amigo, Ginés González García, a quem conheço desde muito antes de que é ministro. Ele me disse que tinha que ir ao hospital Posadas. Quando estava me preparando pra ir, recebi uma mensagem do secretário de Ginés, que me disse que estava vindo uma equipe de vacinadores de Posadas ao Ministério e que fosse ali para receber a vacina”, declarou o jornalista.

O dono da rádio, Roberto Navarro, informou pelo Twitter que demitiu Vertbisky da emissora, por considerar que “é uma imoralidade que, com 50 mil mortos, haja vacinados VIP. É imoral quem autorizou e quem se vacinou. Aqui não há inocentes”, disse no comunicado.

Só 1,48% dos argentinos recebeu a vacina. E ainda há “fura-filas”. Foto Agência Télam

“Erro involuntário”

Depois de deixar o cargo, o agora ex-ministro González García disse que os vacinados VIP “pertencem aos grupos incluídos dentro do objetivo da campanha oficial”, mas que houve um “erro involuntário” se sua secretária ao convocar essas pessoas.

Depois das declarações do jornalista Horacio Verbitsky, soube-se que pelo menos 10 funcionários do governo haviam se vacinado no esquema paralelo, entre eles o chanceler Felipe Solá, o senador Jorge Taiana e o deputado Eduardo Valdés, que iriam acompanhar o presidente argentino numa viagem ao México, na semana que vem.

Também veio a público que o secretário geral do Sindicato de Caminhoneiros, Hugo Moyano, de 77 anos, recebeu a vacina, junto com sua mulher, Liliana Zulet, e seu filho de 20 anos, que convive com o casal.

Soube-se ainda que o deputado nacional por Santa Cruz, Juan Benedicto Vázquez, do partido Frente de Todos, recebeu a vacina, embora não faça parte de pessoal essencial à saúde nem tenha mais de 70 anos.

Denúncia de intelectual

Há algumas semanas, o esquema dirigido (a poucos ilustres) de aplicação de vacinas já havia sido denunciado pela escritora e intelectual Beatriz Sarlo.

Ela contou que, “por baixo dos panos”, lhe ofereceram a aplicação da vacina, mas ela recusou.

“Eu disse: jamais, prefiro morrer afogada de covid”, contou a escritora, durante uma entrevista à televisão, no início de fevereiro. Beatriz Sarlo não revelou os nomes de quem lhe ofereceu participar da “vacinação VIP”.

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