Guerrilha paraguaia liberta sequestrado para dar recado ao governo

Seria uma troca: o EPP diz onde estão dois sequestrados e quer saber sobre filha de líderes.

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Seria uma troca: o EPP diz onde estão dois sequestrados e quer saber sobre filha de líderes.

O Exército do Povo Paraguaio (EPP) libertou um dos três homens sequestrados no dia 5 deste mês, em Yby Yaú, cidade próxima à fronteira com Mato Grosso do Sul, com um recado às autoridades do Paraguai.

Em troca de informações sobre a adolescente Carmen Elizabeth Lichita Oviedo Villalba, a Lichita, filha de dois líderes do grupo, Carmen Villalba e Alcides Oviedo, o EPP informaria sobre dois outros sequestrados pelo EPP, Edelio Morínigo e o ex-presidente Óscar Denis.

Edelio Morínigo foi sequestrado pelo EPP em 5 de julho de 2014, enquanto o sequestro de Óscar Denis ocorreu em 9 de setembro de 2020.

ONDE ESTÁ LICHITA?

O homem libertado pelo EPP é o professor aposentado Carlos Potanio González, que passou 10 dias amarrado e vigiado, como contou. Ele disse nada saber sobre os outros dois homens que desapareceram no mesmo dia que ele.

Em entrevista coletiva nesta terça-feira, 15, de acordo com o jornal Última Hora, Carlos González disse que o grupo guerrilheiro quer saber o paradeiro de Lichita, que hoje tem 14 anos. De acordo com o grupo, a menor foi “sequestrada” pela Força de Tarefa Conjunta do governo e estaria detida.

O jornal buscou informações junto às autoridades paraguaias, para saber do paradeiro de Lichita, mas não há qualquer informação sobre ela.

O delegado Nimio Cardozo, chefe de Antissequestro da Polícia Nacional, disse que a situação de Lichita é a mesma de Óscar Denis e de Edelio Morínigo: “Não se sabe nada deles”.

Segundo o delegado, depois que houve a denúncia de desaparecimento da garota, foi iniciada uma investigação, e os resultados foram entregues à promotoria de Infância e Adolescência.

Cardozo disse estranhar o pedido do EPP, já que, para ele, carece de lógica os guerrilheiros pedirem informação sobre uma pessoa que deveriam saber onde está.

“A pessoa que realmente sabe o que aconteceu com a menor é Liliana Villalba (a mãe), que está detida, mas ela não fala. Se soubéssemos do paradeiro, seríamos os primeiros a dizer. Para nós, seria como uma vitória saber onde estão os sequestrados (Edelio e Óscar Denis)”, assegurou na entrevista ao Última Hora.

O acampamento do EPP por onde passou Lichita. Ninguém sabe onde está.

FAMÍLIAS DAS VÍTIMAS

As famílias dos dois sequestrados também querem respostas, depois do pedido do EPP, e já entraram em contato com as autoridades.

Obdulia Florenciano, mãe de Edelio, disse ao Última Hora que o ministro da Defesa, Bernardino Soto Estigarribia, lhe garantiu que as forças de segurança não estão com a menina.

Beatriz Denis, filha de Óscar Denis, também conversou com autoridades e obteve a mesma resposta: ninguém sabe do paradeiro de Lichita.

“Eu falei com as autoridades, falei com o ministro do Interior, mas não sabem nada de Lichita. O que sabemos é que papai foi sequestrado pelo tio dela. Também queremos saber onde ela está”, disse Beatriz.

LIBERTAÇÃO

O professor contou que, depois de ficar livre, no domingo (13), conseguiu chegar até um telefone, por meio do qual se comunicou com as autoridades, que o acolheram. Mas ele disse que não conhece o paradeiro de David Valenzuela e Julio César Aveiro, que também teriam sido sequestrados, mas continuam desaparecidos.

No dia em que teria sido levado pelo EPP, o professor relatou que havia saído de sua casa às 18h e, num trecho entre duas propriedades, avistou a motocileta utilizada por Valenzuela e Aveiro, mas nunca os viu nem falou com eles.

Na montanha para onde foi levado, ele calcula que havia cerca de 10 pessoas, integrantes do grupo criminoso.

O jornal ABC Color noticiou que Carlos González assegurou que foi bem tratado pelos sequestrados e que foi levado “por acidente”. Ficou retido, segundo ele, apenas para enviar uma mensagem às autoridades.

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