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Antes dos assassinatos, serial killer brasileira matou animais também

Maltratar animais é indício de psicopatia, e as autoridades de segurança deveriam atentar para isso.

4 min de leitura
Antes dos assassinatos, serial killer brasileira matou animais também
Psicopatas costumam matar e causar sofrimento a animais. Foto: Aida Franco de Lima

Por AIDA FRANCO LIMA | OPINIÃO

A polícia investiga Ana Paula Veloso Fernandes, 36 anos, técnica em enfermagem e estudante de Direito, e o seu envolvimento na morte de quatro pessoas, moradoras nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, entre os meses de janeiro e maio de 2025, por motivos torpes. O Ministério Público do Estado de São Paulo denunciou Ana Paula por ter assassinado três pessoas por motivo torpe, uso de veneno e não ter dado chances de defesa às vítimas. E foi por conta de seu envolvimento em um quarto homicídio que ela foi presa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Em todos os casos Ana Paula teve envolvimento com as vítimas ou procurou a polícia para fazer as denúncias, o que levantou as suspeitas. O fato de atuar como técnica de enfermagem é, no mínimo, preocupante.

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Ana Paula Veloso Fernandes confessou que matou dez cachorros para testar o veneno com o qual ela mataria suas vítimas. O cruel chumbinho. Desse modo, ela conseguiu estimar o tempo em que o veneno faria efeito, a dosagem necessária e os sintomas que as vítimas apresentariam.

Fria! Psicopata! Não há detalhes sobre o modo como os animais foram mortos ou em quais circunstâncias, mas se esse fato tivesse uma investigação imediata, talvez Ana Paula tivesse sido detida antes de dar sequência aos assassinatos.

Quem maltrata animais, quem os mata, seja por qual método for, deixa um rastro de psicopatia. E se o sofrimento dos animais e a morte deles não são suficientes para exigir que os casos recebam a atenção devida, por justiça a eles, deveriam ser investigados por outros motivos. Pelo simples fato, confirmado por estudos, que tais atos são um indício de psicopatia. Já falei desse assunto inúmeras vezes, em que a polícia americana identificou que os principais matadores em série presenciaram ou cometeram crueldade contra animais durante a infância ou adolescência.

Crimes contra animais não deveriam ser algo de interesse somente a pessoas que os amam ou a quem atua na área. Esses crimes deveriam funcionar como um alarme para toda a sociedade. Quem agride animais pode estar agredindo pessoas nas mais variadas circunstâncias.

A Polícia Civil, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, a Guarda Civil, as escoltas armadas particulares, entre outros. Todos esses órgãos e empresas, que lidam com o enfrentamento da violência social, que enfrentam a bandidagem, deveriam ter em suas rotinas diárias a observação sobre o modo como os animais são tratados por seus tutores. Não falha!

Os gestores públicos, que se dizem preocupados com a segurança, também deveriam dar mais importância a essa situação, que muitas vezes é totalmente ignorada.

Também a mídia deveria observar mais esses casos e buscar a conexão sobre o modo como a violência animal está interligada à violência social.

Os animais precisam de nosso respeito. Até para alertar-nos acerca da existência de psicopatas eles nos ajudam. Mas precisamos saber observar e dar atenção aos sinais.

O grande problema enfrentado para denunciar crimes contra animais, principalmente quando há suspeitas de quem os envenena, é que os órgãos exigem provas. Não bastam os corpos para iniciar as investigações, que são de competência da Polícia Civil. Assim, os psicopatas vão criando-se. Até que um dia cheguem aos humanos e ganhem a mídia. Como no caso aqui relatado.

Se for procurado o histórico da acusada, certamente não terá sido a primeira vez que foi cruel com animais. Porém, enquanto causar sofrimento a animais não for tratado com o devido rigor, os psicopatas vão proliferar-se, livres, leves e soltos.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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    Aida Franco de Lima

    Aida Franco de Lima é jornalista, professora e escritora. Dra. em Comunicação e Semiótica, especialista em Meio Ambiente.