Empresas anunciam vagas de emprego no setor do turismo de Foz do Iguaçu com salários até 70% acima do piso. Esse é um dos benefícios da taxa de serviços, que está garantindo renda maior a profissionais de aproximadamente cem estabelecimentos, entre hotéis e restaurantes.
Um restaurante iguaçuense, por exemplo, contrata garçom e oferece remuneração média mensal de R$ 3,6 mil, soma de salário e taxa de serviços. Essa bonificação é recolhida entre a clientela, não impactando as receitas e despesas das empresas.
Os acordos são assinados entre o Sindicato dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade de Foz do Iguaçu (STTHFI) e os estabelecimentos interessados, que devem seguir a legislação federal. O tema também está na pauta dos entendimentos em torno da convenção coletiva do setor.
“Nosso objetivo é estender esse benefício para toda a categoria, em acordos com as empresas”, frisa o presidente da entidade, Vilson Martins. “Tudo deve ser feito à lei e com equilíbrio para empregados e empresas. Afinal, lei não se discute, se cumpre”, enfatiza.
Conforme detalha, taxa de serviços já é realidade em cem empreendimentos, entre hotéis, restaurantes e bares, e há novas tratativas em andamento. “Estamos disponíveis para dialogar, apresentar os benefícios da legislação e fechar acordos para beneficiar os trabalhadores do turismo e hospitalidade”, prossegue Vilson.
Retenção de funcionários
Conforme o dirigente sindical, a taxa de serviços contribui para atrair novos profissionais e reter mão de obra, reduzindo a flutuação. “Hoje, há carência trabalhadores. A remuneração maior é um fator que pode mitigar essa necessidade, principalmente de grandes empresas do setor”, cita.
A presença de turistas em Foz do Iguaçu cresceu, com visitação ocorrendo o ano inteiro, não somente em períodos considerados temporada. “Com esse aquecimento, a taxa de serviço pode ser um atrativo, já que eleva a remuneração sem onerar a empresa. Infelizmente, muitas empresas estão desperdiçando esse benefício”, opina Vilson Martins.
Mais tratativas
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade informa que a taxa de serviço foi posta em discussão no ano passado, para a representação patronal, nas negociações da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2025/2026. “Nosso objetivo foi valorizar os trabalhadores e enfrentar a dificuldade de preencher vagas no setor diante dos salários oferecidos”, narra.
Conforme Vilson, a busca de acordo seguiu neste ano, nas seguintes ocasiões:
Março: representantes um grupo de hotéis propuseram ao sindicato implantação da taxa de serviços, retendo 35%, dois pontos acima do limite legal de 33%, o que foi recusado por não suplantar a legislação, segundo o STTHFI.
Abril: nova proposta foi apresentada, mas retirando a autonomia na escolha da comissão de fiscalização, entre outros pontos.
Agosto: em novas conversas, o sindicato manteve posição contrária a qualquer cláusula que reduzisse ganhos ou infringisse a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Outubro: proposta de acordo coletivo foi considerada ilegal pelo sindicato e prejudicial ao direito da categoria.
“Nossa mensagem para os profissionais que representamos e empresas é a de que o sindicato mantém o diálogo aberto”, salienta Vilson Martins. “Porém, negociar não é impor. Qualquer acordo deverá preservar os direitos trabalhistas e o equilíbrio entre empregados e empresas. Vamos defender isso em todas as mesas de negociação”, conclui.


