Ocorrências cada vez mais frequentes e mais violentas. É o que aponta o Ministério da Ecologia de Misiones a respeito das incursões de caçadores brasileiros nas áreas naturais protegidas da província fronteiriça da Argentina.
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Em declarações ao jornal El Territorio, o chefe do Departamento de Intendência do Sistema de Áreas Naturais Protegidas de Misiones, Jorge Bondar, apontou que o problema já não é a presença de indivíduos isolados, mas de grupos organizados.
“Esses caçadores são cada vez mais violentos e possuem armas mais potentes. Não se entregam, disparam assim que nos veem”, afirmou. “Hoje, se não fosse o armamento e os coletes fornecidos pelo governo da província, não teríamos como levar adiante nenhuma ação contra essas organizações criminosas.”
Conexão com a Europa e a Ásia
Segundo Bondar, há grupos especializados na venda da carne de animais abatidos na Argentina, como onças-pintadas, onças-pardas, cervos, macacos e antas, fornecida ilegalmente a restaurantes ou exportada, também por vias irregulares, para a Europa e a Ásia.
Os locais mais visados pelos caçadores ficam nas proximidades das divisas de Misiones com os três estado do Sul do Brasil, com destaque para a Reserva da Biosfera Yabotí e para os parques provinciais Piñalito, Urugua-í e Horacio Foerster.
Entrada clandestina na Argentina
A entrada dos indivíduos na Argentina ocorre de forma clandestina, por pontos como o Rio Peperi-Guaçu, pelo qual é possível atravessar de moto ou a cavalo fora dos períodos de maior vazão.
“Temos quase 200 quilômetros de fronteiras muito permeáveis. Dentro do nosso território, esses caçadores chegam a entrar 15 quilômetros. É muito difícil trabalhar na selva e rastreá-los”, frisou Bondar nas declarações ao El Territorio.
Campanha contra a caça
No último dia 22, o governo de Misiones lançou uma campanha de combate à caça de animais silvestres. A província abriga a maior biodiversidade da Argentina, com ambiente similar ao existente no Sul do Brasil e no Paraguai.