
Moradores da Região Leste e representantes do setor de transporte não concordam com a instalação do novo Porto Seco de Foz do Iguaçu no local proposto, próximo às avenidas Felipe Wandscheer e Maria Bubiak. O assunto foi discutido nessa segunda, dia 10, durante audiência pública realizada na Câmara de Vereadores para debater a localização do entreposto aduaneiro a ser construído na cidade.
A audiência foi convocada pelo vereador Kalito Stoeckl (PSD) e proposta pelo vereador Adnan Al Sayed (PSD) a pedido de moradores da Região Leste, que é uma das três áreas da cidade citadas no edital lançado pela Receita Federal do Brasil (RFB) para instalação do novo porto seco. A outra fica em Três Lagoas, e uma terceira, próxima ao limite com Santa Terezinha de Itaipu. As propostas serão conhecidas no dia 3 de maio.

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Receita Federal publica edital do novo porto seco de Foz do Iguaçu – H2FOZ
Cerca de 200 moradores participaram da audiência, na qual estiveram presentes o delegado da RFB, Paulo Sérgio Bini; o secretário municipal de Planejamento, Leandro Costa; o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Cargas de Foz do Iguaçu e Região (Sindfoz), Celso Callegario; arquitetos e presidentes de associações de bairros da Região Leste, Rosa Dias (AMAC), José du Arte (São Roque/Jardim Niterói/Vitória/Vila Floratta), Noel Dias Duarte (Dona Fátima, Dom Miguel) e Ageu Dias (Copacabana), entre outras autoridades.
Rosa Dias, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Cognópolis (AMAC), disse ser favorável ao porto seco, no entanto é preciso responsabilidade na escolha do local para não comprometer a qualidade de vida dos moradores.

Somente o Cognópolis concentra oito condomínios, loteamentos e duas nascentes, dos rios Tamanduá e Tamanduazinho – fontes de 30% de água potável para Foz do Iguaçu. Na mesma região também está sendo construído o Bairro do Futuro, o novo hospital da Unimed, espaços para centro comercial, faculdades e um museu projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer chamado Megacentro Cultural Holoteca.
Em dezembro de 2015, uma audiência sobre a localização do porto seco havia sido realizada na Câmara, no entanto as diretrizes não foram consideradas pelo poder público, que voltou a incluir a Região Leste entre as possibilidades para instalação do entreposto.

Celso Callegario, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Cargas de Foz do Iguaçu e Região (Sindfoz), também apoia a ideia dos moradores que vivem no leste de Foz. “O porto seco não deve ser instalado neste local [leste]. Isso traria bastante problemas para a cidade e atraso no crescimento de uma região nobre e bela”, ressaltou. Ele ainda salientou que o setor de transporte é o segundo que mais gera empregos no município, depois do turismo, e hoje há legislação para minimizar a poluição causada pelos caminhões.

O delegado da RFB, Paulo Sérgio Bini, frisou a importância do entreposto para a cidade, que movimenta ao ano cerca de US$ 4,7 bilhões, dos quais US$ 3 bilhões somente na exportação. Foz do Iguaçu é responsável por 65% do comércio Brasil–Paraguai. “A gente espera uma resposta rápida. Não se pode parar, esperar e talvez até perder o momento. Onde especificamente vai ser, cabe à prefeitura.”
Representando o prefeito Chico Brasileiro (PSD), o secretário municipal de Planejamento, Leandro Costa, considera ter ocorrido uma omissão do município e moradores pelo fato de estarem discutindo somente agora o assunto. Segundo ele, Foz não tem um instituto de planejamento e pesquisa urbana, o que dificulta os trabalhos.
Em relação à localização do porto seco, o secretário mencionou que a deliberação do Conselho das Cidades (Concidade-Foz), em março, deve ser acatada, ou seja, a Área 3, que compreende a Região Leste, deve ser descartada. Na reunião também foi decidido que o porto seco tenha uma área verde no entorno.
Costa ainda falou que a prefeitura está pronta para analisar as propostas dos interessados no edital. Até dia 10 de abril, o município não havia recebido requerimento de interesse. O principal documento para avaliar os possíveis locais de construção do porto seco é o Estudo de Impacto de Vizinhança, que mostra as repercussões em áreas residenciais e no sistema viário. Esse estudo requer um tempo mínimo de um mês para ser feito.

Projeto da perimetral é questionado
O presidente do Sindfoz, Celso Callegario, aproveitou a audiência para lembrar que a Perimetral Leste, obra em andamento que vai ligar a Ponte da Integração Brasil–Paraguai à BR-277, já vai nascer congestionada. “Ela teria que contornar a cidade. Estamos preocupados com uma certa omissão do poder público municipal.”
Para Leandro Costa, a Perimetral Leste, lançada em 2014, será como uma Avenida Paraná daqui cinco ou dez anos. Ele disse que por parte da gestão atual não houve omissão, porque o Executivo conseguiu implantar dois novos viadutos no lugar de uma rotatória prevista na Felipe Wandscheer com a Avenida República Argentina. Outro problema da via é a não previsão para construção de marginais à perimetral.
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