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Buraqueira no asfalto

Por que o asfalto em Foz do Iguaçu esburaca, segundo a prefeitura

O mau estado das ruas e avenidas é motivo de reclamação da população em toda a cidade, que fica com o prejuízo.

6 min de leitura
Por que o asfalto em Foz do Iguaçu esburaca, segundo a prefeitura
Buracos em vias da Região Leste de Foz do Iguaçu - foto: Carlos Sossa/H2FOZ
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Com a Perimetral em obras, o autônomo Ismael Couto faz contornos para o seu deslocamento na área leste de Foz do Iguaçu. Passa pelas ruas Leonardo Otremba e Francisco Fogaça e chega ao São Roque, na Avenida Ayrton Senna. Todas com buracos.

Não é uma exclusividade da Região Leste. O mau estado das ruas e avenidas é motivo de reclamação da população em toda a cidade, dos corredores turísticos às ruas centrais, passando pelos pequenos trechos asfaltados em bairros. A buraqueira é geral. O morador fica com o prejuízo pelos danos em veículos e contratempos.

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O ex-prefeito Chico Brasileiro se gabava do programa asfáltico, fator que contribuiu para a sua reeleição. Mas o legado de fato, com uma análise mais aprofundada, mostra o aumento da impermeabilização do solo e o debate atual sobre a qualidade dos serviços herdados.

Mas, afinal, por que o asfalto em Foz do Iguaçu esburaca, segundo a prefeitura? O H2FOZ foi em busca de respostas técnicas depois de a gestão municipal ter sugerido, em nota à imprensa, que os problemas de manutenção não cessam com as chamadas operações tapa-buracos devido às condições do pavimento produzido nos últimos anos.

Em um extenso documento elaborado pela Secretaria Municipal de Obras, a administração afirma que, em relação à pavimentação das vias de Foz do Iguaçu nos últimos anos, a “questão não é má qualidade, mas sim indicação adequada do material e suas limitações”.

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Asfalto em Foz

O serviços são realizados com duas soluções que contam com normativas e processos definidos de aplicação para cada particularidade. Os dois tipos de insumos usados em pavimentação pelo município são:

  • PMF: pré-misturado a frio; e
  • CAUQ: concreto asfáltico usinado a quente.

“A escolha do tipo de revestimento asfáltico é uma das decisões mais críticas no projeto e na manutenção de vias”, expõe a prefeitura. “O PMF e o CBUQ são dois dos tipos mais comuns de misturas asfálticas utilizadas no Brasil, mas possuem características, processos de produção e aplicações muito distintas.”

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O PMF (a frio) é aplicado com a temperatura ambiente, com cura — ganho de resistência — pela evaporação da água presente na emulsão. A quente, o CAUQ é aplicado em altas temperaturas, entre 140°C e 180°C, com a cura ocorrendo pelo resfriamento da massa.

Conforme a prefeitura, a principal diferença de desempenho entre os dois produtos está na capacidade de suportar cargas. Em um quadro (veja abaixo), a gestão expõe a aplicação ideal para cada tipo de tráfego, classificado segundo o volume e o peso dos veículos.

A conclusão da prefeitura? A escolha entre PMF e CAUQ não se trata de qual material é “melhor”, mas de usar o mais adequado em cada aplicação. Assim, tem-se, de acordo com o governo do município e o setor de obras:

Uso de PMF:

  • para tráfego leve, camadas de base/regularização em tráfego médio e reparos emergenciais.

Oferece solução de baixo custo inicial e menor impacto ambiental. Porém, é mais sensível a intempéries, como em temporadas de chuva e frio. Demanda três dias para adquirir sua resistência ótima.

Uso de CAUQ:

  • para tráfego médio e pesado, em que a durabilidade, resistência e segurança são primordiais.

Apesar do custo inicial mais alto, seu desempenho superior resulta em uma maior vida útil e menor necessidade de manutenção em vias de alta solicitação. A resistência ocorre com o simples resfriamento do material.

“A decisão final deve sempre ser baseada nas características de solicitação de cargas/veículos, dos materiais locais, o orçamento disponível e uma análise de custos do ciclo de vida do pavimento”, aponta a prefeitura.

Mas há um porém. O Ministério Público do Paraná acaba de recomendar ao prefeito Joaquim Silva e Luna (PL) e à secretária municipal de Obras, Thaís Escobar, que se abstenham de usar o preparado a frio na manutenção asfáltica. A promotoria cita que foram quatro tentativas, sem sucesso, na Avenida das Cataratas, e cobra o uso de material adequado.

Retornando aos problemas, a reportagem questionou quais são os principais fatores que impactam a manutenção do asfalto em Foz do Iguaçu, a buraqueira. A prefeitura disse que são os seguintes:

  • limitações de aplicação do PMF relacionada ao processo de cura, sensibilidade do PMF às intempéries (chuva e frio), capacidade de carga ao tráfego;
  • estrutura do pavimento (base e sub-base) subdimensionada com baixa capacidade em vias com tráfego pesado;
  • drenagem subdimensionada em diversos bairros do município, que causa deterioração mais acelerada do pavimento.

Como soluções, a prefeitura expôs ao H2FOZ que a Secretaria de Obras prevê:

  • aplicação do PMF exclusivamente em regiões de baixo tráfego para pavimentação e tapa-buraco;
  • em vias de alto tráfego, uso exclusivo de CBUQ e Concreto de Cimento Portland (Concreto convencional);
  • correção de base e sub-base em regiões com estrutura do pavimento mal dimensionado, onde o simples “tapa buraco” e recape não são a solução definitiva do problema;
  • implantação de Usina de CBUQ própria para garantir autonomia de produção e redução de custos.

Responsabilização

Considerando que a malha asfáltica, conforme a prefeitura, apresenta problemas de limitação do uso do material a frio e base com baixa capacidade em vias de tráfego pesado, bem com drenagem inadequada, a administração foi indagada se há procedimentos de responsabilização técnica. A resposta foi:

A Secretaria de Obras esclarece que, nos contratos de pavimentação, está previsto o controle de fiscalização e, quando verificadas inadequações, o pagamento não é efetuado e é aberto um processo administrativo.

Tabela comparativa de aplicação dos insumos asfálticos:

Fonte: Prefeitura de Foz do Iguaçu
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Paulo Bogler

Paulo Bogler é jornalista e repórter do H2FOZ.

8 comentários em “Por que o asfalto em Foz do Iguaçu esburaca, segundo a prefeitura”

  1. Roberto

    Me sinto em uma estação lunar!!!

  2. Sabrina

    falou, falou, e não disse nada…

  3. Graziele

    Uso PMF conforme descrito pela própria prefeitura é para tráfego leve, mas está sendo usado em toda cidade, inclusive eu mesma vi fazerem ali no Ginásio Costa Cavalcante onde o tráfego não é leve, tem vários materiais de construção próximo, e no próprio Ginásio em dias de competição enche de ônibus de atletas, fizeram há 15 dias e já está tudo esburacado de novo

  4. Evandro Vianna

    Fui gestor por mais de 40 anos em rodovias, executando terraplenagem e pavimentação.
    Realmente o PMF não atende para o tráfego de Foz, nem tão pouco para tráfego leve. Realmente está só “quebrando o galho” como diria na minha terra.Devem estar usando uma camada mais aberta e por isso com a chuva se desintegra rapidamente. O CBUQ realmente é o ideal, mesmo para emergências, mais pelo alto custo e ter que ser adquirido de usinas de terceiros, as vezes não se torna viável. Tenho lido na imprensa, que a Prefeitura vai adquirir uma usina de asfalto, mas isto não é tão simples e rápido, porque tem o tempo para liberação ambiental, o tempo de implantação e início da operação. Não acredito que aconteça a curto e a médio prazo. É uma situação que merece mais estudo.

  5. Carla Fernanda

    A vida útil do pavimento asfáltico é de 8 anos, enquanto que o pavimento de concreto é de 20 anos (existindo pavimentos com 50-100 anos). Caso o asfalto tenha rachaduras, em contato com a água a vida útil fica menor. Manter uma cidade com asfalto faz com que a cidade esteja sempre fazendo recapes que não acaba nunca, já que recapear uma cidade toda em um ano é praticamente impossível. As cidades podem investir em construção de pavimento de concreto, desta forma reduziria o desperdício do dinheiro público (sendo jogado fora fazendo recapes). Ao comparar o custo de manutenção + conservação o custo do pavimento de concreto é menor que o asfalto.

  6. Doni Vitor

    Acho que é preciso ter uma cartilha para os que vão ser candidatos a prefeito, tem peão que se candidata e não é capaz de fritar um ovo.

  7. Ale

    Feitas as devidas explicações, agora é resolver. Ou o prefeito e sua equipe não sabiam disto antes de assumir?

  8. Paulo Sérgio

    Independente do material a ser usado, um bom gestor deve avaliar o custo benefício e o material adequado. Afinal são os munícipes que irão pagar a conta. Isso mostra o despreparo e a falta de interesse por parte da administração atual.

Os comentários estão encerrado.