“Eu sou iguaçuense”

Assumir ser iguaçuense é também aceitar um vínculo com uma cidade muito sui generis.

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Por Fabiano Severino – OPINIÃO

Meu registro civil testemunha o contrário, nascido em Campo Mourão na região noroeste do estado, tenho lembrança de vir a Puerto Presidente Stroessner com meus pais na década de 80, que foi posteriormente renomeada como Ciudad del Este, retornar com uma excursão de colégio em 1995, e mudar-me em definitivo em 2005, para assumir um cargo de pedagogo na rede estadual via concurso público. Desde então com as raízes transplantadas do noroeste para o oeste do estado. Porque resolvi falar disso?

No último sábado, 11/06, enquanto assistia à entrevista de um amigo e colega de trabalho, Marcos Françoso, ao programa Marco Zero (https://www.facebook.com/watch/live/?ref=watch_permalink&v=361554389294916), onde divulgava o evento de pedal pelo 108º aniversário da cidade ao final ele diz a frase que dá título a esse texto “Eu sou iguaçuense”. Ele também não nasceu aqui, e coincidentemente somos da mesma região do estado, contudo justifica sua afirmação ao dizer que (re)descobrindo Foz sente-se pertencente a este lugar.

É exatamente esse sentimento que experiencio há alguns anos, o ser iguaçuense não por nascer aqui, mas por vivenciar a cidade e tornar-me partícipe dela. Não é raro conversar com moradores que estão aqui a 10, 15, 20 anos ou mais e dizem que não são daqui. Moram, trabalham, muitos constituíram família, mas dizem sou de tal lugar. Não estou dizendo ser preciso negar o local de origem e nem apagar na memória essas vivências, mas assumir ser iguaçuense é também aceitar um vínculo com uma cidade muito sui generis.

Não farei uma ode à cidade, sabemos das coisas boas e únicas que temos aqui, nem tão pouco uma lista dos desafios e falhas presentes aqui. Isso não é negar nenhum dos aspectos, mas a intensão aqui é outra. Justamente essas contradições presentes em Foz do Iguaçu, de quem cotidianamente as vivencia e não consegue estar alheio, seja, talvez, o que gera esse sentimento de pertencimento.

Se você, como eu, é atingido pelos encantos da diversidade populacional, pelas paisagens urbanas e naturais, por esses cenários de pôr do sol que essa cidade proporciona, mas também pelas pessoas que pedem ajuda nas ruas e semáforos, problemas de emprego, moradia, transporte, saúde, enfim, se a contradição cotiana não lhe permite ser indiferente à cidade, sim, você também é iguaçuense.

Desta forma os debates sobre os rumos políticos, econômicos, sociais, culturais, educacionais. A participação e acompanhamento dos espaços de decisão, debate, análise, da e na cidade nos dizem respeito. Ser iguaçuense é viver essa cidade e isso não cabe apenas no registro civil.

*Fabiano Severino, pedagogo, e iguaçuense por opção e persistência.
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