Crise na saúde do Paraguai: Senado pede renúncia de ministro e diretores

Falta de vacinas, de leitos de UTI e de medicamentos nos hospitais estão entre as causas para o pedido.

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Por ampla maioria, os senadores do Paraguai aprovaram nesta quinta-feira, 4, um pedido para que o ministro de Saúde Pública, Julio Mazzoleni, renuncie ao cargo, bem como o vice-ministro, Julio Rolón, e o diretor geral de Vigilância da Saúde, Guillermo Sequera.

O motivo é a crise da saúde pública no Paraguai, com denúncias constantes de falta de medicamentos e insumos para atender pacientes internados, enquanto os casos de covid-19 continuam aumentando no país. Outros motivos incluem a carência de leitos de UTI e a inexistência de vacinas (até agora, só chegaram ao Paraguai 4 mil doses de vacina russa).

Em sessão virtual, 30 dos 45 senadores aprovaram o pedido de renúncia dos “cabeças” da Saúde Pública.

Mas o ministro Julio Mazzoleni disse, à noite, que não vai renunciar, segundo o jornal ABC Color. Mazzoleni afirmou que respeita a decisão dos senadores, mas considerou que os problemas enfrentados são “de uma situação mundial, de um mercado distorcido e volátil que, para um país como o nosso, representa um desafio ainda maior” na hora de adquirir insumos.

No caso de sedativos, utilizados em pacientes com respiradores, o ministro explicou que o consumo quadruplicou por causa da pandemia e que, embora haja contratos abertos para adquirir os medicamentos, os fornecedores não estão conseguindo honrar esses contratos, alegando que há processos de compras internacionais em andamento.

NÃO É HORA

O médico Isaías Fretes, cujo nome apareceu como possível candidato a substituir o ministro Julio Mazzoleni, disse que não é um bom momento para mudanças no setor de saúde, conforme o jornal Última Hora.

“Estamos em meio a uma tormenta e as aspirações pessoais devem ser deixadas de lado, o país é o importante nesta momento”, afirmou, nesta sexta-feira (5).

Para ele, o ministro Mazzoleni “é um homem extremamente lúcido, com uma ótima formação militar”. Ele instou os paraguaios a esquecer as diferenças políticas e a deixar as cores de lado para trabalhar.

“Não devem continuar morrendo paraguaios, e isso inclui buscar mecanismos para recuperar a credibilidade e que o povo ajude”, afirmou.

O jornal Última Hora lembra que o sistema de saúde do Paraguai enfrentou grande parte da pandemia com a falta de insumos básicos e salpicado por denúncias de corrupção.

SEM JUSTIFICATIVA

O encontro do ministro com familiares dos pacientes: lágrimas e promessas. Foto ABC Color

O vice-ministro de Saúde, Julio Rolón, foi nesta quinta ao Instituto Nacional de Enfermidades Respiratórias e do Ambiente (Ineram) para tentar explicar a falta de medicamentos a médicos, enfermeiros e aos parentes de pacientes internados, que chegam a pagar do próprio bolso despesas com insumos e passam dia e noite em frente ao hospital.

Rolón confessou que “não há forma de justificar” as faltas, mas assegurou que vão ser encontrados mecanismos para ressarcir os gastos dos familiares, de acordo com o ABC Color.

“Já vendemos até o que não temos, já não sabemos mais o que fazer, senhor vice-ministro. Precisamos de uma resposta, de uma solução”, disse um porta-voz dos familiares.

“Ninguém está preparado para isto, mas não há forma de justificar. A única coisa que posso fazer é comprometer-me a encontrar uma solução. Soa mais uma vez a discurso, mas não há outra alternativa. É responsabilidade do Estado”, disse o vice-ministro da Saúde.

Em meio a lágrimas e pedidos de ajuda, os familiares de pacientes também disseram que a população não precisa de mais funcionários que atuam em escritórios e que sequer têm conhecimento do que acontece nos hospitais.

Em meio ao desespero, no Ineram houve também manifestações de solidariedade do povo paraguaio, conta o ABC Color. Os Bombeiros Voluntários da Trindade, por exemplo, chegaram até o hospital com dois caminhões carregados com insumos básicos, medicamentos, água e alimentos, enquanto a Pastoral Social Arquidiocesana anunciou que gestiona a entrega de fármacos para o Ineram e fornecerá almoços aos familiares dos pacientes.

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