Em plena negociação do Tratado, nome escolhido pra diretor de Itaipu no Paraguai é polêmico

A saída de Ernst Bergen, ainda não muito bem explicada, provocou mudanças em cargos de cúpula do governo paraguaio.

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A saída de Ernst Bergen da Diretoria Geral Paraguaia de Itaipu, na sexta-feira, 22, precipitou mudanças no governo de Mario Abdo Benítez.

Bergen foi substituído pelo então ministro de Relações Exteriores, Federico González, enquanto para o lugar de González foi o agora ex-ministro do Interior, Euclides Acevedo. E quem substituiu Acevedo foi Arnaldo Giuzzio, da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad).

Pra Itaipu, ficou a polêmica. A imprensa paraguaia acusa o agora novo ex-diretor-geral paraguaio de ter participado das discussões que levaram à “ata secreta” de Itaipu, que, segundo os críticos, era “entreguista”.

Foi González quem levou a ata para a assinatura presidencial. Para operacionalizar o acordo, era necessário alterar um contrato entre a Itaipu e a Ande, a estatal paraguaia do setor elétrico. O então presidente da Ande, Wilson Ferreira, se recusou a assinar e renunciou ao cargo.

A polêmica, na época, foi tão grande que o presidente do Paraguai viu-se ameaçado de impeachment. Foi salvo porque o Brasil concordou em anular a ata.

A DEFESA

Mas o ex-ministro de Relaciones Exteriores José Antonio Moreno Rufinelli não vai na linha crítica ao nome de González. Conforme matéria publicada no site da Itaipu do Paraguai, Rufinelli afirmou que González e Euclides Acevedo formam uma boa equipe para a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, documento que precisa ser revisado até 2023 e que trata das bases financeiras da prestação dos serviços de eletricidade da usina.

Rufinelli disse que as negociações entre Brasil e Paraguai são muito complexas, e que González, pela experiência que tem no campo diplomático, saberá honrar o cargo, por seu compromisso e capacidade de trabalho.

Ele e o agora novo chanceler, Euclides Acevedo, deverão trabalhar juntos para “obter o melhor resultado possível para o país”, disse.

Para o ex-ministro, a renegociação do Anexo C será “como um jogo de xadrez”, com “movimentos inteligentes”. Disse, ainda, que a diplomacia não pode atuar em segredo, mas deve ser reservada. Isto é, a estratégia que vai usar pode ser conhecida, mas não a ação tática, por isso somente algumas coisas podem ir a público.

“ATA SECRETA”

Na tal da Ata Secreta, assinada em julho de 2019 e que quase acabou com o governo de Mario Abdo Benítez, brasileiros e paraguaios concordavam que a Ande tinha uma dívida de mais de US$ 250 milhões com a binacional, segundo o jornal Última Hora.

“Ele (González) foi quem me trouxe de parte do presidente da República documento para eu assinar, ou então deveria renunciar; eu renunciei no ato”, contou.

Segundo Ferreira, a ata ia contra a posição histórica, no sentido de que a energia excedente (a que o Paraguai não consome e vende ao Brasil) era prioritária para o Paraguai desde 2007, quando foi concedida autorização ao Brasil para contratar duas unidades geradoras a mais” (eram 18 e passaram a ser 20).

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