Guerrilheiros do Paraguai fazem exigências para não fuzilar um dos reféns

Eles querem a libertação de dois companheiros e que a família do ex-vice-presidente Óscar Denis reparta US$ 2 milhões em mantimentos a 40 comunidades.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Em um vídeo encaminhado à família do ex-senador e ex-vice-presidente do Paraguai Óscar Denis Sánchez, o grupo guerrilheiro Exército do Povo Paraguaio (EPP) faz exigências para libertar o refém, de 74 anos, sequestrado junto com seu motorista, Adelio Mendoza, de 21, informam os jornais Última Hora e La Nación.

Enquanto sobre o ex-senador paira a ameaça de fuzilamento, o EPP não fez exigências para libertar o motorista, que é índio. Informou, apenas, que Adelio será libertado em uma área segura, “para proteger-se da força de tarefa crimiosa FTC”. FTC é a Força de Tarefa Conjunta do governo utilizada para a captura dos guerrilheiros, acusada de cometer abusos nas operações.

O sequestro foi na quarta-feira, 9, no município de Bella Vista, departamento de Amambay. O grupo que assumiu o crime disse ser a “Brigada Indígena” do EPP, embora lideranças indígenas do Paraguai não conheçam a existência desta facção e não concordem com as atividades do grupo criminoso.

Os sequestradores querem que sejam colocados em liberdade dois guerrilheiros presos, Carmen Villalba e Alcides Oviedo Brítez, num prazo de 72 horas (até as 22h de domingo, 13).

Exigem, também, que a família distribua o equivalente a US$ 2 milhões em mantimentos a 40 comunidades. Cada comunidade receberia US$ 50 mil.

A família contou que, no vídeo, os guerrilheiros dão prazo de oito dias para serem cumpridas as exigências. Se isso não acontecer, o caso será encerrado e o refém será fuzilado, uma prática comum do EPP.

Também exigem que as sacolas de mantimentos contenham impressas a frase “gentileza do EPP” e a logo do grupo criminoso. A imprensa deverá cobrir a entrega dos mantimentos às 40 comunidades beneficiadas. Num segundo vídeo, há um comunicado do EPP que deve ser divulgado integralmente, como condição para a libertação.

Entre os mantimentos exigidos para distribuição às comunidades, os guerrilheiros especificam: medicamentos, botas de chuva (galochas), carne, leite em pó, ferramentas para agricultura, sementes de produtos para autoconsumo, brinquedos e sapatos para crianças, além de guloseimas.

As 40 comunidades ficam nos departamentos de Canindeyú, Concepción, Amambay e San Pedro. Se alguma dessas comunidades recusar a oferta, a família deve procurar outra, até repartir tudo.

Primeiro contato

Beatriz Denis, uma das filhas da vítima, disse que estes são os dias mais difíceis para a família, porque sua mãe e sua avó estão desesperadas, com a saúde abalada.

“Hoje (sexta-feira) tivemos o primeiro contato com as pessoas que sequestraram meu pai. Deixaram a 2 mil metros do lugar onde interceptaram meu pai uma mensagem e uma bolsa em que pedem o favor de entregar à família de Óscar Denis, com (a frase) 'viva o EPP' e um cartão de memória onde mandaram suas exigências”, contou.

“Provas de vida”,  a assinatura do ex-vice-presidente e a digital do empregado.

O sequestro

O ex-vice-presidente Óscar Denis Sánchez desapareceu de sua fazenda, denominada Tranquerita, junto com Adelio Mendoza, na tarde de quarta-feira. A camioneta de Óscar Deniz foi encontrada abandonada, com as portas abertas. Dentro havia panfletos, identificando que haviam sido sequestrados por uma célula do EPP, a Brigada Indígena.

O sequestro ocorreu a cerca de 30 km de onde a Força de Tarefa Conjunta e o EPP se enfrentaram. O confronto teve apenas duas meninas de 11 anos como vítimas fatais, um caso que chocou a comunidade internacional.

A camionete dos sequestrados foi abandonada a poucos quilõmetros. Foto Última Hora
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