Indígenas recusam mantimentos que guerrilheiros forçaram família de sequestrado a doar

Até agora não houve mais nenhum comunicado do EPP. O governo paraguaio não atendeu exigência de libertar companheiros dos sequestradores.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Cerca de 75 comunidades indígenas do Baixo Chaco, no Paraguai, recusaram categoricamente a oferta do Exército do Povo Paraguaio (EPP), como uma das condições para libertar o ex-vice-presidente Óscar Denis, sequestrado na quarta-feira (9), junto com o empregado Adelio Mendoza.

A coordenadora dos líderes indígenas do Baixo Chaco disse que eles não querem os mantimentos, “queremos a libertação dos sequestrados Óscar Denis e nosso irmão indígena (Adelio) Mendoza, queremos que os libertem e pronto”, afirmou, segundo o jornal Última Hora.

A Brigada Indígena do Exército do Povo Paraguaio exigiu que a família do ex-vice-presidente reparta provisões a 40 comunidades indígenas de Canindeyú, Concepción, Amambay e San Pedro. No total, teriam que ser distribuídos US$ 2 milhões, ou US$ 50 mil a cada comunidade.

O prazo dado para a família, sob pena de fuzilamento do sequestrado, foi de oito dias desde o momento da captura. O prazo, portanto, vence na quinta-feira, 17.

Já o prazo para o governo atender o pedido para libertar dois companheiros dos sequestradores, Carmen Villalba e Alcides Oviedo, venceu às 22h de domingo, 13.

Carmen Villalba cumpre pena de 17 años de prisão pela morte de três policiais e mais 15 anos pelo sequestro de de María Edith Bordón.Foto Rádio Ñanduti.

Esta manhã, segundo o jornal ABC Color, o ministro do Interior, Euclides Acevedo, se reuniu com o presidente Mario Abdo Benítez para tratar do assunto.

À saída, o ministro disse que o governo está guardando “um silêncio prudente” em relação às operações para encontrar os sequestrados. Em relação ao prazo vencido, Acevedo respondeu que as autoridades não vão cumprir o pedido como eles querem. “O governo tem seus próprios prazos, seu próprio calendário de ação e a lei e a Constituição não nos permitem outra coisa além do exercício coercitivo do poder”, afirmou.

Ele insistiu em dizer que a libertação de presos não é permitida pela Constituição do país. E disse aos jornalistas: “Vocês sabiam desde o começo que esse era um pedido de cumprimento impossível”.

O ministro informou também que a Força de Tarefa Conjunta está trabalhando com os indígenas da região para localizar os sequestrados. Contou que o pai de Adelio Mendoza chegou a subir num helicóptero para acompanhar as forças de segurança na investigação e busca dos sequestrados.

A ordem do presidente Mario Abdo Benítez, disse ainda Euclides Acevedo, é resgatar com vida os sequestrados.

EPP no Facebook

O Exército do Povo Paraguaio mantinha uma página no Facebook, na época do governo de Horacio Cartes, onde divulgava informações sobre o grupo. A página não é atualizada desde 2016. Nela estavam algumas fotos, como as abaixo, que mostram integrantes do grupo

 

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