Preços em Puerto Iguazú são 50% mais baratos que em Foz. Problema é chegar lá

Protocolos são rigorosos. Nem a carteira de motorista é aceita como documento. Só o RG.

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Protocolos são rigorosos. Nem a carteira de motorista é aceita como documento. Só o RG.

O portal Viaje na Viagem disse tudo: “Reaberta a fronteira terrestre entre Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú (mas as exigências de entrada são complicadas)”. E conclui que, se exigências se mantiverem, “turisticamente vai ser inócuo”.

Pra nós, vizinhos, quanto mais exigências, menor a vontade de se deslocar até lá, como se lê em comentários nas redes sociais. A não ser que haja um bom motivo.

E talvez haja.

O presidente da Câmara de Comércio de Puerto Iguazú, Joaquín Barreto Bonetti, garantiu que os preços da maioria dos produtos equivalem à metade do que se paga em Foz do Iguaçu, conforme noticiou o portal Misiones on Line.

Ele exemplificou com o preço da gasolina. Ela custa 110 pesos em Puerto Iguazú e equivale a um valor entre 230 e 250 pesos em Foz.

Mas não faça a conversão pelo câmbio oficial, porque os valores seriam equivalentes a R$ 6,00 em Puerto Iguazú e a R$ 12,00 em Foz. A gasolina aqui está cara, mas não chega a este absurdo. E lá não estaria barata.

SEIS CÂMBIOS

Que câmbio se utiliza em Puerto Iguazú? Sabe-se lá, mas é favorável a quem leva reais ou dólares. E como se explica que haja um câmbio oficial e este outro que reduz o valor em real pela metade?

Aí é que se começa a entender como é complicada a economia argentina. O país tem nada menos que seis tipos de câmbio: dólar oficial, dólar contado com liquidação (negociado na bolsa americana), dólar MEP (negociado na bolsa argentina), dólar informal, dólar solidário e dólar soja (ou do exportador).

Viva-se num país assim!

A economia argentina é dolarizada, mas não há dólares suficientes em circulação. E o governo intervém o tempo todo no mercado de câmbio, já que tem poucas reservas (US$ 39 bilhões) e usa o dólar para controlar os preços dos produtos no mercado interno.

Não precisa entender. Basta saber, então, que os preços praticados em Puerto Iguazú são favoráveis, porque o peso está muito mais desvalorizado que o real, em dólar.

O presidente da Câmara de Comércio de Puerto Iguazú informou, na entrevista ao portal, que R$ 1,00 equivale a 35 pesos (ou que 35 pesos “compram” R$ 1,00). Isso significa que a cotação do real está supervalorizada, já que, pelo câmbio oficial, seriam necessários quase R$ 2,00 para comprar 35 pesos, conforme se vê no site Boa Taxa, que faz a conversão de moedas on line.

Segundo o câmbio local, com R$ 3,00 dá para comprar um produto com preço de 100 pesos. A gasolina custa 110 pesos em Puerto Iguazú. Foto Pixabay

FINAL DE SEMANA

É por isso que Joaquín Barreto disse acreditar que o próximo final de semana será movimentado, com muitos brasileiros e até paraguaios de Ciudad del Este indo às compras em Puerto Iguazú.

E lembrou o que a gente já sabe: que os produtos mais procurados por brasileiros são vinho, salame, queijo, fiambres, azeitona e doce de leite. Há também apreciadores da cerveja argentina, principalmente das marcas Patagonia e Quilmes.

Os comerciantes já estão com estoques prontos para atender a essa procura.

EXIGÊNCIAS

O difícil é enfrentar a burocracia argentina, para chegar a Puerto Iguazú.

Os protocolos exigidos incluem a apresentação de comprovante de duas doses de vacinação (a segunda dose tem que ter sido aplicada pelo menos 14 dias antes); teste negativo para covid-19; e exame de antígeno, que é feito ali mesmo na Aduana e pelo qual se paga R$ 150.

O resultado do teste não demora muito (no máximo uns 20 minutos). Com o resultado negativo, já se tem a autorização da Saúde argentina para entrar no país.

Mas atenção: o documento aceito é o RG. Antes da pandemia, bastava apresentar a carteira de motorista. Agora, não.

E é preciso ainda preencher uma “declaração jurada” informando para onde vai, o que vai fazer e outras questões.

Se não quiser perder um bom tempo preenchendo o documento ali na Aduana, o visitante pode fazer a “declaração jurada” pela Internet.

Não custa tentar. Este é o link pra declaração jurada.

Pra concluir: é possível que o atrativo dos preços faça muita gente ter vontade de ir a Puerto Iguazú. Mas é duvidoso acreditar que os iguaçuenses, principalmente, vão massivamente à cidade vizinha, com tantos entraves pela frente.

O governo argentino quer a volta dos turistas, com a reabertura das fronteiras (todas reabrem no dia 1º de outubro, isto é, na próxima sexta-feira. A de Puerto Iguazú abriu antes, de forma experimental).

Tomara que os argentinos entendam que há restrições demais.

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