Repressão a protestos contra governo paraguaio deixa pelo menos 20 feridos

Manifestantes pediam a renúncia ou destituição do presidente Mario Abdo Benítez, principalmente devido à crise na saúde, com falta de medicamentos e insumos básicos nos hospitais públicos para atender pacientes comcovid-19.;

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Convocados pelas redes sociais, milhares de paraguaios foram às ruas nesta sexta-feira à noite, em Assunção, para protestar contra o governo. O protesto se concentrou nas imediações do Congresso Nacional, no microcentro da capital, com gritos de “fuera, Marito” (presidente Mario Abdo Benítez). Quase todos os presentes usavam máscaras de proteção, informou o ABC Color.

A manifestação começou pacífica, mas alguns dos participantes lançaram objetos contra o forte policiamento presente no local, o que provocou um revide de tiros com balas de borracha, gás lacrimogênio e jatos de água de um caminhão-hidrante.

Segundo o ABC Color, a provocação contra a polícia foi feita por um pequeno grupo, aparentemente de infiltrados no protesto, que investiram contra a barreira policial. Essas pessoas, duas ou três segundo o jornal, estavam encapuzadas e chamavam os jovens a avançar contra o Congresso, mas não tiveram respaldo.

Os agentes antimotim “responderam com força desproporcional”, diz o jornal, já que havia até crianças na multidão, que foi dispersa ao som de choros de dor. A polícia continuou agindo, lançando jatos d´água em qualquer pessoa.

Posteriormente, mais infiltrados (sempre de acordo com o jornal) protagonizaram atos de destruição, roubos e saques de veículos e lojas.

Indignados com a reação policial, manifestantes incendiaram latas de lixo, fizeram barricadas com fogo e atacaram numerosos edifícios estatais e articulares.

Estima-se que pelo menos 20 pessoas ficaram feridas. Um homem foi apunhalado no coração e já chegou sem vida ao hospital, mas, segundo o Ministério do Interior, o caso não teve relação com as manifestações, como noticia o jornal La Nación.

Os enfrentamentos entre a polícia e manifestantes prosseguiram durante várias horas no centro de Assunção, informa o jornal Última Hora.

Em área próxima ao edifício do Ministério da Fazenda, manifestantes puseram fogo. Foto Última Hora

LENÇOS BRANCOS

A certa altura, os policiais mostraram lenços brancos aos manifestantes, para pedir paz e que se retirassem. Segundo o ministro do Interior, Arnaldo Giuzzio, a intenção foi apaziguar os ânimos, para evitar mais disparos desnecessários, que alarmam a população, informa o jornal La Nación.

Os participantes do protesto viram a atitude da polícia como um recuo e voltaram até a área do Congresso, onde começaram os primeiros confrontos com a polícia.

O jornal ABC Color diz que houve, na verdade, um recuo da polícia, porque os agentes ficaram sem balas de borracha e estavam em menor número ante um grupo de encapuzados e vândalos.

Os protestos contra o governo são para pedir a renúncia do presidente Mario Abdo Benítez. A principal reclamação é a corrupção no governo, depois de dias de tensão provocada pela falta de medicamentos e insumos nos hospitais públicos, para tratar pacientes com covid-19, explicou o jornal ABC Color.

RENÚNCIA DO MINISTRO

Na sexta-feira, 5, um dos principais alvos de protestos, o então ministro de Saúde Pública, Julio Mazzoleni, renunciou ao cargo, mas essa renúncia não foi suficiente para evitar que milhares de paraguaios fossem às ruas. E as manifestações devem continuar já na manhã deste sábado.

Aidé Vera, da Comissão Escrache de Cidadãos Autoconvocados, informou à rádio ABC Cardinal que um grupo de manifestantes permaneceu “em vigília” na área onde ocorreram os distúrbios.

Entre os manifestantes, estava o que no Paraguai é chamado de “pessoal de branco” (profissionais da saúde) e também foram identificados integrantes da Associação de Bares do Paraguai, que estavam sob ameaça de fechamento, por parte do governo.

Antes do confronto com a polícia, a manifestação foi tranquila. Os participantes gritaram “Fora todos os corruptos” e portavam cartazes onde se lia “Unidos contra a corrupção” e “Fora, Marito e sua quadrilha”. A maioria eram jovens, noticia o jornal Última Hora, vestidos com a camisa da Seleção Paraguaia de Futebol.

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