O presidente da Câmara de Centros Comerciais do Paraguai, em entrevista à rádio Ñanduti, afirmou que “não é possível nem prudente sequer pensar em voltar a uma quarentena extrema, mas estamos conscientes de que são necessárias mais medidas de prevenção e controle do cumprimento aos protocolos”, noticia o jornal Hoy.
Ao La Nación, o vice-ministro de Saúde Pública, Julio Borba, que inicialmente havia cogitado a possibilidade de retorno à fase zero, disse nesta terça-feira que, “categoricamente”, isso não vai acontecer. Agora, “é totalmente impensável”, reforçou.
O vice-ministro disse que a maior preocupação da Saúde, no Paraguai, é o aumento de contágios na capital e no departamento Central, regiões mais populosas do país.
“O que não queremos é que o vírus viaje ao interior. O vírus não vai de ônibus nem tem pernas, quem o transmite é o ser humano”, disse. Por isso, a recomendação é que as pessoas não viajem ao interior para as festas de Natal e Ano Novo.
RESTRIÇÃO, SEM PROIBIÇÃO
A restrição de viagens ao interior é a principal alternativa em análise pela Saúde Pública, segundo o ministro Julio Mazzoleni.
Embora as viagens não sejam proibidas, haverá restrições em número de passageiros, por exemplo, mas ainda faltam mais definições, que devem ser acertadas até o final de semana.
O diretor de Vigilância Epidemiológica, Guillermo Sequera, disse que, do ponto de vista epidemiológico, a proibição de viagens da capital e Central seria positiva.
Segundo ele, as duas regiões concentram 80% dos casos de covid-19 no Paraguai.
Em Assunção e Central, um de cada três testes de covid-19 dá positivo, enquanto no interior a proporção é de um em cada cinco testes.
LEI DAS MÁSCARAS
A Câmara de Deputados do Paraguai aprovou na terça-feira, 15, em sessão extraordinária, o projeto de lei que torna obrigatório o uso de máscaras de proteção. A nova lei, que prevê sanções em caso de descumprimento, irá agora tramitar no Senado.
O ministro do Interior, Euclides Acevedo, disse ao La Nación que, quando a lei estiver em vigor, a polícia exigirá o seu cumprimento. Quem não cumprir será levado a um juiz, enquanto caberá multa à instituição (ou local) que realizou um evento público onde se descumpriu a norma.
Sobre a possibilidade de o governo aplicar uma medida extrema, como o retorno à fase zero, o ministro considerou que é uma opção, de fato, mas seria “um recurso excepcional, que será fatal para a economia”.
Ele analisou: “Para que queremos gente saudável e pobre? O que queremos é gente saudável e próspera, e a prosperidade só se consegue com o trabalho, de modo que devemos valorizar nossa saúde cumprindo as normas sanitárias”.
CASOS E MORTES
De acordo com os últimos informes da Saúde Pública, noticia o Última Hora, houve 1.130 novos contágios de coronavírus nas 24 horas até terça-feira, assim como 20 mortes. Todos os casos são comunitários.
Com os novos números, o total de casos subiu para 95.353, o que já projeta mais de 100 mil até o final do ano.
As mortes somam 1.991 (vão passar facilmente de 2 mil até o final de dezembro).
O Paraguai tinha até ontem 834 pessoas internadas, das quais 172 em unidades de terapia intensiva. Há apenas cinco dias, havia 783 pacientes internados (um aumento de dez internamentos por dia), dos quais 144 em terapia intensiva (em média, mais de cinco novos internamentos em UTI por dia).
“Estamos avaliando a possibilidade de novas medidas, e há elementos importantes como o deslocamento e o consumo de álcool, elementos que catalisam mais problemas epidemiológicos”, disse o ministro Julio Mazzoleni, na terça-feira, 15.
FALTA PULSO FIRME
O presidente da Câmara de Centros Comerciais do Paraguai, Jorge Mendelzon, reconhece a preocupação do Ministério de Saúde Pública ante a saturação que enfrentam os hospitais, o que deveria também preocupar “todos os paraguaios”, como noticiou o jornal Hoy.
“É preciso buscar um equilíbrio entre saúde e economia, para podermos sair bem desta pandemia”, disse, afirmando com isso que se deve buscar outra alternativa que não seja a volta à quarentena. “A economia não tem condições de suportar impactos maiores aos que está aguentando”, completou.
Para o empresário, o que falta é adotar pulso firme contra aqueles que desrespeitam os protocolos sanitários, para que não seja preciso tomar “este tipo de decisões dolorosas”.
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