Turbinados pelos smartphones vendidos no Paraguai, os produtos eletroeletrônicos apreendidos pela Receita Federal do Brasil (RFB) no primeiro semestre deste ano superaram os cigarros, considerados o carro-chefe do contrabando na fronteira Brasil–Paraguai.
Smartphones vendidos no Paraguai invadem mercado brasileiro
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 11, pela Alfândega da Receita Federal em Foz do Iguaçu e se referem ao período de janeiro a junho deste ano. No total, os servidores tiraram de circulação o equivalente a R$ 79,9 milhões em eletroeletrônicos.
Desse total, R$ 59 milhões são em aparelhos celulares, o que corresponde a 73,89% do valor de eletroeletrônicos. Segundo a RFB, a cada dez eletroeletrônicos apreendidos, sete foram celulares.
A apreensão de telefones inteligentes em Foz do Iguaçu é diária, e o produto é encontrado principalmente em fundos falsos de veículos.
Em relação aos cigarros, o total retido chegou a R$ 72 milhões, apresentando retração em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram recolhidos R$ 93 milhões.
Se forem considerados todos os tipos de produtos apreendidos entre janeiro e junho, o montante chegou a R$ 279.446.933,00 em mercadorias relacionadas ao contrabando e descaminho na fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina.
O valor é praticamente equivalente ao do ano passado, ou seja, R$ 279.833.925,80.
Cigarro ganha novas rotas e fornecedores
Delegado da Alfândega da RF em Foz do Iguaçu, Cézar Vianna diz haver uma migração do contrabando do cigarro convencional de Foz do Iguaçu para a fronteira de Guaíra e Salto del Guairá.
Isso se deve ao fato de a fronteira de Foz do Iguaçu ter tido reforço no efetivo no ano passado e ter melhorado as técnicas de abordagens aos contrabandistas. “O cigarro convencional tem mais volume, e assim eles migraram para locais com menos gente trabalhando”, relata.
Outro fator que contribuiu para a queda no volume de apreensões, explica Vianna, é o fato de que muitas fábricas de cigarros estão sendo abertas no Brasil.

A redução na apreensão de cigarros convencionais foi acompanhada pelo aumento das retenções do cigarro eletrônico.
Nos seis primeiros meses de 2024, os servidores apreenderam R$ 6,6 milhões em cigarros eletrônicos. Neste ano, o total saltou para R$ 10,8 milhões.
De acordo com Vianna, o cigarro eletrônico gera interesse por ser mais fácil de transportar e ter margem de lucro.
Apesar da tendência de migração do cigarro convencional para outras regiões, a apreensão do produto na região de Foz do Iguaçu apresenta patamares elevados. Em razão disso, todas as semanas a RFB destrói cerca de 1.000 a 1.200 caixas do produto.
A venda, a importação e o consumo de cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. Os aparelhos são considerados um risco à segurança e à saúde pública.
Pela Ponte da Amizade circulam ao dia cerca de 45 mil veículos e 103 mil pessoas, conforme levantamento feito pela RFB.
