Acusação sustentará violência política, em julgamento de Jorge Guaranho

Ex-policial penal que matou o petista Marcelo Arruda será julgado nesta quinta-feira, 4; defesa alegará desentendimento entre réu e vítima.

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No julgamento que começará nesta quinta-feira, 4, a assistência de acusação do ex-policial penal Jorge Guaranho irá sustentar que houve violência política como agravante no assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda. A defesa refutará a alegação. O servidor público foi morto a tiros em sua festa de aniversário, em julho de 2022, invadida pelo réu.

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Guaranho, que está preso há quase dois anos, foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná à Justiça por homicídio doloso duplamente qualificado e perigo comum, por motivo fútil devido à divergência política. Em seu embasamento, a promotoria afirmou que, antes de atirar, o bolsonarista declarou que “petista vai morrer tudo”.

O advogado Daniel Godoy Junior, que atua no caso, argumenta que a motivação política pode ser comprovada a partir de testemunhos de convidados que estavam na festa e das imagens de câmeras de segurança do local, nos ambientes interno e externo. Outro elemento a ser levado pela acusação é a transcrição da leitura labial da cena (veja abaixo).

“Foi um homicídio cometido a sangue-frio, e o julgamento terá caráter sancionador da responsabilização do acusado, de natureza pedagógica para toda a sociedade”, enfatiza. Isso porque “envolve um contexto de violência política insuflada na campanha de 2018 e seguintes, que precisa ser cessada no nosso país”, entende Daniel.

Sem motivação política

O escritório Samir Mattar Assad, responsável pela defesa de Jorge Guaranho, declarou ao H2FOZ que a componente política não foi a motivadora do crime, o que pretende comprovar durante o julgamento. O que teria ocorrido, aduz, foi um desentendimento entre o ex-policial penal e Marcelo Arruda.

“A acusação acredita que no júri vai ser provado que não houve motivação política. Foi por conta de um desentendimento provocado por uma reação exacerbada de Marcelo Arruda contra Jorge Guaranho”, declarou. E objetou a leitura labial. “Foi um estudo feito pela acusação, mas que não tem um referencial científico”, pontuou.

Laudo da leitura labial

A acusação ressalta que o laudo da leitura labial na cena do assassinato revela as falas do réu momentos antes dos disparos contra Marcelo Arruda. Os advogados apresentarão a transcrição como prova em prol da sustentação de que o crime foi motivado por divergência política.

O material foi elaborado a pedido da assistência da acusação, que reproduziu algumas expressões de Jorge Guaranho no momento do crime. Entre elas estão: “Aqui é Bolsonaro, Bolsonaro, porra! Petralha!” E: “Petistas vão morrer! Pra baixo, pra baixo, pra baixo.”

O laudo é um elemento complementar, sendo assinado pelo perito Anderson de Jesus Anchieta Carvalho e pela fonoaudióloga Renata Christina Vieira. Para a acusação, é um elemento novo para pedir a condenação do réu como homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil – em função da violência política. Para a defesa de Jorge Guaranho, a peça não tem valor científico.

Transmissão

O início do júri do caso Marcelo Arruda está marcado para quinta-feira, 4, às 8h, no plenário do Tribunal do Júri de Foz do Iguaçu. O julgamento terá transmissão ao vivo pelo canal do Tribunal de Justiça do Paraná.

Histórico

Marcelo Arruda comemorava 50 anos com a família e amigos, em uma festa privada, com decoração alusiva ao Partido dos Trabalhadores, do qual era tesoureiro municipal, e ao então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Jorge Guaranho, que estava em outro clube perto, invadiu a confraternização.
Primeiro, conforme o Ministério Público, chegou acompanhado da esposa e do filho, um bebê.

Demonstrando estar armado, gritava “Bolsonaro” e “mito”. Após a discussão, deixou o local, retornando sozinho, depois, quando praticou os disparos contra Marcelo Arruda, que revidou já baleado e em legítima defesa, conforme a promotoria, atingindo Guaranho.

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