Em Puerto Iguazú, nova manifestação contra a crise. E menos visitantes nas Cataratas

Ao contrário de Foz do Iguaçu, a cidade argentina não recebe voos, há muita limitação de acesso às Cataratas e os (poucos) casos de covid assustam os turistas.

H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Uma situação complicada em Puerto Iguazú: enquanto pede a reativação do turismo, o setor vê diminuir o número de pessoas interessadas em visitar o Parque Nacional Iguazú, por medo dos novos casos de covid-19 que surgiram na cidade.

A manifestação desta segunda-feira, 28, reuniu representantes da hotelaria, dos restaurantes, taxistas, fotógrafos, guias de turismo e outros, que impediu o tráfego nos dois sentidos da rodovia 12, informa o portal El Independiente Iguazú.

Organizada pelo “Comitê de Crise SOS Iguazú”, a manifestação foi para solicitar medidas e soluções definitivas, e não mais paliativos.

Segundo os manifestantes, depois de sete meses sem contar com qualquer recurso, o turismo exige uma solução, já que toda a comunidade do município “depende em sua grande maioria da atividade turística”, disse Santiago Lucenti, da Associação Hoteleira Gastronômica e Afins.

Longas filas de caminhões na rodovia fechada. Foto Aire Media Group/El Independiente Iguazú

O secretário de Turismo de Misiones, José María Arrúa, disse entender a razão das queixas, mas que o momento é o de priorizar a saúde.

“É preciso ver se no dia 1º (de outubro) podemos começar a receber voos e, se abrir o turismo, se as pessoas vão querer vir a um lugar com circulação comunitária (do coronavírus). Não sei que quantidade de turistas vão querer visitar o destino, por isso é importante que nos sigamos cuidando, que é o elemento que se deve ter em conta para receber as pessoas”, afirmou.

Ao contrário de Foz do Iguaçu, Puerto Iguazú não recebe voo de lugar algum, nacional ou internacional. O governo ia autorizar o retorno dos voos de cabotagem no dia 1º de setembro, mas a medida foi adiada para outubro. E ainda não está confirmada.

Menos procura pelo parque

Sobrou metade dos ingressos, nos últimos finais de semana. Foto El Independiente Iguazú

O Parque Nacional Iguazú abre nos finais de semana, para caminhadas recreativas, a moradores de Puerto Iguazú e visitantes da província de Misiones. No entanto, nos últimos dois finais de semana, menos da metade dos 1.000 ingressos (para os dois dias) colocados à disposição do público, via internet, foram utilizados.

No sábado passado entraram no parque 197 pessoas, das quais 71 moradores de Puerto Iguazú e 126 vindos de outras cidades de Misiones. No domingo, 227 visitantes, 149 de Puerto Iguazú e apenas 78 da província.

Pra efeito de comparação: no sábado do feriado de 7 de setembro, o Parque Nacional do Iguaçu recebeu 2.275 visitantes, vindos de 16 estados.

A maioria veio de carro, já que ainda não há voos para atender muitas cidades, como antigamente (em outubro, o aeroporto de Foz voltará a ter voos para Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro-Galeão, São Paulo-Congonhas e Ponta Grossa, além de retomar a ligação com Santiago do Chile, no dia 25 de outubro).

Covid-19

Para o secretário de Turismo de Misiones, o surgimento de casos de coronavírus foi responsável pela redução na vida de moradores da província. Ele comparou com outro atrativo, o parque Moconá, que cada vez recebe mais visitantes, porque lá não há circulação do vírus.

Esse temor dos visitantes parece exagerado. Em toda a província de Misiones, foram registrados até agora 92 casos de covid-19, desde o início da pandemia. Houve três óbitos. Em Puerto Iguazú, nesta segunda-feira, 28, houve um caso confirmado da doença. Outros dois pacientes tiveram alta. Não há registro de morte.

Numa situação que pode ser considerada bem mais severa, Foz do Iguaçu soube difundir que é um destino seguro para o visitante, que encontra, já no aeroporto, protocolos sanitários bem definidos e rigorosos. E isso se repete nos atrativos, nos hotéis e nos restaurantes.

Muitas restrições

Mesmo que viesse o máximo permitido para acesso ao Parque Nacional Iguazú (1.000 por fim de semana), de pouco adiantaria para os setores hoteleiro e gastronômico.
 
O empresário Santiago Lucenti diz que “as empresas estão à beira da falência. Já são mais de 400 postos de trabalho que se perderam de forma direta. Se não houver uma solução nem uma ajuda por parte do governo, o mês que vem será catastrófico”, vaticina.

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