Servidores fecham acesso à Ponte da Amizade para cobrar reposição salarial

O “Dia do Basta!” uniu diversas categorias que denunciam perdas de 25% da remuneração com o congelamento mantido pelo Governo do Paraná.

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O “Dia do Basta!” uniu diversas categorias do funcionalismo estadual que apontam perdas de 25% da remuneração com o congelamento salarial.

Servidores estaduais fecharam o acesso à Ponte Internacional da Amizade, na fronteira do Brasil com o Paraguai, nesta segunda-feira, 27, para cobrar do Governo do Paraná o pagamento da reposição salarial, congelada há quase seis anos. O ato, denominado “Dia do Basta!”, reuniu em Foz do Iguaçu 1,5 mil funcionários públicos vindos de todo o estado.

Durante a manifestação, o trânsito à Ponte da Amizade foi completamente interrompido por uma hora, e houve caminhada pela rodovia que conduz à via de ligação internacional. Representantes dos trabalhadores do serviço público paranaense revezaram-se no carro de som que permaneceu na área próxima da aduana brasileira na fronteira.

A manifestação foi organizada pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES) e pela União das Forças de Segurança (UFS). As entidades denunciam que a defasagem das remunerações já atingiu 25,44%, pelo calote na reposição do índice da inflação anual previsto em lei, o que corrói o equivalente a quatro salários por ano de cada servidor do Paraná.

Caso o governo de Ratinho Junior (PSD) não abra negociação sobre a pauta, não estão descartadas outras paralisações. Participaram do protesto na Ponte da Amizade profissionais da saúde, policiais civis, penais e militares, educadores, técnicos de instituições do ensino superior e trabalhadores de outros segmentos.

Servidores estão há quase seis anos sem a reposição salarial da inflação – Foto: Marcos Labanca

“Paramos toda a Ponte da Amizade em defesa do nosso salário, da reposição da inflação, não é reajuste”, enfatizou a coordenadora do FES, a professora Marlei Fernandes. “O governo não pode mais ignorar que há uma desfasagem salarial e que estamos no limite. Hoje é o dia do basta: basta de calote, basta da falta de respeito de Ratinho Junior com os servidores”, completou.

No ato público unificado, os servidores destacaram que o custo de vida não para de subir. Mencionaram os aumentos no preço dos alimentos, gás, água, energia elétrica e combustíveis, afirmando que parte dos servidores está com dificuldades de garantir o sustento familiar. Segundo dados oficiais, a inflação dos últimos 12 meses já superou 10%.

Servidores fizeram passeata pela rodovia de acesso à ponte – Foto: Marcos Labanca

Integrante da coordenação da União das Forças de Segurança (UFS), Kamil Salmen denunciou a falta de diálogo por parte da administração estadual. “Está na hora do governador começar a levar a sério e respeitar o funcionalismo do Paraná, e parar de virar as costas. Nós não somos seus inimigos. O que queremos é sentar à mesa de negociação sobre a nossa pauta, o pagamento da reposição”, sublinhou o policial.

Nas falas públicas realizadas durante o ato, os servidores lembraram que os segmentos essenciais do funcionalismo nunca deixaram de trabalhar ao longo da pandemia de covid-19. Assim foi com o pessoal da saúde, da educação e da segurança pública, que manteve as atividades enquanto outros setores suspenderam as funções laborais.

Governo que impor novo calote

O governador Ratinho Junior fez aprovar na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), por meio da sua base de sustentação política, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2022 sem reposição dos salários. Contraditoriamente, a normativa elevou de R$ 12 bilhões para R$ 17 bilhões as isenções fiscais destinadas a grandes empresários.

“Por isso, seguiremos mobilizados e unidos por nosso direito à reposição salarial, que não é favor de Ratinho Junior e de nenhum governante, mas um direito, uma obrigação que está na lei”, ponderou Madalena Ames, da organização local do protesto. “Precisamos impedir a pretensão do governo de mais um calote”, finalizou.

Líder do governo anuncia proposta

O líder do governo na ALEP, o deputado Hussein Bakri (PSD), anunciou que será apresentado ainda neste ano um projeto prevendo reposição salarial aos servidores estaduais. Segundo ele, o índice de reajuste está sendo a avaliado e valerá para o início de 2022. Ele disse que a gestão também pretende pagar progressões e promoções de 2021 e o PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) dos professores. As informações são da Assembleia Legislativa.

Conforme Hussein Bakri, a pauta da reposição está sendo discutida com o FES. “Estamos conversando sobre a data-base. Ainda não sei o índice, mas o reajuste será sim oferecido aos servidores, por quem o Governador tem enorme estima e respeito”, disse o deputado. O parlamentar ainda declarou que a Lei Mansueto proíbe qualquer reajuste salarial até o final deste ano. Essa lei concede socorro financeiro emergencial aos estados durante a pandemia, com recursos federais.

“Não dá para diminuir que tivemos uma pandemia, em que daria para riscar a questão fiscal do Estado neste período. A grande luta foi para salvar vidas e milhões de reais foram destinados a essa finalidade”, completou Hussein Bakri.

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