Batalhão do Exército

Foi assim, manu militari, pela mão militar, que no final do século XIX o Brasil iniciou a ocupação efetiva e a colonização do Oeste do Paraná, a partir de Foz do Iguaçu. Essa marca militar acompanharia os passos da região em toda a seqüência de sua história.

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Foi assim, manu militari, pela mão militar, que no final do século XIX o Brasil iniciou a ocupação efetiva e a colonização do Oeste do Paraná, a partir de Foz do Iguaçu. Essa marca militar acompanharia os passos da região em toda a seqüência de sua história. 

Aquele primeiro destacamento da Colônia Militar marcou presença durante 24 anos (1989 – 1913). Em 1913, decreto do presidente da República emancipou, na verdade extinguiu a Colônia Militar do Iguaçu, e o incipiente povoado passou à jurisdição do governo do Paraná, como parte do município de Guarapuava. 

“Emancipando-se do Ministério de Guerra, Foz do Iguaçu transformou-se de praça de guerra que era, em povoação civil, entregue aos cuidados de seus próprios cidadãos”, diz um boletim de registros históricos do Batalhão. 

Só em 1932, o governo brasileiro voltou a ocupar-se da integridade territorial e da soberania nacional sobre o extremo Oeste do Paraná. Dizem os registros do Batalhão: Em 1932 cogitou-se, de novo, sediar tropa do exército nesta localidade, pois, com a extinção da Colônia Militar, e colonização desta região, já que era realizada por elementos alienígenas, não contou com elemento aglutinante, como soe ser o Exército Nacional, chegando ao ponto de a moeda corrente ser o peso argentino.Assim foi criada a 1ª Companhia Independente de Fronteira, em 13 de maio de 1932. 

A missão da Companhia Independente de Fronteira era a mesma da Colônia Militar: ocupar fisicamente a fronteira Oeste do Paraná. Para isso, distribuiu vários destacamentos ao longo do rio Paraná, até perto de Guaíra, onde outro Batalhão foi instalado. (A unidade militar chamava-se Companhia Independente porque, na estrutura do Exército, uma companhia é normalmente subordinada a um batalhão, mas esse não era o caso de Foz do Iguaçu, que não integrava qualquer batalhão, e sim era subordinado diretamente à 5ª Divisão de Infantaria da época, hoje 5ª Região Militar).
 
Foz do Iguaçu em particular e a região em geral têm uma fisionomia militar. Nasceu e cresceu à sua sombra. 

Até a construção da usina de Itaipu e a explosão de progresso e povoamento que provocou, o quartel do Exército sempre foi a referência maior, a realidade mais poderosa de Foz do Iguaçu. 
Essa condição se diluiu com a complexidade do progresso das últimas décadas, mas ainda assim, o Batalhão do Exército, hoje com o nome de 34º Batalhão de Infantaria Motorizado (34º BIMtz), continua imponente, com sua tropa de aproximadamente 700 homens e uma privilegiada área de aproximadamente 118 hectares no coração da cidade. 

Em toda sua história, passaram pelo Quartel de Foz aproximadamente 25.000 homens, aprendendo a ser sentinelas avançadas do Brasil, como diz um antigo e vistoso letreiro posto sobre um barranco de onde é legível à distância. 

O serviço militar foi durante muito tempo, para os jovens da região, quase a única oportunidade de passar por algo parecido com uma escola complementar às primeiras séries de ensino elementar. E para um número seleto desses jovens, o quartel era alternativa profissional: a carreira militar. 

De Batalhão de Fronteira a Batalhão de Infantaria 
Além de ocupar e defender fisicamente a fronteira e dar instrução militar, o Batalhão de Fronteira tinha outras incumbências, do gênero específico da atividade policial. Combatia, reprimia o contrabando, especialmente de café, controlava o trânsito de pessoas e carros na Ponte da Amizade e patrulhava a cidade à noite, com soldados armados circulando em Jeep. Foi assim até meados da década de 70, e o banditismo na cidade era quase nulo. 

O efetivo da Companhia Independente era de cerca de 250 homens. Mas em 1943 trocou de nome e características e passou a chamar-se 1º Batalhão de Fronteira (1º BeFron.) Teve suas instalações ampliadas para comportar efetivo de aproximadamente 700 homens. 

Nova mudança ocorreu em dezembro de 1980. Trocou o nome para 34º Batalhão de Infantaria Motorizado (34º BIMtz). É 34º de uma série de mais de 70 batalhões do gênero em todo o país. Não foi só uma mudança de nome, mas também de estrutura operacional, com duas companhias de fuzileiros, uma de apoio e outras de serviços. Cerca de 40% do efetivo é variável, formado por recrutas para o serviço militar. Os outros 60% constituem-se de oficiais e aspirantes engajados que seguem a carreira militar. 

Além das instalações do quartel, o 34º BIMtz dispõe de 19 residências para oficiais e 40 para suboficiais, hotel de trânsito e terrenos em diferentes pontos do município, inclusive apreciável área de mata às margens da Estrada das Cataratas. 

Da área de 118 hectares onde o quartel está instalado, cerca de dois terços constituem reserva ecológica de preservação permanente. É um velho sonho da população de Foz do Iguaçu conseguir a transferência do quartel para outro local, passando para a cidade as edificações e a reserva ecológica. 

Tratativas, que se desenvolvem há muito tempo, propõem permuta entre o município e o Exército. Não é conveniente para o Batalhão continuar encravado no centro da cidade. E para a cidade, dispor dessa área abriria enormes possibilidades urbanísticas, ambientais, culturais e turísticas. 

Fonte: Livro Foz do Iguaçu – Retratos, junho de 1997

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