É do seu tempo? A Favela da Pluma ficava na entrada de Foz do Iguaçu. Cerca de vinte famílias viviam na ocupação, na Avenida Costa e Silva, as quais ganharam casas no Porto Meira, mostrou o jornal Nosso Tempo.
A transferência para as novas casas foi em março de 1998, mais especificamente para o Profilurb. Na época, a prefeitura implementava um projeto chamado de “desfavelamento”.
A cidade, como é sabido, herdou um grande passivo social devido à construção da Itaipu Binacional. O município cresceu desordenadamente, impactando especialmente os estratos populares.
Na edição n.º 301, o semanário disse que a medida do poder público significava “algumas gotas de água no gigantesco deserto” que envolvia a demanda por moradia. Aliás, problema não resolvido até hoje.
No final dos anos 1980, Foz do Iguaçu vivia a redemocratização, tendo conseguido eleger prefeito com voto direto dos moradores. A administração, na época, fez uma pesquisa de campo sobre a realidade socioeconômica.
“Foi feito um cadastramento para medir o volume de miséria que se espalha pelo município”, explicou o jornal. O levantamento “registrou a existência de 4.930 famílias, ou aproximadamente 23.000 pessoas, vivendo no mais baixo grau de miserabilidade, agrupadas nas inúmeras favelas.”
Atualmente, como paralelo, Foz do Iguaçu mantém a maior ocupação urbana do Paraná. E persistem dezenas de favelas e instalações precárias, no aguardo de um programa habitacional eficiente.
Favela em Foz do Iguaçu
A Favela da Pluma tinha esse nome porque cresceu junto à garagem da empresa de ônibus homônima, que já não existe mais. Era um “cartão-postal” ao contrário no acesso/saída do município.
Equipes da prefeitura fizeram o transporte das pessoas e de “seus miseráveis pertences” para as casas no Porto Meira. As moradias foram custeadas pelos governos municipal e federal.
As casas de alvenaria tinham 30 metros quadrados de área, cobertura de eternit, instalação de luz e água, elencou o Nosso Tempo. Eram cercadas de infraestrutura, como comércio e escolas.
“As edificações são rústicas e miúdas, para as famílias geralmente numerosas”, narrou. “Mas representam um conforto e uma conquista que os torna privilegiados em relação aos miseráveis que ainda não podem deixar para trás os barracos feitos de retalhos de madeira, papelão e plástico”, escreveu o jornal, com crítica social.
Os moradores, em suas casas novas, passaram a pagar uma prestação que representava 10% do salário mínimo – 600 cruzados mensais”, anotou o periódico. O recurso era para construir novas residências, explica.
Acesse a reportagem na publicação original.
História de Foz a um clique
O portal Nosso Tempo Digital reúne todo o acervo do jornal, projeto lançado para marcar o aniversário de 30 anos do periódico rebelde. Assim, o objetivo é preservar a memória da cidade, facilitar o acesso à história local e regional, e democratizar a consulta ao acervo midiático por meio da internet.
O acesso é gratuito. O acervo constitui fonte valiosa para o morador desejoso de vasculhar a história da cidade e de seus atores, contada nas 387 edições do jornal que foram digitalizadas, abrangendo de dezembro de 1980 a dezembro de 1989.
*Texto produzido sem pesquisa adicional. Na versão original, é possível haver incorreções de datas e nomes devido à composição manual da época.