Conferência expõe lacunas ambientais de Foz

Município não tem legislação para proteção de áreas de banhado e carece de diagnósticos para questões ambientais

Programas habitacionais adaptados às mudanças climáticas e incorporação de ações de mapeamento e diagnósticos de riscos em microbacias nos planos diretores são algumas das propostas resultantes da 5.ª Conferência Municipal do Meio Ambiente, realizada segunda-feira, 9, no Teatro Elias Hauagge do Prado, em Foz do Iguaçu.

Com a temática “Emergência Climática, o Desafio da Transformação Ecológica”, cerca de 30 pessoas participaram do debate, que é preparatório para as conferências estadual e nacional de meio ambiente, marcadas para 2025. 

Presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Foz do Iguaçu (Comafi), Marcelo Penayo explica que a metodologia aplicada seguiu orientações do Ministério do Meio Ambiente.

Marcelo Penayo
Cidade carece de diagnósticos, diz Penayo. Foto: Marcos Labanca

Foram trabalhados problemas locais que também podem ser verificados em outros municípios, diz Penayo. Um dos destaques foi em relação à revisão do plano diretor da cidade, prevista para 2027.

“Estamos correndo contra o tempo, estamos em uma situação de emergência climática”, ressalta. Ainda segundo ele, há questões complexas referentes a zoneamento e atualização de leis que precisam ser trabalhadas em Foz.

Uma das preocupações são as zonas úmidas. O município ainda não tem legislação que proteja ou garanta que uma região de banhado, considerada extremamente importante ecologicamente, seja aterrada para a ocupação urbana.

Outro problema é a falta de diagnóstico em várias áreas, o que dificulta mensurar, por exemplo, riscos para catástrofes, inundações e desconforto térmico.

O Plano Municipal de Arborização, que ainda não saiu do papel, é um exemplo de diagnóstico que pode proporcionar mais conforto térmico à cidade.  

Conferência do meio ambiente
Cerca de 30 pessoas participaram dos debates. Foto: Marcos Labanca

Propostas passam por cinco eixos

Foram feitas dez propostas com base em cinco eixos temáticos: mitigação; adaptação e preparação para desastres; justiça climática; transformação ecológica; e governança ambiental.

Em cada eixo foram apresentadas cinco propostas, das quais foram eleitas as duas mais votadas que serão encaminhadas à conferência estadual.   

Eixo I

Criar um núcleo de desenvolvimento sustentável na Tríplice Fronteira para propor soluções integradas em mitigação, adaptação e transformação climática, com base em estudos e modelos bem-sucedidos de outras regiões de fronteira.

Tornar obrigatório um plano de mobilidade urbana integrada com ciclovias, modais conectados e foco em eficiência energética e redução de emissões.

Eixo II

Criar receita federal e estadual para fomentar a implementação de políticas e programas municipais relacionados à adaptação às mudanças climáticas para transição de infraestruturas cinzas em infraestruturas verdes e azuis.

Incluir obrigatoriamente o diagnóstico socioambiental georreferenciado para elaboração e revisão dos planos diretores municipais, a partir de financiamento federal e/ou estadual.

Eixo III

Que os programas habitacionais levem em consideração as adaptações às mudanças climáticas, incluindo técnicas de construção sustentável, como a bioconstrução e conforto térmico.

Garantir que os planos diretores municipais incorporem ações de mapeamento e diagnóstico de riscos nas microbacias, com ênfase em áreas periféricas, adequando-se à Lei Federal 14.904/2024, que prevê a elaboração de planos de adaptação às mudanças climáticas.

Eixo IV

Garantir a implementação e fiscalização, de fato, dos planos municipais de gerenciamento de resíduos sólidos como política para redução da vulnerabilidade social.

Criar um fundo municipal de investimentos em pesquisa e inovação para economias de baixo carbono.

Eixo V

Criar/fortalecer programas de educação ambiental nos municípios, envolvendo núcleos de bairros.

Ampliar a divulgação do projeto Bioceânico Eixo de Capricórnio para potencializar a economia verde.

Delegados eleitos

Poder público: Rubyane Brito R. de Almeida

Sociedade civil: Tamara Diaz

Iniciativa privada: Nelton Friedrich

Suplentes

Poder público: Lara Helena P. Vieira

Sociedade civil: Ana Alice Eleutério

Iniciativa privada: Isis de Cristo

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