Turista em Foz consome frutas de outros estados. Por que não da região?

Exemplo de Foz foi citado pelo pesquisador Sérgio Carvalho, do Iapar. Paraná pode ser maior produtor de frutas do Brasil.

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“Muitas frutas consumidas pelos turistas em Foz são importadas de outros estados”, diz o pesquisador Sérgio Carvalho, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), como exemplo de mercado aberto para a produção de frutas no Estado.

E é fato: embora o Oeste tenha amplas extensões de terras agricultáveis, comemos frutas vindas de outros estados e países, e pouca coisa produzida nas imediações. E o interessante, como diz o pesquisador, é que, como produzir frutas exige muita mão de obra, não interessa ao grande produtor, mas sim ao agricultor familiar, que pode ter uma renda mais alta do que com a soja.

Veja a matéria completa distribuída pela ANPr:

Para Iapar, Paraná pode se tornar maior produtor de frutas do Brasil

O Paraná é o sexto estado do Brasil que mais produz frutas, mas tem potencial para ser o primeiro, segundo o pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) Sérgio Carvalho. Ele estuda a fruticultura no Estado há quase 50 anos e foi um dos responsáveis por importantes avanços em diversas culturas, como o zoneamento de citros, uva e banana.

“São Paulo lidera a produção nacional principalmente em decorrência da laranja. O Rio Grande Sul por causa da uva. Pernambuco e Bahia produzem muitas frutas tropicais. O Paraná está abaixo desses estados, mas tem ótimas condições geográficas, de clima e solo para liderar em nível nacional”, afirmou.

Foz

“Além de privilegiado em termos edafoclimáticos, estamos situados próximos de grandes mercados consumidores do Brasil e do exterior, o que facilita a comercialização e reduz custos”, explicou.

Frutinha cara, o morango também vem de longe. Foto Emater

O pesquisador dá como exemplo a proximidade da região Oeste do Paraná com Foz do Iguaçu, segundo maior destino turístico do país. “Muitas frutas consumidas pelos turistas em Foz são importadas de outros estados”, disse.

Pequenas propriedades

 Carvalho também lembrou que a predominância de pequenas propriedades no Paraná é outro fator que pode contribuir para o Estado produzir mais frutas.

“Fruta não é commoditie e exige muita mão de obra. Fruticultura é uma atividade econômica com riscos e peculiaridades que vem ao encontro da agricultura familiar”, explicou o pesquisador.

A produção de abacaxi é mais rentável que a de soja. Foto Emater

Ele observou que o produtor de abacaxi, por exemplo, pode faturar em torno de R$ 50 mil por hectare em uma safra, muito mais que a soja. A mão de obra, no entanto, está faltando no campo e a cultura exige muito trabalho manual.

“Se não for agricultura familiar, fica complicado”. Para alcançar melhores resultados na fruticultura, sugeriu, é fundamental que sejam criadas políticas públicas de incentivo à cadeia produtiva.

Uva

Carvalho e a pesquisadora Alessandra Detoni fazem parte de um grupo criado pelo Governo do Paraná para fortalecer e ampliar a cadeia da uva paranaense. Os integrantes do grupo trabalham em diversas ações, sendo uma delas a difusão de tecnologia.

Na última semana, os pesquisadores do Iapar e o extensionista da Emater Célio Potrich, junto com técnicos da iniciativa privada, realizaram um curso sobre viticultura para dezenas de pessoas no Polo Regional de Pesquisa do Iapar em Santa Tereza do Oeste.

No encontro, Carvalho traçou um panorama da fruticultura no Paraná e no Brasil e Alessandra falou sobre a importância do planejamento e implantação do pomar. “Antes de comprar mudas e preparar a área, é preciso pensar se existem indústrias na região, se há um bom mercado consumidor. Muitas vezes a falta de planejamento é causa do insucesso”, salientou.

A pesquisadora também salientou aspectos agronômicos e econômicos do programa de melhoramento genético do Iapar, que está avaliando as potencialidades das variedades de uvas rústicas e finas. “Estamos buscando variedades que sejam boas para produzir, que tenham boa possibilidade de comercialização, mas que também apresentem resistência a doenças, como o míldio”, explicou.

Técnicas

O produtor rural Nelson Iesque participou do evento. Ele conduz uma pequena propriedade com a família em Santa Tereza do Oeste, onde produz apenas morango na área de fruticultura. Iesque está se preparando para começar na produção de uva e ficou animado com as informações do curso.

“A gente não sabe como fazer direitinho. Precisa ter os técnicos explicando”, disse.

Ele lembrou também que todo pequeno agricultor precisa ter uma renda extra e que o mercado consumidor na região é bom. “Minha ideia é vender a produção em Santa Tereza ou em Cascavel”, afirmou.

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