Vôo a um passado não muito distante

Há 23 anos era realizado o primeiro seminário de turismo de Foz; a Secretaria de Turismo e o Parque do Monjolo foram algumas das propostas levantadas na época

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Há 23 anos era realizado o primeiro seminário de turismo de Foz; a Secretaria de Turismo e o Parque do Monjolo foram algumas das propostas levantadas na época 

Por Chico de Alencar 

O turismo sempre esteve presente no dia a dia de Foz do Iguaçu, mas foi em 1980 que esse segmento começou a ser debatido e analisado profissionalmente. O Primeiro Seminário de Turismo de Foz do Iguaçu foi realizado entre os dias 27 e 30 de agosto de 1980 e reuniu 148 pessoas no Hotel Bourbon. O evento foi promovido em parceria pela Prefeitura Municipal e Itaipu Binacional, que tinham como titulares na época Clóvis Cunha Viana e José Costa Cavalcanti. 

Nessa época, Foz não tinha ainda – pasmem – uma secretaria municipal de turismo. Em números redondos o Parque Nacional do Iguaçu (PNI) recebia um milhão de turistas por ano. Ao preço da taxa de visitação de um cruzeiro, cruzado ou seja lá qual era a moeda predominante, num país que troca seu nome à cada governo, cortando zeros à direita para “diminuir” a inflação endêmica. 

Eu sonhava com a participação do município na receita do parque nacional com destinação específica para: urbanização da Rodovia das Cataratas. A intenção era transforma-la numa “Rua 24 horas”, nos mesmos moldes da de Curitiba de hoje, no decorrer de todo o trecho com muita iluminação e policiamento ostensivo, além da divulgação. O que aprontamos, Antonio Cirilo e eu para que a sociedade se mobilizasse e cobrasse das esferas estaduais e federais neste sentido, só os antigos sabem. 

Essa era uma das principais propostas que elaboramos para o primeiro Seminário e a íntegra acabou chegando aos ouvidos do IBDF, hoje Ibama. Tanto é que mandaram um “Laranja” para torpedear a proposta, sob a alegação que o PNI não podia abrir mão de sua receita porque sustentava outros parques brasileiros que não auferiam lucros, como aqui. 

Coube a mim redigir, com apoio dos colegas da época, a carta do Clube de Imprensa de Foz do Iguaçu, neste sentido. Redigi-la e apresentá-la ao seleto público presente. 

Teimosia pura – Mal acabei de falar e o “Laranja” do IBDF pediu a palavra, já torpedeá-la amparado na lei. Retomada a minha palavra, insisti que não queríamos abiscoitar parte da receita do seu órgão, mas sim aumentar 10% ao valor na taxa da visitação do parque, para os propósitos anunciados. Mal merecemos uma citação na “Carta de Foz do Iguaçu de Turismo”, como vocês verão logo adiante em alguns trechos. 

Apenas muitos anos depois, quando Luciano Pizzato assumiria a Diretoria de Parques e Florestas do então IBDF, no governo estadual de Álvaro Dias, ligou-me de Brasília, após o ato de sua posse. Ele disse mais ou menos assim, “Chico: quero lhe dizer que trouxe no meu bolso de paletó, o textinho de sua coluna que cobrava de mim aquela decisão, é que este foi o primeiro ato e decreto de minha gestão aqui”. 

Wadis Benvenutti era o presidente do Paranatur e comemoramos juntos, todos nós. Acontece que, ao invés de 10% de aumento na taxa de ingresso no Parque Nacional do Iguaçu, Pizzato a elevou para 100% destinando a metade para o governo do Estado e não para Foz do Iguaçu como pretendíamos. Como Wadis era o homem do turismo no Paraná, entendemos que a gente acabaria se beneficiando e comemorando a vitória por uma luta de mais de 10 anos. 

Incúria endêmica – Nós estamos cansados de saber que no Brasil o governo mais atrapalha do que ajuda os contribuintes. E foi o que aconteceu com o governo Álvaro Dias, que inepto, omisso e negligente recebeu apenas uma parcela, mandou uma merréca para Foz e acabou deixando caducar o convênio. Pelo menos a Secretaria Municipal de Turismo, iniciativa que a imprensa local apoiou com força total, acabou sendo criada e levando Luiz Guilherme Faria de Siqueira ao honroso titulo de 1º secretário de Turismo de Foz do Iguaçu. 

Não quero e nem estou a fim de analisar ou sequer julgar seu desempenho, mas ai esta até hoje o órgão municipal de turismo de um do mais importante pólo de destinos do país. 

Ainda no embalo dos reflexos energizantes da visita do ministro de Turismo, Walfrido dos Mares Guia, à Foz do Iguaçu, coincidindo com uma série de outras iniciativas formidáveis e alvissareiras, por conta da Itaipu do iguaçuense Jorge Miguel Samek e da administração municipal e estadual com o PMDB de Roberto Requião e Sâmis da Silva, do secretário de Turismo Estadual, Cláudio Rorato e do deputado estadual e do ex-prefeito, Dobrandino Gustavo da Silva, sem falar na aproximação direta com o governo Lula, achei ser oportuno e pertinente esta volta a um passado não muito distante, 23 anos apenas, que registramos este episódio “histórico” de nossa cidade e seu turismo, com a determinação de enviá-lo ao Walfrido dos Mares Guias e ao diretor administrativo e financeiro da Embratur, o paranaense Emersom Palmieri que nos honraram com suas visitas e suas declarações de amor, respeito e consideração para com a nossa Terra das Cataratas. 

Essa era uma das metas para o Seminário e a íntegra chegou ao IBDF (hoje Ibama) que mandou um “Laranja” para torpedear a proposta sob a alegação que o PNI não podia abrir mão de sua receita porque sustentava outros parques que não auferiam lucros 

Nessa época, Foz não tinha ainda – pasmem – uma secretaria municipal de turismo. Em números redondos o Parque Nacional do Iguaçu (PNI) recebia um milhão de turistas por ano. 

Chico de Alencar é jornalista 

Fonte: Revista Cabeza, edição nº 12, julho de 2003

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