…Em estado de coma…!

Waldson de Almeida Dias, servidor público municipal, fala sobre a Feira do Livro de Foz do Iguaçu.

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 Waldson de Almeida Dias – OPINIÃO

VÍDEO: O que sabemos sobre nós mesmos? Assista à nova história da série Vidas do Iguaçu.

JOVEM DE 18 ANOS EM ESTADO DE COMA! Ela nasceu envolta em uma energia de cultura e educação em um tempo em que a cidade almejava por isso. Em um tempo em que a cidade almejava criar para si e para os países vizinhos uma identidade que afirmasse sua liderança não somente no Mercosul, mas sua liderança tal qual uma cidade multicultural onde diversas etnias apresentariam suas culturas, suas raízes e viveriam em harmonia, uma harmonia que somente o conhecimento é capaz de proporcionar, o conhecimento pela cultura do outro. E essa cultura se adquire principalmente lendo o outro!

Ela nasceu envolta em uma esperança de que através dos livros, da leitura e da literatura a cidade das águas passaria também a ser conhecida como a cidade do conhecimento. Um bairro chamado “Cognópolis”, ‘cidade do conhecimento’, foi criado e serviu de berço para o nascimento desta menina que hoje respira por aparelhos.

Eu estava presente no dia de seu nascimento! Ela foi gestada por um grupo de pessoas que tinham o conhecimento como balizador de suas existências. Era aniversário do Centro de Altos Estudos da Consciência – CEAEC e ao invés de ganhar o presente, a equipe do CEAEC queria dar o presente a cidade e o fez com maestria. Organizou, fecundou e pariu uma Feira do Livro! A cidade a recebeu de braços abertos, pois a gestação aconteceu em parceria com o poder público da época, que também almejava a transformação cultural da cidade.

Ela nasceu livre e feliz! Cercada de amor, carinho e cuidada por seres humanos que a amavam muito antes de sua concepção, seu planejamento e principalmente aceitação. A cidade ansiava pelo novo e o novo chegou chegando, chegou trazendo conhecimento e conhecimento que ultrapassou fronteiras. Ela nasceu para viver em liberdade, nasceu em praça pública e foi abençoada por um imortal. Nada melhor que ser abençoada pelos Deuses do Olimpo das letras, os chamados imortais da Academia Brasileira de Letras.

Eu estava lá! Eu estava ao lado do imortal escritor gaúcho Moacyr Scliar e do Prefeito Paulo Mac Donald, quando ela sorriu para vida. Não! Não chorou, ela sorriu e festejou junto com a população em praça pública e um grande número de expositores. editoras de várias partes do país e do exterior se fizeram presentes e o poeta Castro Alves renasceu, pois, a praça realmente pertence ao povo, assim como ele sempre proclamou e naquele e em muitos outros dias pertenceu.

Recebi a grata satisfação e honra de usar a palavra e saudar a recém-nascida, antes do Prefeito da cidade e do imortal ali presente! Não falei bonito pois a emoção era maior, mas falei com sentimento de felicidade em poder fazer parte de um projeto transformador, de um projeto que alcançaria as crianças e as colocaria diante do gosto pela leitura, pela literatura e consequentemente as ensinaria a amar os livros e através deles viajar, sonhar, sentir e adquirir conhecimento suficiente para serem gestor de suas próprias vidas e terem o discernimento para decidir o caminho a seguir.

A linda menina me sorriu ao final de minha fala! E sorriu para os demais atores e atrizes que falaram naquele momento épico! Quando o prefeito deu por aberta a I Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu, a praça das Nações, também conhecida como praça do Colégio Mitre se transformou em um pólo de cultura e nem mesmo o frio que fazia aquela noite, há 18 anos, foi capaz de tirar o brilho que emanava dos olhos das pessoas! Juro que ouvi Naipi e Tarobá agradecerem e aplaudir!

A menina recém-nascida conheceu grandes autores, grandes e especiais professores, personalidades locais, nacionais e internacionais. Seu nome começou a ser conhecido nos quatro cantos do mundo e todos sabiam que ela acolhia de maneira muito especial a todos que viessem com ela ter. A todos que viessem participar anualmente durante alguns dias dos melhores e mais importantes debates culturais que os livros podiam proporcionar. E havia shows! Não somente shows de conhecimento através dos livros, mas através do conhecimento de canções cantadas pelo melhor da música popular brasileira e dos países fronteiriços.

Cantores, autores, autores cantores, poetas e poetisas estiveram junto a ela e a população os aplaudia em pé e pedia ‘bis’. Ela logo se tornou o encanto da cidade, o evento mais aguardado do ano. Mas, a jovem menina que este ano completou 18 anos de vida, nem sempre teve uma vida fácil, mesmo diante de todo glamour que tinha.

Em dado momento resolveram trocar seu nome e a chamar de “Salão Internacional do Livro”, a retiraram de sua casa, a praça do Mitre e a colocaram a viver em frente ao prédio da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu, entidade governamental que assumiu sua criação após a equipe do Centro de Altos Estudos da Consciência – CEAEC, entregarem sua criação a cidade!

Os dias não foram lá muito fáceis em novo corpo, ao se chamar salão, mas seu brilho não se apagou. Ela resistiu até mesmo a chuva que em um ano molhou tudo e todos, livros e livreiros.

Com o passar do tempo recuperou seu nome de nascimento: Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu. Identidade restabelecida ela enfretou outro problema, foi aprisionada em um shopping center da cidade, distante da população, distante da praça e da energia amorosa da população. Na época foi a saída que o governo vigente achou devido a falta de verba para que a menina moça continuasse a existir, já que em praça pública não seria possível.

A praça das Nações, Praça do Colégio Mitre, recebeu umas madeiras sem nexo como decoração e um chafariz que condiz muito bem com uma cidade que não possui casos de dengue, (contém ironia)! Diante de tanta beleza, a praça ficou inviável para que a menina moça Feira do livro continuasse a habitar tão nobre lugar.

Ela foi deslocada para habitar na Avenida Juscelino Kubitscheck, local conhecido como Complexo Bordin, onde até hoje está a Secretaria Municipal de Educação. Tudo haver pensou ela, educação e livros é a parceria perfeita! Em um dos anos que ali residiu, recebeu o ilustre professor Carlos Rodrigues Brandão, amigo e discípulo do educador e filósofo brasileiro Paulo Freire. A menina chorou e sorriu de felicidade e todos ali presentes escutaram e viram a educação ser elevada há uma potência jamais imaginada pela cidade e pelos seus criadores.

Neste mesmo local ela, a feira, homenageou a primeira escritora negra. A escritora Carolina Maria de Jesus, e sua família, filha, neta e bisnetos se fizeram presentes e com eles toda uma população, que lotou as oficinas e sessões de autógrafos. A artista e cantora global, Zezé Mota se fez presente com um show simplesmente inesquecível e antes de ir embora da cidade agradeceu pela oportunidade de homenagear Carolina Maria de Jesus, estar na feira e conhecer as Cataratas do Iguaçu.

Não podemos falar da jovem menina Feira do Livro sem falarmos das Cataratas, pois tive a oportunidade de acompanhar vários escritores, cantores e personalidades que vinham a cidade para feira e que solicitavam ir as cataratas. Ouso dizer que as Cataratas do Iguaçu e a Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu são patrimônios da cidade.

Neste momento, ao completar seus 18 anos, ela respira com ajuda de aparelhos e está em Estado de Coma. Ela que recebeu um dos maiores sociólogos do mundo, Domenico de Masi, conversou com Martinho da Vila, escutou Chico César, o tremendão Erasmo Carlos, o Titã Arnaldo Antunes e muitos outros nomes da MPB.

Mas ela cresceu e o Complexo Bordin ficou pequeno, o espaço diminuiu e a jovem menina de 14 anos foi novamente realocada de endereço, cada vez mais distante da população que necessita de transporte de qualidade para se locomoverem, principalmente à noite, horário em que a maioria das grandes apresentações acontecem. O local foi o clube GRESFI, local histórico da cidade, onde um dia abrigou o primeiro aeroporto da cidade. Tinha tudo para decolar, mas a pista contém buracos e estes buracos a levaram ao coma!

Em seu primeiro ano na nova moradia recebeu a escritora laureada com o prêmio Jabuti, o maior prêmio da literatura brasileira, Conceição Evaristo. Conceição não veio sozinha, junto com ela muitos escritores de renome estiveram presentes para saudar a feira. Carpinejar, Zeca Camargo, Mário Magalhães, Eduardo Reina e muitos outros. Alguns dias antes da feira começar teve um aquecimento cultural, os grandes escritores Walter Hugo Mãe e Mia Couto estiveram na cidade, efetuaram palestras, deram autógrafos. E a feira aconteceu em grande nível, nunca havia visto a menina moça tão feliz, o sucesso havia alcançado seu ápice! Eu aplaudi de pé!

No ano seguinte veio a pandemia! Ela, a jovem feira se apresentou de máscara e de máscara assisti o escritor Daniel Munduruku falar em uma educação inclusiva e acessiva a todos. O público que compareceu foi bem menor, ainda estávamos sobre o medo e os efeitos da pandemia. Percebi que a jovem feira também tinha sido afetada!

No momento em que as vacinas chegaram para o bem de quase todos e felicidade da maioria inteligente da nação as pessoas no Brasil perceberam que os escritores haviam feito trabalhos maravilhosos e que os livros foram seus grandes amigos para os momentos de medo e solidão durante o confinamento que o vírus nos obrigou a fazer.

Novos autores surgiram com trabalhos maravilhosos, entre eles Itamar Vieira Junior, que vem ganhando todos os prêmios nacionais e internacionais que a literatura pode conceder. Seu livro “Torto Arado” já foi traduzido e lançado em mais de vinte países!

As feiras de livros retornaram com força total. Estive no retorno da Festa Literária de Paraty, a FLIP, que reuniu  em praça pública, contando com o povo da cidade e visitantes, em pleno os jogos da copa do mundo de 2022, o número de 142 mil pessoas. Pessoas estas que faziam nosso caminhar nas ruas da cidade antiga serem em uma velocidade lenta, pois além da multidão nas ruas, os autores, os escritores também estavam junto ao público. A FLIP homenageou a primeira escritora brasileira, uma mulher negra chamada Maria Firmina dos Reis.

Enquanto isso a nossa jovem feira de Foz, que já tinha saído na frente e homenageado uma escritora negra, padecia por falta de público e de autores representativos desse novo momento da literatura brasileira e da venda de livros no Brasil.

Antes de ir para FLIP no ano de 2022, já percebi que nossa jovem padecia de uma doença grave. A equipe médica que nos últimos anos vem se responsabilizando por ela parecia não estar em sintonia com suas necessidades mais vitais, ou seja: ar! Ela precisava de ar para respirar e esse ar provinha do povo, da população junto com os livros. Qual o sentido de uma feira de livros? Falamos que era a formação de novos leitores e de novas ideias para a construção de uma identidade pessoal e da cidade. Pois este ar estava rarefeito e percebi que a jovem respirava com dificuldade.

A época conversei com alguns livreiros que reclamavam da organização, do local e da falta de público. Concordei com todas as suas reclamações, pois era o que eu também percebia.

E chegou 2023! Todos os livreiros que conversaram comigo no ano anterior não estavam presentes com suas livrarias e sebos! A venda de livros generalizados, ou seja, de todos os autores que estariam na feira e até mesmo os que não estariam se limitou apenas a um único estabelecimento. Estabelecimento este que não possuía livros da grande maioria dos autores que se fizeram presentes na feira para palestrar e autografar.

A festa de aniversário de 18 anos da jovem feira do livro teve como tema “Memória e Literatura”, um tema que não surtiu muito efeito no estado crítico de saúde em que nossa menina se encontrava, pois a memória de uma jovem de 18 anos é algo muito presente ainda e ela, mesmo em um leito de UTI, verteu algumas muitas lágrimas ao me ver. Eu chorei por dentro em ver que seu estado era extremamente grave. Ela necessita de um medicamento muito caro! Não caro no sentido financeiro, mas caro em se tratando do sentido de aquisição.

 Ela precisa de sangue! Sangue humano de todos os tipos. De crianças quando ganham o primeiro livrinho e o lápis colorido para pintarem, o sangue em suas faces os deixam rubros e o sorriso se abre a mostrar os dentinhos ainda em formação. Um futuro leitor começa a se formar!

Sangue dos jovens quando diante de autores de expressão percebem que o sangue ferve nas veias em busca de conhecimento e sentem amor pelos livros e os adquirem em profusão.

Sangue dos de meia idade que andam pelos corredores da feira do livro e sabem o que vão adquirir e dois meses antes já se preparam para as perguntas que vão efetuar aos grandes autores e como vão motivar os autores iniciantes a melhorar.

Sangue tipo o meu, já envelhecido, mas vibrante quando se fala em livros. Ela necessita de gente, de povo, de pessoas, que nos últimos anos deixaram de visitá-la! E a falta desse elemento vital vai decretar a morte em vida!

Eu falei para amigos que me recusava a ir ao seu encontro e ver o estado que estava, mas não resisti, terminei indo. Ao tocar em sua mão senti que sua memória de 18 anos passava toda para mim e a contei para vocês. Ao passar sua memória para mim eu senti como um pedido de socorro. Ela quer viver!

Estamos em 2023, ano de seu décimo oitavo aniversário, ano em que seu corpo jovem apresenta início de metástase, pois seu corpo jovem foi invadido por células com alto poder destrutivo, lhe tirando o brilho dos olhos, sua interação com a população, com a realidade do país em que vive. Ela nem ficou sabendo que um indígena foi eleito para academia de letras, enquanto Ailton Krenak é convidado para todas as feiras de livros do Brasil e chama atenção para o que estamos fazendo com a natureza, a menina de 18 anos recebe calmantes para dormir; enquanto Itamar Vieira Junior se consagra como um dos maiores e melhores escritores brasileiros e sua agenda de palestras e autógrafos se torna uma agenda internacional, o efeito dos soníferos sobre a pobre menina não lhe permitem lembrar que no ano anterior este mesmo autor já um sucesso total compareceu a feira de maneira virtual, mas não ficou muito tempo falando, faltou sangue humano, faltou humanos para apreciá-lo, embora nos lugares que frequento nessa cidade das águas sempre vejo alguém com seu ‘Torto Arado” nas mãos e agora com seu novo sucesso “Salvar o Fogo”.

Sei que minha fala vai incomodar muita gente, mas me sinto um pouco Pai dessa menina e a função de um Pai é lutar pela vida de seus filhos! Será que somente eu que estou vendo que a população da cidade está distante da feira? Será que somente eu que insisto para que a cada ano ela cresça e se torne melhor? Será que somente eu sou o chato?

Não! Não! Não sou somente eu e este ano ficou claro esse fato! Em primeiro lugar a jovem Feira de Livro de Foz do Iguaçu, que este ano completou 18 anos, está no lugar errado. O clube Gresfi não é o lugar para se fazer feira do livro! A feira tem que estar onde o povo está, em praça pública! Cada vez mais o centro da cidade em torno da Praça de Paz se consagra como o local para eventos populares, eis o lugar onde ela tem que estar, uma vez que destruíram a Praça do Mitre.

Eu estive no Gresfi todos os dias e vi e ouvi a jovem Feira do Livro de Foz do Iguaçu, que já viveu dias de glória agonizar. E ao ler uma publicação em um jornal da cidade que a Feira recebeu uma visitação de 18 mil pessoas me indignei! Nem aqui e nem na China! Um público mirrado, onde cinco entre cinco pessoas que conversei, e converso com muitas, me relatava a mesma coisa, que horror essa feira!

Ficou claro que as grandes livrarias da cidade e a maioria dos Sebos boicotaram a feira, pois não se fizeram presentes. Me chamem de mentiroso? Eu estive na apresentação do Cristovão Tezza, autor renomado que já visitou nossa feira nos áureos momentos e havia meia dúzia de “gatos pingados” e uma porcaria de som em um lugar abafado pelo calor que fazia na noite de Foz do Iguaçu. E pasmem, a cereja do bolo, não tinha livro do autor para venda, o único sebo presente tinha dois que sumiram rapidamente. Eu chamo isso de vergonha! e vergonha pode matar uma jovem Feira que deveria ser referência para o Paraná e o Brasil!

Eduardo Bueno, o Peninha, autor consagrado, vencedor de muitos prêmios, lotou o recinto em seu espetáculo, mas reclamou da qualidade do som várias vezes durante sua apresentação e mostrou a falta que faz um TEATRO nessa cidade das águas. E isso ficou muito claro ao escutarmos sua reclamação da qualidade do áudio (som), mas também a postura da plateia que não sabe se comportar diante de uma apresentação teatral. Peninha solicitou que duas jovens desligassem o celular e prestassem atenção no espetáculo. A culpa é das jovens? Não! A culpa é dos gestores da cidade, passados e presentes que até o momento não construíram um equipamento teatral que permita a população aprender a viver a cultura, a respirar cultura. Detalhe: “Também não havia livro do “Peninha” para ser vendido!”. Contra fatos não existem argumentos! Eu chamo isso de vergonha! e vergonha pode matar uma jovem Feira que deveria ser referência para o Paraná e o Brasil!

Eu assisti na feira do livro de Paraty, no Estado do Rio de Janeiro no ano de 2022, a escritora Cidinha da Silva lotar o local de sua palestra /sessão de autógrafos. Ela veio a Feira do Livro de Foz do Iguaçu este ano e foi triplamente desrespeitada!

“Incentivar a leitura, a escrita e consequentemente a formação de novos leitores e de novas ideias é fundamental para a construção da identidade de uma cidade.”                          (Viviane Silva)

Primeiro por não ter o seu livro a venda em nenhum lugar da cidade, que dirá na feira. Segundo, pelo fato de a organização não combinar com a população que consome os livros da autora. Trata-se de uma população que depende de ônibus para se locomover para os bairros e muitos que contatei me disseram que não teriam como retornar para casa, pois o local da feira é contramão, na sua maioria jovens alunos e população negra e periférica. E terceiro, o mais grave, os poucos livros que a autora trouxe em sua bolsa de mão e que estava autografando para um grupo havido para ter seus livros, grupo esse do qual eu fazia parte, teve que ser interrompido quando uma pessoa ensandecida começou a bradar e apagar as luzes mandando todo mundo sair do local. Uma total falta de respeito para com os presentes e para com a autora! O local é do Gresfi e o Gresfi manda, certo? Isso repercuti no meio dos escritores e diminui a Feira e lhe motiva ainda mais para entrar em coma! Sou da opinião que a Fundação Cultural, órgão que organiza a Feira do Livro de Foz do Iguaçu deve pedir, se já não o fez, desculpas formais, para escritora Cidinha da Silva e para Professora da Unila, Angela Souza que foi quem fez a mediação, é o mínimo! Eu chamo isso de vergonha! e vergonha pode matar uma jovem Feira que deveria ser referência para o Paraná e o Brasil!

Há dois dias de começar a feira não se tinha a programação! Ninguém faz uma Feira de Livros em uma semana, um mês; quando se encerra uma feira, no mesmo dia se anuncia a data para o próximo ano, isso se chama planejamento!

A empresa que ganhar a curadoria, tem que primeiro conhecer e ser conhecida pelos escritores brasileiros que hoje movem a literatura brasileira e mundial, sim eu falei mundial, pois se trata de uma feira Internacional. A literatura brasileira, os escritores brasileiros vivem seus melhores momentos. Tenho acompanhado Feiras de Livros em várias cidades do Brasil e o sucesso de crítica e venda é total. A curadoria tem que conhecer a cidade e os livros e autores que os professores estão trabalhando em sala de aula, para assim trazer escritores em que o público compareça, principalmente se for em praça pública. Curador de Feira do Livro que não sente o cheiro dos livros e de gente suada não serve! Fica horrível para a cidade! A reputação da feira cai e autores de expressão vão começar a recusar a vir a Foz e com razão! Eu chamo isso de vergonha! e vergonha pode matar uma jovem Feira que deveria ser referência para o Paraná e o Brasil!

O ponto positivo que vi ficou a cargo da SMED. A Secretaria de Educação e seu vale livro funcionou novamente! É o ar nos pulmões da jovem Feira. Ar que a mantém ainda viva, pois as crianças no estande da Secretaria, entre os livros que lhes eram oferecidos para adquirirem com seus vales livros, oxigenou a Feira e aos amantes da literatura. Uma pena que este vale é somente para as escolas municipais, talvez um projeto de algum Deputado inteligente que represente a cidade, possa contemplar as escolas estaduais, seria algo maravilhoso!

Escutei algumas barbaridades que me fizeram engolir em seco para não vomitar na cara dos protagonistas. Coisas tais como: “não havia orçamento!”; “tempos difíceis!”; “Foz é uma cidade conservadora para se fazer feira!”; “As dificuldades foram muitas, mas é melhor sair assim do que não sair!”; “Há eu somente entrei na última hora! O que posso fazer se não tem livro dos autores?”; “Se a programação tivesse saído antes eu teria os livros dos autores!”.

O caso é que na quinta-feira, dia 26 de outubro de 2023, a jovem Feira do Livro de Foz do Iguaçu entrou em ESTADO DE COMA e agora respira com ajuda de aparelhos. Algo tem que ser feito para que ela consiga sair deste estado, para o bem de todos, de nós todos que amamos os livros e isso passa por envolver toda sociedade, livreiros, público, educação, autoridades e a praça! Sim é urgente que a Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu, retorne para praça pública ao alcance da população!

Waldson de Almeida Dias é servidor público municipal em Foz do Iguaçu.


Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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3 Comentários
  1. Nathalie Diz

    Infelizmente , o baque vai além da simples localização da feira ! Mas ninguém se dispõe em trocar figurinha, os livreiros sequer são escutados. Quanto ao vale livro, apresenta um monte de vícios prático e ideológico que precisava também ser discutido !

  2. Silvana Diz

    Temos em Foz uma secretaria de cultua onde os líderes não estão nem aí para cultura. Parabéns por seu artigo. Fora com esses líderes patéticos.

  3. Lito Diz

    Pertinente sua reflexão. Quem já esteve em outras edições da feira, sabe do potencial que tem esse espaço, mas dessa vez deixou a desejar. A feira ficou escondida no estacionamento, não havia espaço de interação, apenas para circulação e compras, e olhe lá pq não havia editoras. Quanto a distribuição de livros para a educação, há que se estender essa valorização em ações que promovam o gosto pela leitura, não apenas em livros e sim dialogar com as formas de leitura que existem, por exemplo a digital. Na feira do ano passado havia espaço de alimentação, feira com artesãos e exposição de artes visuais. Onde foi parar esse layout de Feira? Em vez de galgar espaços a Feira foi retraída, escondida.

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