Conforme reportagem publicada no H2FOZ, quase metade da população de Foz do Iguaçu reside em vias sem bueiros e bocas de lobo. Os dados são da pesquisa Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios, baseada no Censo 2022. Esses são dispositivos essenciais para a infraestrutura urbana, desempenhando funções como a drenagem das águas pluviais e a prevenção de enchentes.
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Em resposta ao portal de notícias, a Prefeitura de Foz informa que atua em duas frentes: elabora um manual para que os futuros empreendimentos instalados na cidade o sigam como ação preventiva e mapeia a drenagem para identificar pontos que exigem maior atenção e intervenção prioritária como medida corretiva.
Entretanto, enquanto essas ações não saem do papel, chuvas intensas são sinônimo de preocupação para moradores de diversos pontos da cidade. É o caso da região do Jardim São Luiz, onde a comunidade continua sofrendo com transtornos e prejuízos.
Na reportagem publicada em abril, o jornalista Paulo Bogler apurou que as galerias pluviais não têm dado conta e que as águas das chuvas têm inundado as ruas e invadido moradias e estabelecimentos, principalmente nas proximidades do Supermercado do Polaco e do Lago da Conquista. Segundo Bogler, as áreas mais afetadas costumam ser as ruas Humberto José dos Santos, Bélgica, Noruega, Grécia e Egito.
Situação segue igual
De lá para cá, nada mudou. Na terça-feira (27), a presidente do bairro, Elisiane Lucia Harms, informou que ninguém avançou na solução do problema. “Inclusive, perguntei para a Secretaria de Obras há poucos dias, e o setor ainda aguarda a abertura do processo de licitação”, relata. “Com a previsão de temporal, todos ficamos apreensivos”, complementa.
Elisiane explica que, na maioria das ruas, os bueiros até existem, mas estão condenados. “Eles foram instalados na época da fundação do loteamento e hoje não comportam a quantidade de água. Além disso, ao longo dos anos, o entorno cresceu e, como estamos numa baixada, a água vem para cá. Estão todos entupidos de terra e outros materiais.”
De acordo com a direção da associação comunitária, já se passaram quase oito anos desde o início de algumas intervenções no local, ainda sem conclusão. “Com a previsão de temporal, todos ficamos apreensivos”, reforça Elisiane.
A placa instalada no lago da comunidade já representa o descaso e a inoperância. A gestão anterior, do ex-prefeito Chico Brasileiro (PSD), deveria ter iniciado a terceira fase das obras de drenagem no São Luiz em setembro de 2024, com previsão de entrega em um ano, ao custo de R$ 4,2 milhões. A única realização foi a colocação da placa.
Outra moradora revela que, quando chove forte, a água chega a transbordar do vaso sanitário do banheiro de sua casa. “Isso acontece mesmo depois de o encanamento ter sido ajustado várias vezes.”
Enchentes e dengue
Com o problema dos alagamentos, surge outro tão grave quanto, e de saúde pública: os casos de dengue. A água empoçada serve como criadouro perfeito para o mosquito Aedes aegypti, responsável também pela transmissão de outras doenças, como zika e febre chikungunya.
Uma das moradoras menciona que viu os médicos internarem a mãe dela pela segunda vez com dengue tipo C (hemorrágica) em um intervalo de três meses.
“Essas questões do bairro já estão beirando o absurdo. Isso tem que acabar, e quem for responsável por essas negligências terá que ser responsabilizado. Sejam órgãos públicos ou os próprios residentes”, reclama Alain Goulart, outro morador.
Além disso, o sentimento coletivo é de descaso com o bairro. “Com sol, uma poeira infernal. Com chuva, alagamentos. Buracos em todas as ruas. E todos os vereadores, que deveriam ser fiscalizadores, jogando os problemas para debaixo do tapete”, lamenta.
Isso que dá governos municipais liberarem loteamentos a torto e a direito, sem as devidas obras de infraestrutura. Hoje, felizmente, as exigências para liberação aumentaram bastante. Agora cabe ao administrador municipal resolver essa bomba herdada de gestões anteriores (assim espera-se).
Nós moradores desta região, estamos esgotados de tanta negligência!
Essa obra de drenagem é fundamental, para colocar nossos loteamentos em condições mínimas de viver!
Não podemos mais continuar sendo ignorados, e largados a própria sorte só lembrados em época de campanha !