Árvore não é lixeira

Mesmo sendo essenciais para a qualidade de vida nas cidades, as árvores urbanas não recebem o cuidado merecido

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Aida Franco de Lima – OPINIÃO

O modo como as árvores urbanas são tratadas reflete muito de nossa sociedade. Repare nas grandes cidades, praticamente não há espaço para elas! São vastos lugares tomados por letreiros, luminosos e tudo o que for possível para cansar nossas vistas, e as árvores quase não conseguem sobreviver.

Além de não haver lugar para elas, muitas vezes não resistem à poluição, vandalismo e à completa impermeabilização solo.

Já escrevi muito sobre as árvores e o muito será pouco. Porque a destruição é diária, seja lá na Amazônia ou na selva de pedras. Repare na sua rua, seguramente há menos árvores agora, em tempos que a sustentabilidade é tão falada, que em outras épocas. O ritmo para plantar e crescer, é muitíssimo menor que para derrubar!

Não vejo com tanta eficiência caminhões que plantam, transplantam ou regam árvores. Também desconheço a existência de equipes que tratam das árvores. O que vejo são máquinas e equipamentos cada vez mais sofisticados, eliminando-as. São profissionais da área assinando laudos que liberam o corte, ‘por risco de acidentes’.

Tudo é causa para eliminar as árvores, sendo que tais justificativas normalmente são menos importantes que os motivos para as termos por perto!

Presta atenção na sua rua, árvore serve para tudo. Inclusive como lixeiras. As pessoas pregam nas árvores, penduram sacolas, concretam tudo a seu redor. Isso quando não inventam de fazer muretas no entorno, o que dificulta que a água da chuva que escorre pela calçada chegue até o caule. Um prego na árvore é um caminho para os fungos, doenças que vão comprometer sua longevidade.

Os gestores que assumem os municípios a cada quatro anos precisavam estudar um pouco sobre urbanismo, sustentabilidade, código de postura. Para que estivessem mais atentos ao cotidiano urbano e pudessem criar medidas para evitar tantas trapalhadas.

E as frutíferas então? Não compreendo como é que há equipes especializadas para recolher lixo da balada e ninguém manda cortar cabeça de ninguém. Mas quando o pé de manga, o pé de jaca, abacate ou acerola nos brindam com frutos, reclamam que suja muito. Que tem que cortar !Porque atrai moscas. E por qual motivo não acionam equipes de limpeza para que nesses períodos possam otimizar a varrição?

Se o cidadão trata as árvores de modo tão impróprio, o exemplo que deveria vir de cima, da administração pública, não chega. Porque há moradores preocupados sim com a preservação da arborização urbana, enquanto esta é devorada pelas motosserras. E mesmo quando inventa-se usar uma área verde para construir algum imóvel que poderia ser em qualquer outro lugar.

As coisas não estão fáceis pra ninguém, mas cabe a cada um fazer sua parte, usar o seu conhecimento, a sua sensibilidade rumo às mudanças necessárias. Cobre medidas da prefeitura, da Câmara. Entre em contato com a Secretaria de Meio Ambiente. Vá nas redes sociais desses órgãos e aponte os problemas e possíveis soluções.

As árvores precisam ser tratadas como nossos tesouros e não como empecilhos. São seres que lutam a seu modo pela sobrevivência e precisamos delas muito mais que elas de nós. Muito ajuda quem não as atrapalham!

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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