Quando as fachadas comerciais engolem as árvores

Lugares sombreados em zonas urbanas são cada vez mais raros

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Por AIDA FRANCO LIMA | OPINIÃO

Toda cidade tem seu Código de Postura, tem suas regras. Normalmente está escrito que as árvores são bens coletivos, protegidas por lei, que quaisquer interferências nas mesmas, elas devem ser analisadas com rigor. Mas na prática, não é bem isso o que acontece. Basta olhar a para os estabelecimentos comerciais.

Há uma competição inglória entre as placas, luminosos e vitrines que ganham a preferência, em detrimento das árvores. É muito raro que durante a construção ou reforma de um estabelecimento, as árvores sejam poupadas. As justificativas são sempre as mesmas. As raízes estão erguendo a calçada; as folhas entopem a calha; os galhos atrapalham os tapumes; a árvore está doente; ela é velha; quero plantar uma outra. E por aí segue o rol de argumentos.

Assim, enquanto erguem imóveis, derrubam-se árvores que estavam ali desde quando tudo era mato. Todos os motivos citados podem até ter o fundo de razão, mas o motivo normalmente é raso. É que as galhadas das árvores, chamam mais a atenção que as placas. Elas, as placas, precisam estar em evidência. É a lei do mercado. A grama do vizinho não pode ser a mais vistosa. Ou melhor, a placa.

Observem ao redor. Onde era lugar de uma árvore, nasceu um totem publicitário, um painel vertical, uma mesa de bar, uma floreira, uma vaga para carro ou tão somente mais um pedaço de concreto. E esse é um problema que atinge a todos nós. Porque nossas cidades estão cada vez mais poluídas de publicidade, fios, luzes, postes, placas. Enquanto que o verde das árvores vai ficando cinza. E tudo mais quente!

Espera-se que uma fachada atraia a atenção do motorista, para quando ele estacionar, seja estimulado a entrar no estabelecimento. Mas o motorista está com o olhar mais abaixo que as placas nas alturas. Seria muito mais inteligente preservar as árvores, que tantos benefícios proporcionam, e investir também nas fachadas verticais.

Precisamos que os designers, arquitetos e outros profissionais da área criem novos projetos, que joguem por terra esse conceito de que um imóvel tenha seu nome, unicamente, no topo, competindo com as árvores. As árvores podem ser um legítimo marketing verde para o estabelecimento, basta valorizá-las.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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2 Comentários
  1. Arq revoltado Diz

    A maioria dos arquitetos de foz são preguiçosos e preferem fazer uma caixa sem graça e derrubar as árvores pra mostrar a arquitetura tosca criada por eles

  2. Renault Diz

    Mas todo querem uma sobra p entrar de baixo.

Comentários estão fechados.