Aroeiras: nem praça e nem escola

Se houvesse bom senso, a luta da comunidade teria sido para construir a escola e preservar a praça.

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Aida Franco de Lima – OPINIÃO

A matéria assinada pela jornalista Denise Paro, cujo título é Construtora abandona obra e Praça das Aroeiras fica sem escola narra a situação atual da Praça das Aroeiras, e reflete um tapa de luva de pelica do próprio universo. É uma lapada à parte na sociedade engajada pela destruição de uma área verde, em torno da pressa em arrumar lugar para a Escola Municipal Professora Lúcia Marlene Pena Nieradka, que funciona há mais de 20 anos embaixo das arquibancadas do estádio de futebol Pedro Basso.

Como dizem por aí, o mundo não dá voltas, ele capota. Enquanto que um grupo de moradores tentou de todos os modos preservar a biodiversidade da praça, de outro lado, os órgãos públicos que deveriam proteger o espaço, abençoaram o processo de desmatamento do local que era todo arborizado. De outro modo, um grupo de pessoas, que lembra os adeptos do lema que a natureza não pode ser empecilho ao progresso, levantou cartazes e bandeiras em nome da derrubada das árvores. Disseram amém à ausência de no mínimo 35 árvores, entre cortadas e transplantadas.

E enquanto a justiça a passos lentos demora para dar uma respostas final aos recursos impetrados durante a disputa judicial, lá se foi uma licitação e a contratação da empreiteira que derrubasse logo as árvores, colocasse tapume no entorno da praça e um ponto final neste (contém ironia) ‘lenga-lenga’ de ambientalista desocupado.

Agora, o próprio Município está prestes a romper o contrato com a empresa vencedora da licitação, por conta da morosidade do processo. Se não o fizer, corre o risco de a obra sair a passos mais lentos. Se romper, outra licitação só para daqui três ou quatro meses. Estamos em ano eleitoral, a coisa só fica mais enrolada! A pressa é mesmo inimiga da perfeição.

Escrevi inúmeras vezes sobre a importância da escola e da praça, que uma não compete com a outra, mas se somam. Porém, uma história mal contada e compartilhada muitas vezes, acaba parecendo real. Como se não fosse possível construir a escola em qualquer lugar que não dentro da praça.

É bastante assustador que no ano de 2023 pessoas que dizem se importar com o aspecto educacional, não consigam assimilar a importância das pequenas áreas verdes urbanas. E deste modo, compram um discurso pronto. O discurso de que meio ambiente e progresso se chocam e não dialogam, e vence aquele que tiver mais bala na agulha.

Não bastasse a escola nem ter saído da planta nestes quatro meses em que a Praça das Aroeiras foi devastada, é importante que as autoridades públicas comprovem que as árvores transplantadas realmente tenham sobrevivido. Do mesmo modo, a comunidade também precisa estar informada sobre as dez mudas nativas que deviam ter sido plantadas no máximo em 90 dias, para cada árvore que foi cortada. Ou suprimida, como preferem dizer para causar menos emoção.

Transcorrido esse tempo, deveríamos ter uma outra área com, no mínimo 200 mudas nativas em desenvolvimento, como preconiza a Autorização de Exploração – Corte de Árvore Isolada nº 2041.4.2023.19938. Como está, hoje, este plantio?

Para quem realmente conhecia o local, sabia que havia uma quantidade significativa de árvores que hoje não existem mais lá. Araucárias, por exemplo, eram em torno de 14, mas restaram apenas duas. Mas quem se importa?

Se fosse início do mês passado, falar sobre esse tema, poderia gerar uma boa mentirinha de primeiro de abril. Ou então, aquele bordão de uma propaganda antiga de tv. Tem praça que prometeram não impactar? Tem escola que prometeram construir? Tem mais acabou! Na verdade, nem iniciou. O que começou, como sempre, é a destruição rápida da natureza, que leva anos para se recuperar, se acaso isso der tempo de acontecer.

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