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Foz sendo Foz: cliente é constrangida por alimentar cães na calçada de restaurante

Cliente foi maltratada por pagar e alimentar cães que buscavam comida.

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Foz sendo Foz: cliente é constrangida por alimentar cães na calçada de restaurante
Cliente é repreendida por pagar alimento a animais. Foto: Divulgação

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Recentemente, Foz do Iguaçu ficou conhecida nacionalmente por conta do caso do vizinho que se achava dono da rua, que maltratava e matava animais e que transformou a vida de uma veterinária em um caos. O caso foi parcialmente resolvido quando a população se reuniu em frente à residência para dar um recado bem dado ao dito-cujo. E da noite para o dia, literalmente, José Vicente Tezza saiu da sua casa, com paradeiro não divulgado.

Mas parece que o episódio não significou muita coisa para um comerciante local. Inconformado com os animais que são atraídos pelo cheiro dos seus assados, o homem implicou com uma cliente. Sim, venha comigo que no caminho eu explico.

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Era o primeiro dia do mês de junho quando uma cliente resolveu ir até um restaurante na região leste e pediu atendimento para duas pessoas. Ela ficou sentada na parte externa, onde já havia várias mesas ocupadas. E ao redor, dois cachorrinhos atraídos pelo faro aguçado.

Sem problema algum em demonstrar que não gosta de animais, o dono do estabelecimento dividia seu tempo entre atender os clientes e espantar os cães. E eles sem constrangimento algum em aceitar os agrados dos clientes.

“Enfim, meu prato chegou, e eu dei uma pontinha da carne a eles também, mas pensei: ‘Não quero ser chamada atenção, eu gosto de bicho, mas não posso obrigar a todos terem empatia com a causa. Como eu não vou conseguir comer se eu não alimentá-los primeiro, eu vou pedir separadamente um pedaço de carne no quilo, vou dar a eles e vou comer sossegada.’ Assim eu fiz! Levantei, e pedi dois pedacinhos da carne separadamente, para que eu pagasse a mais e pudesse dar a eles”, narrou.

Pronto, começou a confusão. O homem que estava na bancada, esquecendo que estava lidando com cliente, quis saber a que se destinava a carne. A cliente respondeu: “Vou dar aos cachorros, quero comprar separado para que não haja problema.”

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Descontrolado, passou a gritar com a cliente em meio a todos os demais, dizendo que não. Que os cachorros não iriam sair dali e que os outros clientes iriam incomodar-se. “Eu tentando explicar a ele que os cachorros já estavam ali desde antes de eu chegar, que só queria colocar carne a eles, para eles não pedirem mais e não atrapalhar as outras pessoas. Ele não me escutava, só gritava! Começou a falar que a Vigilância Sanitária ia multá-lo e eu que era a culpada”, relembrou a ex-cliente.

Importante destacar que os cães não estavam em sua loja, e sim no espaço público, que — como o próprio nome já diz — pertence também aos animais.

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“Eu tentava explicar, mas ele falou tantas palavras de ódio para esses animais, me tratou supermal diante de todo mundo. Eu perguntei a ele o porquê dele estar gritando comigo. E ele falou que era o tom de voz dele.”

Ah tá, agora todo mundo se agarra aos italianos para justificar grosseria? Àquela altura, não havia mais nenhuma possibilidade de diálogo, parecia uma Torre de Babel. A cliente explicava, e ele apenas retrucava.

O desabafo da mulher serve de alerta, porque os tempos, finalmente, estão mudando. É inadmissível tratar alguém assim, e quando esse alguém era (verbo no passado) cliente, só piora.

Enquanto os comércios se adaptam para receber animais, outros ainda parecem viver com pensamento na carrocinha. Claro, o comerciante não é obrigado a gostar de animais, porém se há algo invadindo as calçadas são suas mesas. Dificilmente, a Vigilância Sanitária vai imputar-lhe penalidades por conta dos animais que estão do lado externo, isso é história pra boi dormir.

  • Quando a pessoa quer buscar uma saída, ela encontra. Os animais poderiam ser inclusive mascotes do lugar, e os clientes que quisessem agradá-los, incentivados a alimentá-los em algum ponto específico, destinar uma área “pet friendly” ou seja, livre para animais. Ou poderiam ser alimentados previamente com os excedentes e não ficariam perambulando em busca de comida, talvez só de afeto. Mas afeto do lado de fora, pois, para dentro, essa palavra alguns desconhecem.

Poderia, ainda, haver uma campanha para adotá-los. É claro que uma pessoa que não trata bem nem quem está gerando lucro não vai preocupar-se com vira-latas. Bem gordinhos, por sinal, o que significa que mais clientes se comovem com seus olhinhos pedindo comida.

A cliente foi muito paciente. Outra pessoa em seu lugar teria gravado tudo, exposto nas redes sociais e, de quebra, aberto um processo.

Aprender com o erro é uma dádiva, persistir na mesma situação é estupidez. Detalhe é que a pessoa gastou R$ 212,89, e somente a taxa de serviço foi R$ 20,07, chegando a um total de R$ 232,96. Independentemente do valor que ali foi investido, o fato é que o prato se tornou pra lá de indigesto.

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Aida Franco de Lima

Aida Franco de Lima é jornalista, professora e escritora. Dra. em Comunicação e Semiótica, especialista em Meio Ambiente.