Argentina quer cobrar seguro de saúde de turistas que entram no país

Medida, que pode ter impacto na fronteira, faz parte das novas políticas migratórias anunciadas pelo governo de Javier Milei.

O governo da Argentina anunciou, nessa quarta-feira (14), que publicará em Diário Oficial um decreto alterando as políticas migratórias do país. O texto, cuja íntegra ainda não está disponível, deverá incluir exigência de seguro de saúde para turistas estrangeiros.

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Manuel Adorni, porta-voz da Casa Rosada, fez o anúncio em pronunciamento sem direito a perguntas da imprensa. Na sequência, o gabinete do presidente Javier Milei emitiu um comunicado reforçando os pontos enumerados por Adorni.

A “reforma migratória” desenhada pelo atual governo da Argentina pretende, por exemplo, proibir a entrada de estrangeiros com condenação na Justiça. Não está claro, contudo, de que forma ocorreria essa verificação.

Outro ponto abordado está relacionado à autorização para que as universidades públicas cobrem mensalidades dos estudantes estrangeiros.

Devido ao regime de autonomia universitária, a decisão estará a cargo de cada instituição. A Argentina recebe, atualmente, grande quantidade de universitários de outros países, como brasileiros que procuram cursos como Medicina.

Seguro de saúde na Argentina

Já em relação à saúde, o anúncio do governo cita que estrangeiros terão de pagar pelo atendimento na rede pública. No momento da entrada no país, via aeroportos, portos ou postos terrestres, a Argentina poderá exigir que o viajante tenha um seguro de saúde.

Mais uma vez, não está claro se em cidades-gêmeas de fronteira, como na travessia entre Puerto Iguazú e Foz do Iguaçu, haverá a exigência desse seguro.

A dúvida ocorre em razão do regime de Tráfego Vecinal Fronteiriço (TVF), que deveria, pelo menos em tese, facilitar os deslocamentos entre Brasil e Argentina.

Além disso, há um grande número de turistas que estão em Foz do Iguaçu e decidem apenas fazer passeios de algumas horas em Puerto Iguazú. Nesses casos, a cobrança de seguro de saúde poderia inviabilizar a travessia dos viajantes.

No entender do governo de Javier Milei, estrangeiros residentes em vizinhos como Paraguai e Bolívia praticam o chamado turismo de saúde, entrando na Argentina como turistas para procurar atendimento nas clínicas e hospitais da rede pública.

(Nota da redação: tal situação acontece em outros pontos da fronteira, em províncias como Corrientes, Formosa, Jujuy e Salta)

O que diz o comunicado do governo?

Devido aos possíveis impactos no turismo da fronteira, o H2FOZ separou alguns dos trechos do comunicado emitido pelo governo da Argentina.

[…] a partir de agora, nenhum estrangeiro condenado poderá entrar no país, e quem cometer algum crime em nosso território, independentemente da pena, será deportado. Isso significa que infrações com penas inferiores a cinco anos, que não foram motivo para recusa de entrada ou deportação, agora serão levadas em conta.”

Além disso, residentes temporários, transitórios e irregulares estarão obrigados a pagar por serviços de saúde e também a ter seguro de saúde ao entrar na Argentina.”

Vale lembrar que o texto do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) do governo da Argentina ainda não está disponível. Ademais, a medida poderá receber veto total ou parcial durante a tramitação pelo Congresso do país.

Para ler a íntegra do comunicado do governo da Argentina, em espanhol, clique aqui.

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