Santa, balão e teleférico: propostas reativam desejo de fazer da Ilha Acaray destino turístico

Secretaria de Turismo de Foz mantém diálogo com governo federal; ambientalistas são contra qualquer intervenção no local.

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Situada em uma área privilegiada na fronteira aquática entre Brasil e Paraguai, a Ilha Acaray voltou à cena recentemente com propostas de utilização turística. Está sendo cogitada a instalação de um teleférico, de uma santa gigante, de um balão e até de cassinos para fazer do lugar mais um atrativo da região trinacional.

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A proposta está em estudo na Secretaria de Turismo e Projetos Estratégicos de Foz do Iguaçu. O secretário André Alliana diz que atualmente a fase é de diálogo com a sociedade. A conversa chegou à Cúria Diocesana, setor hoteleiro e investidores que operam em Dubai. Apesar da disposição, o Coletivo Ambiental, que reúne ambientalistas da cidade, já se posicionou contra qualquer intervenção na ilha.  

A Cúria Diocesana, da Igreja Católica, manifestou interesse em instalar uma estátua gigante de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira das Américas, na ilha. A estátua teria 33 metros de altura (33 em alusão à idade de Cristo). Um grupo de hoteleiros cogita fazer construções no local, futuramente, como cassinos.

Ilha Acaray tem origem em erupções vulcânicas. Foto: Marcos Labanca/H2Foz

Já os investidores de Dubai pensam em colocar na ilha um balão cativo (fixo) que levanta e sobe, possibilitando aos turistas ter uma vista da região em 360 graus. A ilha seria um dos locais em vista para o empreendimento. Para isso, é necessária uma base para ancoragem, subida e descida, o que geraria menos impacto ambiental.  

O secretário explica que a intenção é trabalhar apenas 5% da área da ilha. “Eu, que sou da área ambiental, entendo que não é possível fazer um projeto que não seja sustentável”, afirma. De acordo com ele, a ideia é de que os recursos arrecadados com o turismo na ilha financiem outras unidades de conservação do município que não tenham fonte de financiamento atualmente.

A retomada das propostas para exploração turística da Ilha de Acaray surgiu a partir de uma visita de Alliana à Superintendência do Patrimônio da União (SPU), em Brasília, para tratar da expansão do Marco das Três Fronteiras. O assunto da ilha veio à tona e, segundo o secretário, a SPU mostrou interesse em fazer algo no local.

A ideia de explorar turisticamente a ilha já era ventilada no ano 2000, na gestão do ex-prefeito Harry Daijó. Na ocasião, planejava-se fazer um teleférico com trajeto de dois quilômetros ligando Ciudad del Este a Foz do Iguaçu, a uma altura de 50 metros, além da estátua gigante de Nossa Senhora de Guadalupe.

Segundo o jornalista e ambientalista Jackson Lima, nos anos 1990, o ex-vereador Mohamad Barakat propôs que a ilha fosse interligada com pontes ao comércio de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, em uma construção semelhante ao reino de Mônaco ou a uma mini Dubai.

Presidente do Conselho de Meio Ambiente (Comafi), Jorge Pegoraro informa que o tema será debatido na próxima reunião do órgão, marcada para dia 13 de setembro.

Em carta, Coletivo Ambiental rechaça proposta

Em carta entregue ao secretário de Turismo André Alliana e assinada por dez entidades, o Coletivo Ambiental mostrou preocupação com o projeto de exploração da Ilha Acaray. No documento, o grupo destaca que o local “é uma porção territorial de flora nativa remanescente da Mata Atlântica, que, por sua vez, é uma das florestas tropicais mais ameaçadas do planeta e segue sendo alvo de desmatamento ilegal com perda anual de milhares de hectares de vegetação”.

A carta ainda ressalta que “qualquer interferência ou intervenção artificial realizada na ilha, como empreendimentos turísticos que nela construam infraestrutura de quaisquer proporções, certamente ocasionará sua descaracterização e impactará de maneira danosa ou lesiva o equilíbrio ecológico da biota existente no local”.

Uma das integrantes do coletivo, Nathalie Husson argumenta que hoje é preciso preservar a natureza e ter o mínimo de intervenção possível. Ela ainda lembra que a área é pequena, de difícil acesso em uma barranca de rio profunda. “Nossa leitura sempre será pautada pela crise socioambiental em curso, da queda da biodiversidade, do aquecimento global e a pressão sobre os recursos naturais. A sociedade precisa racionalizar os recursos e acabar de inventar coisa para destruir mais ainda a natureza”, pontua.

De origem vulcânica, a Ilha Acaray tem 313 mil m². Fica a 250 metros da Ponte da Amizade e pertence ao governo brasileiro por estar antes do canal do Rio Paraná. A Marinha, detentora da ilha, chegou a colocá-la à venda, porém não apareceram interessados.

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3 Comentários
  1. NADIA SILVA Diz

    Olá, não entendo porque as pessoas ainda querem desmatar, destruir a nossa Mata Atlântica e tantos outros pedaços de terra e florestas. Acho que as Ongs, entidades e representantes ambientais devem fazer abaixo assinados, reuniões, junto à sociedade para que NÃO SEJAM APROVADOS ESTES PROJETOS. Já não bastam os desmatamentos na Amazônia, no Planalto Central ou até mesmo aqui no Paraná ?
    Quando passamos nas estradas, principalmente BR277, de Curitiba a Foz do Iguaçu o que se nota é somente campos, plantações, não vemos mais árvores. Então sou CONTRA a destruição da natureza, porque construir teleféricos, colocar santa gigante ou pontes para ligações comerciais.
    Não tem necessidade, podem reformar, modernizar a Ponte da Amizade, melhorar o trânsito que é um caos.

  2. […] a matéria completa no portal H2Foz, parceiro do […]

  3. José Luiz Pereira Diz

    Me admirao ” secretário de turismo que se diz ambientalista querer destruír a ilha é não venha me dizer que na causa impaco causa é causa muito deixem a ilha em paz turma do Chico motoserra

Comentários estão fechados.