Mercosul e União Europeia assinaram, na última sexta-feira (6), no Uruguai, um acordo de livre comércio entre os blocos, após duas décadas de negociações. A entrada em vigor não será imediata, dependendo ainda de trâmites regionais e nacionais.
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A notícia, contudo, é vista como positiva por vários setores da economia do Oeste do Paraná, em especial, do agronegócio. Afinal, a venda de produtos agrícolas e de carnes de aves, suínos e peixes, poderá ter grande impulso sob as novas condições.
Mais do que isso, a concretização da parceria com a União Europeia lança um olhar sobre o modelo de integração em nosso próprio continente.
Recentemente, o Mercosul ganhou a adesão de um quinto sócio, a Bolívia. Os problemas de sempre, porém, continuam. Não raramente, Argentina, Brasil, Paraguai e/ou Uruguai, cada qual à sua maneira, costumam criar empecilhos à real integração.
Um morador de Foz do Iguaçu, ao visitar a Europa e cruzar fronteiras internas da União Europeia (entre Portugal e Espanha, por exemplo), nota na hora a ausência de aduanas e a facilidade de circulação de pessoas e mercadorias.
Obviamente, estamos falando de realidades diferentes, de fronteiras entre países com outros perfis. Qualquer comparação, nesse sentido, será falha.
As longas filas migratórias na Ponte Tancredo Neves ou a demora de dias e mais dias para a travessia de caminhões entre Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto Iguazú, no entanto, dão uma ideia do quanto nossa integração está atrasada no Mercosul.
Mercosul e as rotas de integração
No final de novembro, o governo brasileiro publicou o relatório 2024 do projeto Rotas de Integração Sul-Americana, que insere a região de Foz do Iguaçu na Rota Bioceânica de Capricórnio.
A intenção manifestada no documento é a de avançar com o processo de conexão entre os países do continente, o que não combina, diga-se de passagem, com propostas como a de implantar pedágio nas pontes internacionais.
Uma região como a nossa, por suas características geográficas, econômicas e sociais, precisa receber atenção prioritária de Brasil, Paraguai e Argentina, e funcionar, por que não, como um laboratório para a integração entre os fundadores do Mercosul.
A inação do passado e do presente nos condena, mas nada impede que, com vontade política de um, de dois ou dos três países, possamos solucionar as barreiras do dia a dia e avançar rumo a um futuro realmente integrado no Mercosul.
E se tem algo que o H2FOZ acredita, é que “a união faz a força”. Juntos, podemos mais.
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Guilherme Wojciechowski é colaborador do H2FOZ e redige, aos domingos, a edição semanal da Carta ao Leitor.
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