Briga de Chico e Francisco é vergonha para Foz do Iguaçu no crédito ou no débito?

Disputa pelo cargo de prefeito parou nos tribunais, como se a cidade não tivesse problemas maiores para resolver; agenda na China passou sem ser discutida.

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Não há vedação à divergência entre agentes públicos. Pelo contrário, a disputa de ideias, que opõe projetos, visões de mundo e posições políticas ou ideológicas ajuda a bombar oxigênio para a democracia, a qual já respira com um sopro de ar, beirando necessitar de ventilação por aparelhos, por causa da pressão da força do dinheiro e de ataques repetidos.

Mas, exige-se, sim, civilidade. Que os ocupantes dos espaços de decisão sejam educados para os ritos democráticos, aliando a obediência ao que é legal e comprometimento com a etiqueta da institucionalidade. A briga entre Chico Brasileiro e Francisco Sampaio, prefeito e vice de Foz do Iguaçu, rasga as regras das boas maneiras e virtudes públicas.

Chico fez comédia com os vereadores, que leram em sessão seu comunicado de afastamento do cargo para viagem à China, exigência legal, formalizando que entregaria as chaves da cidade para Francisco. Logo depois, no entanto, em nova mensagem, revogou a transmissão temporária do cargo, mantendo-se na função, ainda que distante 17 mil quilômetros.

A disputa chegou aos tribunais, como se a cidade não tive problemas mais importantes para resolver, em que juiz precisou decidir e, ele próprio, empossar Francisco Sampaio na cadeira do Palácio das Cataratas. A advocacia do vice-prefeito taxou os movimentos da gestão como “manobra” para retardar o cumprimento da ordem da Justiça.

Tem razão Chico Brasileiro ao dizer que a lei o desobriga de passar o cargo. Tem razão Francisco Sampaio ao citar a longa distância do município que o titular da pasta permanecerá por dias, e que em outros momentos houve a interinidade. Desgaste que enfeia a imagem institucional de Foz do Iguaçu, e custa, poderia ser evitado com educação e bom senso.

O mais importante seria saber qual é a agenda a favor dos interesses dos iguaçuenses que Chico Brasileiro irá cumprir do outro lado do mundo. Difundir o turismo é vago, tal qual o informado que trata-se de presença em fórum para se partilhar “ideias sobre o desenvolvimento civilizacional, bem como o diálogo e a aprendizagem mútua de culturas.”

Quando foi a Dubai, em 2021, prefeito disse ter feitos importantes tratativas para tornar a cidade em hub aéreo. Incluiu na lista contato com a gigante Emirates Airlines para Foz do Iguaçu entrar na rota da companhia, que viaja por mais de 60 países. O que tornou-se realidade até o momento?

Da ida à Colômbia, no começo do ano, contou ter voltado com experiências que conheceu sobre o transporte público e mobilidade urbana. Resta o plano – e o prazo – para a efetivação do aprendizado no município que possui serviço de ônibus caro e deficitário, e sequer Plano de Mobilidade Urbana de Foz do Iguaçu atualizado e em execução possui.

As redes sociais popularizaram a expressão “vergonha alheia”, prática que degrada cometida por terceiros. O opróbio entre Chico e Francisco, por não ser de foro privado, faz Foz do Iguaçu ficar feia na foto. Resta perguntar, como é comum entre a população, se a vergonha é no crédito ou no débito?

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