Para atuar no Brasil, estudantes de medicina no Paraguai tentam Revalida ou transferência  

Fluxo de brasileiros que procuram faculdades no país vizinho se mantém em alta. Alguns conseguem aprovação no Revalida e atuam deste lado da fronteira.

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Passar no exame Revalida ou transferir o curso para uma faculdade brasileira está entre os objetivos da maioria dos estudantes que cursam Medicina no Paraguai. Apesar dos desafios não serem fáceis, conseguir o diploma no país vizinho ainda vale a pena para quem não tem condições de bancar uma instituição privada no Brasil, cujas mensalidades variam de R$ 8 mil a R$ 10 mil ao mês.

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Com a formação das primeiras turmas de Medicina no Paraguai desde que o país começou a receber estudantes brasileiros em massa, já há casos de alunos aprovados no Revalida – Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira. A prova é aplicada pelo INEP e prevê testes teóricos e práticos.

Felipe Mendonça, 36 anos, é um exemplo. Graduado pela Universidade Privada del Este (UPE), de Ciudad del Este, ele foi aprovado no exame e hoje atua no Brasil. O médico concluiu o curso no Paraguai em 2021 e após 1,5 ano de muito estudo conseguiu a revalidação do diploma, o que considera um processo tenso. “É um exame difícil, porém não é impossível. Se as pessoas se esforçarem, elas conseguem.”

Felipe estudou 1,5 ano para passar no Revalida. Foto/Arquivo Pessoal

Felipe atuava como dentista no Brasil e, antes de cursar Medicina no Paraguai, tentou estudar na Bolívia, mas não se adaptou. Como tinha amigos que estudavam no Paraguai e iria morar na fronteira com o Brasil, ele decidiu ir e se sentiu bem acolhido.

No período em que estudou no Paraguai, segundo Felipe, a qualidade de ensino foi boa. Ele estava em uma turma muito competitiva, que potencializou os estudos. Estágios no Paraguai contribuíram bastante para a formação, conta.   

Atualmente Felipe mora e trabalha no município de Registro (SP). Ele atua na atenção primária, medicina preventiva e longevidade. Fez cursos de modulação hormonal e nutrição funcional, e começou a fazer uma especialidade de endocrinologia em São Paulo. 

Brasileira conseguiu transferência para a Unila

A transferência de alunos das universidades paraguaias para as brasileiras não é um procedimento simples. A concorrência é grande nas públicas e na rede privada, pois não são todas as instituições que aceitam alunos vindos de faculdades do Paraguai.

Com muita persistência e dedicação, a estudante Camila Oliveira, 28 anos, conseguiu algo considerado difícil hoje: transferir-se para uma instituição pública.

Camila hoje faz estágio na rede pública de Foz do Iguaçu

Nascida na pequena cidade mineira de Coromandel, Camila revela que desde criança sonhava em cursar Medicina. Após tentar várias vezes ingressar em uma universidade pública no Brasil, e passar por problemas de ansiedade, em 2018 decidiu estudar no Paraguai, onde o valor da mensalidade cabia no bolso.

Com foco no curso, ela foi morar em Ciudad del Este e ingressou na UPE, em Presidente Franco. Foram quatro anos de muita dedicação até que surgiu uma oportunidade, e Camila conseguiu transferir o curso para a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

O esforço e o empenho valeram a pena. “Eu tive sorte que no processo de equivalência externa que participei a avaliação era por meio da nota do ENEM e também pelo índice acadêmico, e isso me deixou com uma média boa, pois desde o início da faculdade eu me empenhei muito e meu histórico tinha só notas altas”, destaca.

Camila diz que com a transferência ela acabou atrasando em três anos a formatura, entretanto a decisão foi válida. Hoje faz estágio na rede pública de Foz do Iguaçu – unidades básicas de saúde, pronto-atendimento e Hospital Municipal.

O tempo vivido no Paraguai, conforme Camila, valeu muito a pena. “Os anos que estudei no Paraguai foram de muito crescimento, eu aprendi muito como acadêmica, estudava todo dia, e muito. Construí uma base teórica muito boa lá e amadureci muito. Além disso, fiz amizades que vou levar para o resto da vida”, ressalta.

Fluxo de brasileiros às instituições ainda é alto

Presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), Luciano Stremel Barros informa que o fluxo de estudantes brasileiros para o Paraguai ainda continua alto. A estimativa é que haja de 40 mil a 45 mil brasileiros cursando Medicina em Ciudad del Este, Pedro Juan Caballero e uma pequena parte em Assunção.

O impacto da vinda deles para a região de fronteira é positivo, avalia. “Você aquece o mercado, comércio, vestuário, aluguéis de um lado e do outro.” Até mesmo as escolas infantis são impactadas, porque muitos alunos vêm com a família.

Alguns trabalham no próprio Paraguai até conseguirem passar no Revalida.

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