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Educação

Unila: restrição do orçamento às federais afeta universidade em Foz

Reitoria diz que precisou repriorizar programação financeira em prol de atividades essenciais; obra de construção do campus não é atingida.

5 min de leitura
Unila: restrição do orçamento às federais afeta universidade em Foz
Universidade atua para preservar o ensino, a pesquisa e a extensão, bem como contratos – foto: Moisés Bonfim/Unila


Na contramão do que as universidades demandam, a recomposição de recursos devido a cortes em anos anteriores, o governo federal estabeleceu restrição ao orçamento de 2025 das instituições públicas de ensino superior em todo o país. A limitação afeta a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), sediada em Foz do Iguaçu.

Conforme a reitoria, foi preciso repriorizar a programação financeiro-orçamentária para privilegiar atividades essenciais, como as de ensino, pesquisa e extensão, e contratos com mão de obra terceirizada, sob acompanhamento diário. Demais solicitações estão condicionadas à liberação de limites por parte do governo.

“A Unila, desde a aprovação da LOA 2025 [orçamento anual], iniciou acompanhamento do seu orçamento para se adequar ao cenário de restrições financeiro-orçamentárias”, expõe a reitoria.

A retomada da construção do Campus Arandu não é afetada, conforme a Unila. Em vista de que, prossegue a universidade, os recursos para a obra estão no bojo de um convênio com a Itaipu Binacional e o UNOPS, escritório das Nações Unidas, não sendo vinculados ao orçamento federal.

A direção da universidade anota que comunica constantemente as restrições orçamentárias à comunidade universitária. E que atua junto a instituições de representação nacional a fim de “sensibilizar a administração pública para as necessidades e o papel das universidades federais no Brasil”.

A Unila dispõe, em 2025, de R$ 46,8 milhões de orçamento discricionário – desvinculado de obrigatoriedades, como folha de pagamento, e que pode ser usado em custeio e investimento, por exemplo. É esse recurso que sofre restrições com a medida do governo federal, de 30 de abril, que retém valores mensais com a promessa de liberá-los em dezembro.

A reportagem perguntou à universidade se haverá tempo hábil, em dezembro, para empenho e execução do recurso retido – cerca de um terço. “Será necessário uma organização interna de processos de compra e contratos, para que seja possível o uso do recurso”, respondeu a Unila, agregando que vem planejando-se para conseguir usar.

Movimento de professores

A Sesunila, seção sindical do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior-Andes, fará debate sobre o impacto dos cortes e das formas de contê-lo, em assembleia no começo da semana. A entidade diz que está organizando-se com o movimento nacional e resgata que a recomposição do orçamento é um compromisso assumido pelo governo para o fim da greve docente de 2024.

“O que o governo não está cumprindo, respondendo à lógica da austeridade fiscal e refém das pressões do mercado financeiro e das emendas parlamentares”, frisa professora Luiza Damboriarena, que irá assumir a presidência da Sesunila nesta segunda-feira, 26. “Sem o qual universidade não pode cumprir com suas atividades básicas de ensino, pesquisa e extensão.”

A dirigente ainda lembra a importância da universidade federal para o território de Foz do Iguaçu e da região trinacional, com atividades de extensão, pesquisa e formação docente, além da oferta de ensino superior. “Portanto, a defesa do orçamento da universidade pública é uma forma de defesa de investimentos na cidade”, realça Luiza.

Restrição questionada

O Andes – Sindicato Nacional explicita que o Decreto n.º 12.448/2025, recentemente editado pelo governo federal, estabelece o repasse de apenas 1/18 do orçamento por mês (não 1/12). E se compromete a liberar o restante para empenho em dezembro. A entidade calcula que o contingenciamento, com efeito, supera 30%.

“Conforme o decreto, serão realizados 11 repasses mensais até novembro, correspondentes a 61% do total previsto no orçamento anual”, contabiliza. “Os 39% restantes serão liberados no último mês do ano, o que deverá dificultar o empenho total do montante”, complementa o Andes.

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que reúne todas as 69 universidades federais e dois centros federais de educação tecnológica, manifestou “profunda preocupação” com o decreto. E avalia que o orçamento discricionário, encaminhado pelo governo antes dessa restrição, já era insuficiente e ainda sofreu cortes do Congresso.

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) assinaram nota conjunta, endossada por inúmeras entidades, afirmando que a contenção inviabiliza o funcionamento básico das atividades. Contextualiza o documento que 90% da pesquisa científica brasileira é feita nas universidades públicas e que a limitação “também compromete a formação de profissionais altamente qualificados, essenciais para o desenvolvimento econômico, social e tecnológico do país”.

O que disse o governo

O ministro da Educação, Camilo Santana, argumentou, à imprensa, que a pasta destinou mais R$ 52,1 milhões em emendas parlamentares para a educação pública, que eleva para R$ 547,4 milhões em emendas liberadas durante 2025. Mas não abordou o orçamento das universidades especificamente.

O Ministério da Educação alega que a necessidade de manutenção da infraestrutura das universidades federais não é uma pauta que surge neste momento, sendo resultado das decisões governamentais entre 2016 e 2022. Como consequência, aponta, teria se acumulado um passivo para o atual governo federal. E que trabalha com as reitorias para a recomposição do orçamento de 2025 reduzido pelo Congresso.

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2 comentários em “Unila: restrição do orçamento às federais afeta universidade em Foz”

  1. Clajdio

    Kkkk. Quando Bolsonaro fez contingenciamento falaram um monte de merda…agora que lula fez tem justificativas…

  2. Filipe

    FAZUELI! HAHAHAHAHA

Os comentários estão encerrado.